O Deserto do Saara, reconhecido como o maior deserto quente do planeta, é famoso por suas temperaturas elevadas e clima árido. No entanto, apesar dessas características, já foram registradas ocasiões em que a neve cobriu suas dunas, criando um cenário incomum e de grande repercussão internacional. Esse fenômeno, embora raro, demonstra como a natureza pode surpreender mesmo nos ambientes mais extremos.
Entre as áreas do Saara onde a neve já foi observada, destaca-se a cidade de Ain Sefra, localizada na Argélia. Conhecida como a “Porta do Deserto”, essa região apresenta condições geográficas que favorecem quedas bruscas de temperatura, especialmente durante o inverno. A combinação de altitude e proximidade de montanhas contribui para a ocorrência desse evento atípico.
Por que a neve no Deserto do Saara é tão rara?
O clima predominante no Saara é caracterizado por calor intenso durante o dia e noites frias, além de uma umidade extremamente baixa. Essas condições tornam a formação de neve algo improvável, já que a precipitação nesse formato depende de temperaturas baixas e certa quantidade de vapor d’água na atmosfera. Mesmo quando a neve se forma, ela costuma derreter rapidamente devido ao calor diurno, permanecendo visível por pouco tempo.

Quando ocorreram episódios de neve no Saara?
Embora a neve no Saara seja um fenômeno raro, alguns registros se destacam ao longo das últimas décadas. O primeiro episódio documentado ocorreu em fevereiro de 1979, quando uma nevasca atingiu Ain Sefra, interrompendo até o trânsito local. Após esse evento, outras ocorrências foram registradas em anos recentes, como em dezembro de 2016, janeiro de 2018, janeiro de 2021 e janeiro de 2022. Nessas ocasiões, as dunas ficaram cobertas por uma fina camada branca, proporcionando imagens marcantes e inusitadas. Em relatos históricos mais antigos, há menções esporádicas de precipitação incomum, embora nem sempre documentada com precisão, tornando as ocorrências recentes especialmente relevantes para estudos meteorológicos.
O que explica a neve no Saara?
Para que a neve se forme no Saara, é necessário que uma massa de ar frio alcance a região, coincidindo com a presença de umidade suficiente. Em geral, esses episódios estão associados à chegada de frentes frias vindas do norte, que trazem temperaturas negativas durante a noite. Em altitudes mais elevadas, como as encontradas em Ain Sefra, as chances de precipitação em forma de neve aumentam. Além disso, fatores como a topografia local e as variações climáticas globais podem influenciar a ocorrência desse fenômeno. O movimento sazonal das correntes de ar, além das flutuações das massas de ar do Mediterrâneo na região norte, podem potencializar episódios de frio extremo que, ao encontrar umidade local rara, possibilitam breves períodos de queda de neve.
- Temperaturas noturnas baixas: durante o inverno, os termômetros podem registrar valores negativos, especialmente em áreas de maior altitude.
- Frentes frias: a chegada de massas de ar polar é fundamental para a formação de neve.
- Umidade atmosférica: apesar de ser escassa, a presença de umidade é indispensável para a precipitação.
A neve no Saara está relacionada às mudanças climáticas?
O aumento na frequência de episódios de neve no Saara nos últimos anos tem gerado debates entre especialistas. Alguns pesquisadores sugerem que essas ocorrências podem estar ligadas à variabilidade natural do clima, enquanto outros apontam possíveis influências das mudanças climáticas globais, que vêm provocando eventos meteorológicos extremos em diferentes regiões do mundo. A relação entre esses fenômenos ainda é objeto de estudo, e não há consenso definitivo sobre suas causas. Conforme as pesquisas avançam, novas análises tentam correlacionar os padrões observados no Saara ao aumento da instabilidade atmosférica que ocorre em escala global.
Apesar de ser um evento raro, a neve no Deserto do Saara chama a atenção pela singularidade e pela forma como desafia as expectativas sobre o clima em regiões áridas. As imagens das dunas alaranjadas cobertas por neve continuam a surpreender e ilustram a diversidade dos fenômenos naturais que podem ocorrer em nosso planeta.