Desde o início do século XX, a busca por um supercondutor que opere à temperatura e pressão ambientes tem mobilizado pesquisadores em todo o mundo. A supercondutividade, fenômeno em que certos materiais conduzem eletricidade sem resistência, promete transformar setores como energia, transporte e computação. Apesar dos avanços, até junho de 2025, nenhum material foi comprovadamente capaz de apresentar supercondutividade nessas condições cotidianas.
O interesse global pelo tema aumentou consideravelmente após relatos de possíveis descobertas, como o caso do material denominado LK-99, que ganhou destaque em 2023. Embora as expectativas fossem altas, análises posteriores mostraram que os resultados iniciais não se confirmaram, evidenciando a complexidade envolvida na identificação de um supercondutor funcional em temperatura ambiente. O tema permanece altamente relevante, motivando novas linhas de pesquisa em laboratórios do mundo todo.
O que caracteriza um supercondutor?
Supercondutores são materiais que, ao serem resfriados abaixo de uma temperatura crítica, perdem completamente a resistência elétrica. Isso significa que uma corrente elétrica pode circular indefinidamente sem dissipação de energia. Além disso, esses materiais exibem o chamado efeito Meissner, expulsando campos magnéticos de seu interior. Essas propriedades abrem caminho para aplicações como trens de levitação magnética, transmissão de energia sem perdas e avanços em dispositivos eletrônicos. Recentemente, investigações têm explorado potenciais utilizações em sensores médicos avançados e até em aceleradores de partículas mais compactos.

Por que encontrar um supercondutor à temperatura ambiente é tão desafiador?
Atualmente, a maioria dos supercondutores conhecidos só funciona em temperaturas extremamente baixas, próximas ao zero absoluto, ou sob pressões elevadas. Isso limita seu uso prático, pois requer equipamentos de resfriamento ou pressurização caros e complexos. O desafio está em compreender os mecanismos que permitem a supercondutividade e, a partir disso, desenvolver materiais que apresentem essas propriedades em condições normais. Além disso, as ligações atômicas e as interações eletrônicas responsáveis pela supercondutividade genuína ainda são tema de intensos debates teóricos.
- Temperatura crítica: a maioria dos supercondutores opera abaixo de -100°C.
- Pressão: alguns materiais só exibem supercondutividade sob milhões de atmosferas.
- Complexidade estrutural: pequenas impurezas podem alterar drasticamente o comportamento do material.
O que aconteceu com o LK-99? O material era realmente um supercondutor?
Em julho de 2023, um grupo de cientistas sul-coreanos divulgou estudos sugerindo que o LK-99 seria capaz de conduzir eletricidade sem resistência a temperaturas acima de 100°C e sob pressão ambiente. A notícia provocou uma corrida internacional para replicar os resultados. No entanto, análises independentes mostraram que as propriedades observadas estavam relacionadas a impurezas, como o sulfeto de cobre, que podem apresentar magnetismo, mas não supercondutividade genuína. O fenômeno de levitação parcial, inicialmente atribuído ao efeito Meissner, foi explicado pelo ferromagnetismo presente no material. A comunidade científica rapidamente mobilizou esforços para realizar experimentos rigorosos, e o episódio reforçou a importância do escrutínio colaborativo em grandes descobertas da área.
- Publicação dos primeiros resultados em pré-print.
- Replicação dos experimentos por laboratórios em diferentes países.
- Identificação de impurezas responsáveis pelos efeitos observados.
- Consenso científico descartando a supercondutividade do LK-99.
Quais são os avanços recentes na pesquisa de supercondutores?
Mesmo sem a confirmação de um supercondutor à temperatura ambiente, a pesquisa na área segue ativa. Entre 2024 e 2025, surgiram novos materiais que operam em temperaturas mais altas do que os supercondutores tradicionais, embora ainda exijam algum resfriamento. Também há progressos na compreensão teórica dos mecanismos envolvidos, o que pode, futuramente, permitir o desenvolvimento de compostos mais eficientes. Uma novidade recente é o uso de inteligência artificial para prever possíveis composições químicas promissoras, acelerando experimentos e descobertas.
- Estudos com supercondutores sem cobre, ampliando as possibilidades de novos materiais.
- Pesquisas sobre supercondutividade em pressão ambiente, ainda que em baixas temperaturas.
- Avanços na modelagem teórica, indicando que não há impedimentos fundamentais para a existência de supercondutores em condições normais.
O que pode mudar com a descoberta de um supercondutor à temperatura ambiente?
Se um material com essas características for encontrado, espera-se uma transformação significativa em diversos setores. A transmissão de energia elétrica poderia ser feita sem perdas, reduzindo custos e aumentando a eficiência. No transporte, trens de levitação magnética se tornariam mais acessíveis. Além disso, a computação quântica e dispositivos eletrônicos poderiam alcançar novos patamares de desempenho. Novas áreas, como a eletrônica flexível e a medicina de precisão, também podem se beneficiar fortemente dessa descoberta.
Enquanto a confirmação de um supercondutor funcional em temperatura e pressão ambientes ainda não ocorreu, a busca continua sendo um dos maiores desafios da física de materiais. O caso do LK-99 exemplifica o rigor científico necessário para validar descobertas e reforça a importância da colaboração internacional. A expectativa é que, com o avanço das pesquisas, esse objetivo possa ser alcançado, trazendo impactos expressivos para a sociedade.