De celebridades a letras de músicas, a tadalafila — conhecida como “viagra do dia seguinte” — vem ganhando destaque no Brasil. Mas, enquanto seu nome vira hit, especialistas de saúde soam o alarme: o uso recreativo da substância, sem prescrição médica, pode ser perigoso. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que o medicamento exige receita e avaliação clínica prévia.
Automedicação com tadalafila preocupa especialistas
O Conselho Federal de Farmácia (CFF) alerta que automedicar-se com tadalafila é arriscado. Seu uso indevido pode provocar efeitos colaterais sérios, especialmente quando combinado com outros medicamentos. Além disso, a venda irregular e a propaganda clandestina da substância são infrações sanitárias sujeitas a multas e punições legais.
Para que serve realmente a tadalafila?
A tadalafila age relaxando os vasos sanguíneos, aumentando o fluxo sanguíneo para regiões específicas do corpo. É indicada para tratar a disfunção erétil, a hiperplasia prostática benigna (HPB) e a hipertensão arterial pulmonar (HAP). No caso da HPB, ajuda a aliviar sintomas urinários em homens, e na HAP, melhora a capacidade respiratória de pacientes.
Apesar disso, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) decidiu não adotar a tadalafila para HAP no sistema público, alegando que ela não mostrou superioridade à sildenafila e tem alto custo por paciente.
Popularidade explode e consumo cresce entre jovens
Segundo a consultoria Close-Up International, a tadalafila foi a terceira substância mais vendida no Brasil em 2024, ficando atrás apenas de losartana e metformina. O boom de vendas foi impulsionado por sua aparição na música “Tadalafila”, de Os Barões da Pisadinha e Alanzim Coreano. Só em 2023, foram 47,2 milhões de caixas vendidas — um salto de 38,9% em relação ao ano anterior.
Essa exposição midiática, no entanto, preocupa especialistas, pois incentiva o uso por jovens saudáveis em busca de desempenho sexual, muitas vezes sem necessidade clínica.
O mito da tadalafila para ganho muscular
Frequentadores de academias também entraram na onda, usando a substância como um suposto “turbocompressor” para o crescimento muscular. A crença é que, ao aumentar o fluxo sanguíneo, ela potencializaria a hipertrofia. No entanto, não há evidência científica que comprove esse efeito.
Médicos alertam que prescrever tadalafila com esse fim é antiético, e seu uso fora da indicação médica pode provocar efeitos colaterais graves.
Efeitos colaterais e contraindicações ignoradas
Entre os efeitos adversos mais comuns estão dor de cabeça, dores musculares, rubor facial, congestão nasal e má digestão. Casos mais severos podem envolver priapismo (ereção prolongada e dolorosa), perda auditiva ou visual, quedas de pressão e eventos cardíacos.
A tadalafila é contraindicada para quem toma nitratos, possui doenças cardíacas ou tem hipersensibilidade à substância. O uso sem prescrição pode mascarar problemas de saúde graves e criar dependência psicológica.