Desde junho de 2025, farmácias e drogarias brasileiras passaram a adotar procedimentos mais rigorosos para a venda de medicamentos conhecidos como canetas emagrecedoras, que incluem substâncias como semaglutida, liraglutida, dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida. Esses medicamentos, classificados como agonistas do GLP-1, ganharam destaque nos últimos anos devido ao seu uso tanto no tratamento do diabete tipo 2 quanto na redução de peso corporal. A nova regulamentação, estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi implementada após o aumento de relatos de efeitos adversos relacionados ao uso desses produtos fora das indicações oficiais. O cenário brasileiro já vinha chamando a atenção de entidades internacionais, destacando a urgência de medidas de prevenção e acompanhamento contínuo.
A partir da decisão da Anvisa, a dispensação desses medicamentos passou a exigir a retenção da receita médica nas farmácias, medida semelhante àquela aplicada para antibióticos. A iniciativa visa aumentar o controle sobre a circulação dessas substâncias e reduzir o acesso indiscriminado, que vinha sendo observado em diversos pontos de venda. O prazo de validade das receitas também foi limitado a 90 dias, reforçando a necessidade de acompanhamento médico constante durante o tratamento. Além disso, a nova regulamentação já vem sendo estudada por outros países da América Latina, como um possível modelo para políticas públicas relacionadas a medicamentos de uso restrito.
Por que as canetas emagrecedoras passaram a ter receita retida?
O controle mais rígido foi motivado por notificações de eventos adversos recebidas através do sistema VigiMed, utilizado para monitorar a segurança de medicamentos no Brasil. Segundo dados analisados pela Anvisa, o número de relatos de efeitos colaterais associados ao uso não autorizado das canetas emagrecedoras foi significativamente maior no país em comparação com dados internacionais. Isso levantou preocupações sobre a automedicação e o uso para fins estéticos sem orientação médica adequada.
Além disso, entidades médicas e associações de pacientes manifestaram preocupação com o acesso facilitado a esses medicamentos, alertando para o risco de desabastecimento para quem realmente necessita do tratamento. O uso sem prescrição adequada pode resultar em complicações de saúde, especialmente quando não há acompanhamento profissional para monitorar possíveis reações adversas.

Quais são os principais riscos do uso inadequado dessas canetas?
O uso das canetas emagrecedoras sem indicação médica pode provocar uma série de efeitos indesejados. Entre os riscos mais comuns estão náuseas, vômitos, alterações no trato gastrointestinal e episódios de hipoglicemia. Como esses medicamentos ainda são considerados relativamente novos, o conhecimento sobre seus efeitos a longo prazo permanece limitado, o que reforça a necessidade de vigilância constante.
- Eventos adversos: Relatos incluem desde desconfortos leves até reações graves.
- Autoprescrição: O uso sem acompanhamento pode mascarar doenças ou causar agravamento de condições preexistentes.
- Falta de informação: O consumo motivado por promessas de emagrecimento rápido pode levar a expectativas irreais e riscos desnecessários.
Como está funcionando a exigência para compra de agonistas GLP-1?
Com a nova regra, a receita médica deve ser apresentada em duas vias, sendo que uma delas fica retida no estabelecimento comercial. O registro da movimentação desses medicamentos também passou a ser obrigatório no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC), permitindo maior rastreabilidade e fiscalização. O objetivo é garantir que apenas pacientes devidamente avaliados por profissionais de saúde tenham acesso ao tratamento, reduzindo a automedicação e o uso inadequado.
- O paciente obtém a receita médica em duas vias.
- Uma via é entregue e retida pela farmácia no momento da compra.
- A validade da receita é de até 90 dias.
- A farmácia registra a venda no sistema nacional de controle.
Apesar do aumento do controle, a prescrição para usos diferentes dos aprovados em bula, prática conhecida como uso off label, ainda é permitida, desde que o médico avalie os riscos e benefícios para cada paciente. A orientação é que o paciente seja informado sobre todas as possibilidades e potenciais efeitos do tratamento. Nos últimos meses, profissionais de saúde têm participado de treinamentos e debates promovidos pela Anvisa e por associações médicas para aprimorar os critérios de prescrição e esclarecer dúvidas frequentes dos pacientes.
O que muda para pacientes e profissionais de saúde?
Com a retenção da receita, o acesso às canetas emagrecedoras se torna mais criterioso, exigindo avaliação médica regular e acompanhamento durante o uso. Para os profissionais de saúde, a medida reforça a responsabilidade na prescrição e no esclarecimento dos pacientes sobre os riscos e benefícios do tratamento. Já para os pacientes, o novo procedimento contribui para um uso mais seguro e consciente, reduzindo as chances de complicações decorrentes do uso inadequado.
O monitoramento contínuo e o registro das vendas permitem que autoridades de saúde acompanhem o impacto da medida e ajustem as políticas conforme necessário, sempre com o objetivo de proteger a saúde pública e garantir o acesso responsável aos medicamentos agonistas do GLP-1. Pesquisas futuras devem investigar o impacto dessa política na queda das notificações de eventos adversos e no abastecimento regulado desses medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).