Você sabia que comportamentos como roer unhas ou fazer xixi na cama podem ser muito mais do que simples manias ou fases comuns da infância? A pediatra Dra. Ana Escobar, CRM-SP 48.084, alerta que esses sinais podem indicar um quadro de ansiedade infantil, um transtorno que muitas vezes passa despercebido pelos pais e cuidadores. Segundo o Ministério da Saúde, a ansiedade é um dos transtornos emocionais mais prevalentes na infância e pode ter impactos significativos no desenvolvimento, no desempenho escolar e no bem-estar geral da criança.
Roer unhas pode ser um sinal de ansiedade?
Roer unhas, conhecido como onicofagia, é um comportamento frequente em crianças e, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pode ser um sinal de que a criança está lidando com situações estressantes ou emoções que não sabe como expressar (SBP). A Dra. Ana explica que, embora seja visto por muitos como um hábito sem importância, a onicofagia persistente pode ser um sinal de alerta para ansiedade, especialmente quando associada a outros sintomas, como dificuldades para dormir, irritabilidade e queda no rendimento escolar. Entender o contexto familiar e o momento de vida da criança é fundamental para agir de forma acolhedora.

Xixi na cama após os 5 anos é motivo de preocupação?
Fazer xixi na cama, ou enurese noturna, é relativamente comum até os 5 anos de idade, mas quando persiste ou retorna após um período de controle, pode ser um indício de questões emocionais. De acordo com o próprio Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a enurese pode estar ligada a fatores como ansiedade de separação ou traumas emocionais, e é fundamental que os pais estejam atentos a esses sinais para buscar a melhor forma de apoio (acesse o DSM-5 aqui). Além disso, o constrangimento gerado pela enurese pode agravar ainda mais a ansiedade, criando um ciclo difícil de romper sem intervenção adequada.
Quais outros sinais de ansiedade podem surgir?
A ansiedade infantil, como destaca a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um problema crescente em todo o mundo e requer atenção especial de profissionais da saúde, educadores e famílias (confira as recomendações da OMS). A Dra. Ana reforça que, além de roer unhas ou fazer xixi na cama, outros sinais como alterações no apetite, dores de barriga frequentes, isolamento social ou medo excessivo também podem estar associados à ansiedade. Ela orienta que o primeiro passo para ajudar uma criança ansiosa é criar um ambiente seguro, onde ela possa se expressar sem medo de julgamento, e estabelecer rotinas previsíveis, que trazem sensação de estabilidade e conforto.
Como reduzir a ansiedade nas crianças?
Além de criar um ambiente acolhedor, é fundamental ensinar a criança a identificar e nomear seus sentimentos. Práticas como respiração profunda, meditação guiada e momentos de desconexão das telas podem ajudar a reduzir os níveis de ansiedade. A Dra. Ana recomenda que os pais conversem com seus filhos sobre as emoções de maneira clara e aberta, mostrando que sentir medo ou nervosismo é normal, mas que existem maneiras de lidar com esses sentimentos. Essas estratégias são reforçadas pelo Guia de Saúde Mental da OPAS, que destaca a importância da comunicação na prevenção de transtornos emocionais em crianças (confira o material).
Quando buscar ajuda de um especialista?
Se os sinais de ansiedade começam a interferir na rotina da criança, seja no rendimento escolar, nas interações sociais ou no comportamento em casa, buscar orientação profissional é fundamental. A Dra. Ana Escobar enfatiza que o acompanhamento com psicólogo infantil ou, em casos específicos, com psiquiatra, pode fazer toda a diferença para garantir o bem-estar emocional da criança e prevenir complicações futuras. É importante lembrar que o cuidado com a saúde mental infantil é uma prioridade, como também destaca a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em suas diretrizes sobre transtornos mentais em crianças e adolescentes.