Entre os muitos tesouros produzidos durante o Renascimento, um manuscrito se destaca por seu valor histórico, científico e financeiro: o Codex Leicester, de Leonardo da Vinci. Este documento singular desperta o interesse de estudiosos, colecionadores e curiosos de todo o mundo, sendo reconhecido como o livro mais caro já adquirido até hoje. O fascínio pelo Codex Leicester vai além do preço; ele revela detalhes do pensamento inovador de um dos maiores gênios da humanidade.
O Codex Leicester reúne anotações e desenhos elaborados por Leonardo da Vinci entre os anos de 1508 e 1510. Escrito em italiano e utilizando a famosa técnica de escrita invertida, característica do artista, o manuscrito oferece uma janela única para as investigações científicas do período. Ao longo de suas páginas, Da Vinci explora temas variados, com destaque para o estudo do movimento da água, fenômenos naturais e observações sobre a Terra.
O que torna o Codex Leicester tão especial?
O valor do Codex Leicester não se limita ao aspecto financeiro. O manuscrito é composto por 18 folhas dobradas ao meio, totalizando 72 páginas repletas de ilustrações e textos originais. São cerca de 360 desenhos que acompanham as reflexões de Da Vinci, demonstrando seu método científico e sua curiosidade incansável. Entre os temas abordados, destacam-se:
- Estudo do fluxo dos rios e recomendações para construção de pontes;
- Observações sobre fósseis marinhos encontrados em regiões montanhosas;
- Teorias sobre a erosão e a formação das montanhas;
- Reflexões sobre astronomia e a luminosidade da Lua.
Esses registros antecipam conceitos científicos que só seriam amplamente discutidos séculos depois, como a movimentação das placas tectônicas e a origem dos fósseis. O Codex também é especial porque apresenta um raro vislumbre do processo criativo de Da Vinci, com notas que misturam observação e experimentação, além de temas como ótica e engenharia inovadora — tópicos que confirmam sua versatilidade como pesquisador para além das artes.

Como o Codex Leicester chegou ao topo do mercado de livros?
A trajetória do Codex Leicester é marcada por passagens por diferentes proprietários ao longo dos séculos. Após a morte de Leonardo da Vinci, o manuscrito foi herdado por artistas e nobres europeus, passando pelas mãos do escultor milanês Guglielmo della Porta e do pintor Giuseppe Ghezzi. No século XVIII, o documento foi adquirido por Thomas Coke, Conde de Leicester, de quem herdou o nome atual.
Durante mais de 250 anos, o Codex permaneceu com os descendentes do conde, até ser leiloado em 1980 e comprado pelo empresário Armand Hammer. Em 1994, o manuscrito foi novamente leiloado, desta vez pela Christie’s, sendo arrematado por Bill Gates pelo valor recorde de 30,8 milhões de dólares. Desde então, o Codex Leicester mantém o título de livro mais caro do mundo, superando outros exemplares raros como o Bay Psalm Book. Ao longo dos anos, poucas obras atingiram valores semelhantes, demonstrando a posição única do manuscrito entre os grandes tesouros da história do livro.
Por que o Codex Leicester é considerado o livro mais caro do mundo?
O preço elevado do Codex Leicester reflete não apenas sua raridade, mas também o impacto de Leonardo da Vinci na história da ciência e da arte. O manuscrito é um testemunho direto do processo criativo do artista, contendo ideias e experimentos que influenciaram gerações posteriores. Além disso, o interesse de colecionadores e instituições em preservar e exibir a obra contribui para sua valorização no mercado internacional.
- Autenticidade: escrito e ilustrado pelo próprio Da Vinci, sem intermediários.
- Importância científica: antecipação de teorias modernas sobre geologia e hidrologia.
- Estado de conservação: manuscrito preservado ao longo de mais de 500 anos.
- Exclusividade: Único exemplar, sem cópias ou edições similares.
Atualmente, Bill Gates é o proprietário do Codex Leicester e já promoveu exposições públicas do manuscrito em diversos países, ampliando o acesso ao conteúdo e incentivando o estudo da obra de Da Vinci.
Quais curiosidades cercam o Codex Leicester?
O Codex Leicester não é apenas um documento científico, mas também uma peça de história viva. Uma curiosidade interessante é que, após a aquisição por Bill Gates, algumas páginas do manuscrito foram digitalizadas e utilizadas como protetores de tela no sistema operacional Windows 95, tornando as ideias de Da Vinci acessíveis a milhões de pessoas ao redor do mundo. Além disso, o manuscrito já foi exposto em museus renomados, como a Galeria Uffizi, em Florença, permitindo que o público tenha contato direto com a genialidade do artista.
Apesar de algumas discussões sobre a classificação do Codex Leicester como livro ou documento, seu valor simbólico e financeiro permanece inquestionável. A obra continua a inspirar pesquisadores e admiradores, mantendo viva a herança de Leonardo da Vinci e reforçando seu papel central na história do conhecimento humano. Vale acrescentar que o Codex chama a atenção de estudiosos por conter indícios de como Da Vinci pensava a ciência não apenas através de observações, mas de experimentação empírica — prática revolucionária para seu tempo e fundamental para a evolução do método científico.