Em meio à vastidão do Oceano Pacífico Ocidental, encontra-se um dos lugares mais enigmáticos do planeta: a Depressão Challenger. Este local, situado na Fossa das Marianas, representa o ponto mais profundo dos oceanos da Terra e desperta o interesse de cientistas, exploradores e curiosos devido às suas condições extremas e aos mistérios que ainda guarda.
A Depressão Challenger não é apenas um marco geográfico, mas também um laboratório natural para o estudo da vida em ambientes extremos e dos processos geológicos que moldam o fundo do mar. A região, marcada por uma pressão colossal e ausência total de luz solar, desafia os limites do conhecimento humano sobre a biodiversidade e a dinâmica dos oceanos.
O que é a Depressão Challenger?
Localizada no extremo da Fossa das Marianas, a Depressão Challenger é reconhecida como o ponto mais profundo do oceano, atingindo cerca de 11.000 metros abaixo do nível do mar. A Fossa das Marianas, por sua vez, é uma longa trincheira submarina que se estende por aproximadamente 2.550 quilômetros de comprimento e cerca de 69 quilômetros de largura. Essa estrutura se formou a partir do encontro de placas tectônicas, onde a Placa do Pacífico mergulha sob a Placa das Filipinas, criando uma zona de subducção responsável pela formação da fossa.
Para se ter uma ideia da profundidade, se o Monte Everest fosse colocado dentro da Depressão Challenger, ainda restariam mais de dois mil metros de água acima de seu topo. Essa comparação ilustra o quão impressionante é esse abismo oceânico, tornando-o um dos locais mais extremos do planeta.

Quais são as condições ambientais na Fossa das Marianas?
As condições encontradas na Depressão Challenger são consideradas algumas das mais hostis da Terra. A pressão da água ultrapassa mil vezes a pressão atmosférica ao nível do mar, o que representa um desafio para qualquer forma de vida ou equipamento que tente alcançar essas profundezas. Além disso, a temperatura da água permanece próxima de 1°C a 4°C, e a ausência de luz solar torna o ambiente permanentemente escuro.
- Pressão extrema: a pressão pode chegar a mais de 1.100 atmosferas.
- Baixa temperatura: a água permanece fria e estável durante todo o ano.
- Escuridão total: não há penetração de luz solar, dificultando a fotossíntese.
- Disponibilidade limitada de nutrientes: a maioria dos nutrientes chega ao fundo em forma de detritos orgânicos que descem das camadas superiores do oceano.
Essas características fazem da Depressão Challenger um ambiente único, onde apenas organismos altamente adaptados conseguem sobreviver.
Vida nas profundezas: que seres habitam a Depressão Challenger?
Apesar das condições adversas, a vida prospera de maneiras surpreendentes na Fossa das Marianas. Pesquisas realizadas nas últimas décadas identificaram uma variedade de organismos adaptados à pressão e à escuridão, muitos dos quais ainda são pouco conhecidos pela ciência.
- Microorganismos extremófilos: bactérias e arqueias que sobrevivem em ambientes de alta pressão e baixa temperatura, utilizando reações químicas para obter energia.
- Invertebrados: espécies como anfípodes, foraminíferos e pepinos-do-mar, que se alimentam de matéria orgânica depositada no fundo.
- Peixes adaptados: algumas espécies de peixes, como os peixes-caracóis, apresentam ossos flexíveis e outras adaptações que lhes permitem resistir à pressão intensa.
Esses organismos são exemplos de resiliência biológica e ajudam a compreender como a vida pode se desenvolver em condições extremas, inclusive em outros planetas ou luas do sistema solar. Novas pesquisas recentes também sugerem que pequenas formas de vida, como certos tipos de vírus marinhos e bactérias capazes de decompor plásticos, podem estar presentes em partes ainda não exploradas da fossa, ampliando nosso conhecimento sobre a biodiversidade das grandes profundezas.
Como ocorre a exploração humana na Depressão Challenger?
Alcançar o fundo da Fossa das Marianas é um desafio tecnológico considerável. Desde 1960, apenas algumas expedições tripuladas e não tripuladas conseguiram chegar à Depressão Challenger. O batiscafo Trieste foi o primeiro a realizar essa façanha, levando Jacques Piccard e Don Walsh ao ponto mais profundo do oceano. Décadas depois, em 2012, o cineasta James Cameron realizou um mergulho solo, seguido por outras missões como a do DSV Limiting Factor, comandada por Victor Vescovo em 2019.
Essas explorações permitiram a coleta de amostras biológicas e geológicas, além de imagens inéditas do fundo do mar. No entanto, a região permanece pouco estudada devido à dificuldade de acesso e aos custos elevados das operações. Nos últimos anos, robôs submersíveis autônomos equipados com IA têm sido usados para explorar e mapear trechos ainda inexplorados, permitindo inspeções mais longas e detalhadas no ambiente de alta pressão.
Por que a Depressão Challenger continua sendo um mistério?
Mesmo após mais de seis décadas desde a primeira expedição, a Depressão Challenger ainda guarda muitos segredos. A combinação de profundidade extrema, pressão elevada e isolamento dificulta a realização de pesquisas contínuas. Cientistas acreditam que a região pode abrigar espécies desconhecidas e fornecer pistas sobre a origem da vida na Terra, além de contribuir para o entendimento dos processos geológicos que moldam o planeta.
O interesse pela Depressão Challenger segue crescendo em 2025, impulsionado pelo avanço das tecnologias de exploração submarina e pela busca por respostas sobre os limites da vida e da geologia terrestre. O local permanece como um dos últimos grandes desafios da ciência, inspirando novas gerações de pesquisadores e exploradores. Em breve, espera-se que projetos internacionais promovam missões colaborativas para a coleta de dados biológicos e químicos mais detalhados, o que pode revolucionar nosso entendimento sobre a vida nas maiores profundezas do oceano.