Veneza, localizada no nordeste da Itália, é conhecida mundialmente por seus canais, pontes e construções históricas. Ao longo dos anos, a cidade passou a receber um número de turistas muito superior ao de seus habitantes, tornando-se um exemplo emblemático dos desafios provocados pelo turismo em excesso. Esse fenômeno, chamado de overtourism, afeta não apenas o patrimônio arquitetônico, mas também a rotina dos moradores e o equilíbrio ambiental da região.
O aumento constante de visitantes tem gerado impactos visíveis em Veneza. O cotidiano dos residentes foi alterado, com ruas frequentemente congestionadas e serviços públicos sobrecarregados. Além disso, a pressão sobre imóveis residenciais e o comércio local contribuiu para mudanças profundas na dinâmica social da cidade, levando muitos venezianos a buscar alternativas fora do centro histórico.
Como o overtourism afeta Veneza atualmente?
O turismo em massa em Veneza trouxe consequências para diferentes aspectos da vida urbana. Um dos efeitos mais perceptíveis é o desgaste das estruturas históricas, já que o fluxo intenso de pessoas e embarcações acelera a deterioração de monumentos e edifícios antigos. Outro ponto importante é a elevação dos preços de moradia, impulsionada pela conversão de residências em acomodações temporárias para turistas.
Além disso, o aumento da produção de resíduos, o ruído constante e a superlotação dos espaços públicos impactam diretamente a qualidade de vida dos moradores. O fenômeno da gentrificação também se intensificou, pois a valorização imobiliária dificulta a permanência de famílias tradicionais na cidade. Para os próprios visitantes, a experiência pode ser prejudicada por filas longas e dificuldade de acesso aos principais pontos turísticos.

Quais estratégias Veneza adotou para lidar com o excesso de turistas?
Com o objetivo de proteger seu patrimônio e garantir melhores condições para os habitantes, Veneza implementou uma série de medidas para regular o turismo. Uma das ações mais recentes foi a introdução de uma taxa de acesso para visitantes que não pernoitam na cidade. Essa cobrança é aplicada em datas de maior movimento e deve ser paga antecipadamente, por meio de um sistema online que gera um QR Code para apresentação durante a visita.
- Isenções: moradores, trabalhadores, estudantes, pessoas com deficiência e menores de 14 anos estão dispensados do pagamento, mas precisam registrar a visita para obter o código de isenção.
- Fiscalização: agentes municipais realizam verificações aleatórias, e quem não apresentar o QR Code pode receber multas consideráveis.
- Limite de grupos: desde o início de 2024, grupos turísticos não podem exceder 25 pessoas, e o uso de megafones por guias foi proibido para reduzir o incômodo sonoro.
- Navios de cruzeiro: grandes embarcações passaram a ser direcionadas para portos mais afastados, evitando danos à lagoa e às estruturas próximas ao centro histórico.
Essas ações são acompanhadas por campanhas educativas, que orientam turistas sobre o respeito às normas locais e incentivam a visita a áreas menos conhecidas da cidade. Nos últimos anos, Veneza também tem investido em tecnologia para monitoramento do fluxo de pessoas, permitindo ajustes dinâmicos nas políticas de controle, conforme a necessidade.
O modelo de Veneza pode inspirar outras cidades?
As políticas adotadas em Veneza têm sido observadas por outros destinos turísticos que enfrentam problemas semelhantes. O controle do fluxo de visitantes, a cobrança de taxas e a limitação de grupos são estratégias que podem ser adaptadas conforme as características de cada localidade. O objetivo é sempre encontrar um equilíbrio entre a atividade turística e a preservação do patrimônio, além de garantir qualidade de vida para os moradores.
Em 2025, Veneza segue ajustando suas políticas, avaliando os resultados e buscando novas soluções para os desafios do overtourism. A experiência da cidade demonstra que a gestão do turismo é fundamental para proteger destinos históricos e garantir que possam ser apreciados por futuras gerações. Além disso, cidades como Barcelona e Dubrovnik já começam a adotar práticas semelhantes, sinalizando uma tendência global para controlar o turismo em excesso e promover viagens mais sustentáveis.