Até pouco tempo atrás, acreditava-se que todos os animais multicelulares dependiam do oxigênio para sobreviver. Essa ideia foi questionada após uma descoberta feita por cientistas em 2020, quando foi identificado um organismo capaz de viver sem a necessidade desse elemento. O protagonista dessa revelação é o Henneguya salminicola, um parasita microscópico que habita os músculos do salmão.
O Henneguya salminicola pertence ao grupo dos cnidários, sendo parente distante das águas-vivas e corais. Apesar de seu tamanho diminuto, a espécie chamou atenção da comunidade científica por apresentar uma característica incomum: a ausência do genoma mitocondrial, responsável pela respiração aeróbica nas células animais.
Como o Henneguya salminicola sobrevive sem oxigênio?
O segredo está na adaptação evolutiva desse parasita. Por viver em um ambiente com pouco ou nenhum oxigênio, dentro do corpo do salmão, o Henneguya salminicola perdeu a necessidade de utilizar oxigênio para obter energia. Ao longo do tempo, o parasita deixou de possuir mitocôndrias funcionais, estruturas essenciais para a produção de energia em organismos que respiram oxigênio. Em vez disso, acredita-se que ele absorva nutrientes diretamente do hospedeiro, utilizando mecanismos alternativos para garantir sua sobrevivência. Pesquisas recentes sugerem que esse parasita pode usar processos semelhantes à fermentação para gerar ATP, embora os detalhes exatos desse mecanismo ainda estejam sendo estudados pela comunidade científica.

Quais são as implicações dessa descoberta para a biologia?
A identificação de um animal que sobrevive sem oxigênio traz impactos significativos para o entendimento da vida. Primeiramente, amplia-se a definição do que é um animal, já que a dependência do oxigênio era considerada uma característica universal desse grupo. Além disso, o caso do Henneguya salminicola demonstra a capacidade de adaptação dos seres vivos a ambientes extremos.
Essa descoberta também levanta novas questões sobre a possibilidade de existência de vida em locais sem oxigênio, tanto na Terra quanto em outros planetas. A seguir, estão alguns pontos importantes sobre as consequências desse achado:
- Redefinição de limites biológicos: o estudo desafia conceitos tradicionais sobre os requisitos mínimos para a vida animal.
- Perspectivas para astrobiologia: a existência de animais anaeróbicos sugere que formas de vida podem surgir em ambientes inóspitos fora da Terra.
- Compreensão da evolução: o parasita é um exemplo de como a evolução pode simplificar organismos, eliminando funções desnecessárias em determinados contextos.
O que torna o Henneguya salminicola único entre os animais?
O Henneguya salminicola se destaca por ser o primeiro animal multicelular conhecido a não depender do oxigênio para sobreviver. Sua estrutura genética e metabólica reflete uma trajetória evolutiva singular, marcada pela perda de características consideradas essenciais para a maioria dos animais.
Entre os fatores que tornam esse parasita tão peculiar, destacam-se:
- Ausência de mitocôndrias funcionais: diferente de outros animais, não realiza respiração aeróbica.
- Adaptação ao ambiente anaeróbico: vive em regiões com baixa disponibilidade de oxigênio, como os tecidos do salmão.
- Estratégia de obtenção de energia: depende dos nutrientes do hospedeiro para sobreviver, sem a necessidade de oxigênio.
Quais são os próximos passos nas pesquisas sobre animais anaeróbicos?
O caso do Henneguya salminicola abre caminho para novas investigações sobre a diversidade da vida. Pesquisadores buscam entender com mais detalhes os mecanismos bioquímicos que permitem a sobrevivência desse parasita e se existem outros animais com adaptações semelhantes.
Além disso, o estudo incentiva a busca por organismos em ambientes extremos, como regiões profundas dos oceanos ou locais com ausência total de oxigênio. Já existem análises genéticas tentando identificar genes ou sequências responsáveis pelos mecanismos anaeróbicos do Henneguya salminicola, o que pode revelar novas estratégias evolutivas. A cada nova descoberta, amplia-se o conhecimento sobre as possibilidades da vida e sobre os limites da biologia tradicional.
O Henneguya salminicola representa um marco para a ciência ao desafiar conceitos estabelecidos e mostrar que a natureza é capaz de surpreender, mesmo em aspectos considerados fundamentais para a existência dos animais.