A ideia de que o cardio emagrece pode parecer óbvia, mas segundo o Dr. Paulo Muzy, ortopedista e médico do esporte (CRM-SP 115.573 | RQE 83272), isso está longe de ser verdade. Em vídeo publicado no seu perfil oficial do Instagram (@paulomuzy), ele é direto: “Se eu fizer cardio, vou emagrecer? Não, não vai. Não vai, simplesmente não vai.”
Com linguagem franca, o médico explica que a prática isolada do exercício aeróbico, sem controle alimentar, é ineficaz para quem deseja perder peso. Mais do que isso, pode até gerar um efeito contrário, aumentando o apetite e a tendência a “compensar” o esforço com mais comida. Segundo ele, é a dieta que conduz o emagrecimento, enquanto o exercício deve ser escolhido com prazer e constância.
Fazer cardio emagrece mesmo?
De acordo com o Dr. Paulo Muzy, cardio não emagrece por si só. O exercício até pode gerar gasto calórico, mas não é suficiente para induzir perda de peso sem um ajuste na alimentação. Isso porque o corpo tende a responder com aumento do apetite ou comportamento de recompensa, como “comer mais porque está pago”.
A prática isolada, sem um plano alimentar estruturado, leva muitas pessoas a manter ou até ganhar peso. A perda de gordura só acontece quando há déficit calórico, e isso só é garantido com a dieta. Por isso, fazer só cardio, sem mudar o que come, é ineficaz — e muitas vezes frustrante.
Qual é o papel da dieta no emagrecimento?
A dieta é a chave para o emagrecimento, afirma o Dr. Muzy. O déficit calórico — ou seja, consumir menos calorias do que se gasta — é o único caminho fisiológico comprovado para a perda de gordura. Por isso, não adianta treinar pesado e continuar comendo acima do necessário.
Segundo o Ministério da Saúde, o controle alimentar deve priorizar alimentos naturais e evitar ultraprocessados, açúcar e excesso de gordura. Além disso, manter constância e planejamento é mais eficaz do que fazer “dietas da moda” ou restrições radicais. O ideal é ter um plano sustentável, individualizado e, sempre que possível, acompanhado por um nutricionista.
Por que o exercício precisa ser algo que você gosta?
Dr. Muzy destaca um ponto essencial: o exercício ideal é aquele que você gosta de fazer. Isso porque o fator mais importante para o resultado não é a intensidade, mas a constância. Se a atividade for prazerosa, a chance de mantê-la na rotina é muito maior — e isso, com o tempo, gera impacto real.
Ele cita como exemplo o squash, uma atividade intensa que pode ser mais divertida para alguns do que a esteira. O importante, segundo ele, é que o treino se encaixe no estilo de vida da pessoa. Quem odeia musculação, por exemplo, dificilmente terá bons resultados com ela, pois não vai executar bem, nem com regularidade.
Exercício sem prazer funciona?
Não funciona bem. Segundo o Dr. Muzy, ver pessoas tentando ter resultados com exercícios que detestam é um dos maiores erros que ele acompanha. Isso porque o treino feito sem gosto não é feito com empenho — e isso se reflete na execução, na frequência e nos resultados.

A ciência reforça isso: uma revisão publicada no Journal of Behavioral Medicine aponta que aderência ao exercício está diretamente relacionada ao prazer percebido durante a atividade. Ou seja, quanto mais prazeroso, maior a probabilidade de continuidade. E no fim, o que gera resultado não é um treino perfeito uma vez, mas treinar com consistência por anos.
Cardio deve ser evitado então?
Não. O cardio pode ser extremamente benéfico para a saúde cardiovascular, resistência física, controle da pressão arterial e bem-estar mental. O que o Dr. Muzy critica não é o cardio em si, mas a falsa crença de que ele, sozinho, emagrece. Sem a base nutricional, o cardio vira um paliativo — e, em alguns casos, até um sabotador.
Incluir atividades aeróbicas moderadas na rotina é recomendado pela Organização Mundial da Saúde, desde que faça parte de um plano global de saúde. A chave está em não depositar no cardio uma expectativa que ele não pode cumprir sozinho. Como sempre, resultado exige abordagem integrada.
Fontes confiáveis que sustentam esse conteúdo
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/pt
- Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte: https://www.medicinadoesporte.org.br
- Journal of Behavioral Medicine: https://www.springer.com/journal/10865
Essas instituições e publicações fornecem evidências consistentes sobre a relação entre dieta, exercício e emagrecimento. Toda recomendação aqui apresentada segue o alinhamento com a ciência e boas práticas médicas.
O que realmente funciona para perder peso com saúde?
O emagrecimento saudável exige uma abordagem completa: alimentação equilibrada, exercícios que você gosta e constância. Não existe fórmula mágica — mas existe ciência, rotina e adaptação ao seu estilo de vida. A fala do Dr. Paulo Muzy é um lembrete poderoso: pare de buscar atalhos e comece com o básico bem feito.
Em vez de focar apenas em queimar calorias, vale mais criar uma rotina que combine nutrição, movimento prazeroso e descanso adequado. É isso que constrói resultados duradouros e sustentáveis. E, principalmente, saúde de verdade.