A dúvida sobre creatina causar problemas renais é uma das mais comuns entre pessoas que desejam suplementar com segurança. Segundo o Dr. Fernando Lemos, médico coloproctologista (CRM-RS 26351 | RQE 18202) e especialista em saúde intestinal, essa preocupação não se sustenta em pessoas saudáveis e está ligada a mitos antigos.
Em vídeo publicado no Instagram @dr.fernandolemos, ele afirma que a creatina é produzida pelo próprio organismo, tem uso consolidado na ciência e não representa risco aos rins de indivíduos sem doença renal prévia. Segundo ele, o suplemento pode inclusive beneficiar idosos na preservação muscular e prevenção de declínio cognitivo.
Creatina faz mal para os rins em pessoas saudáveis?
Segundo estudos amplamente reconhecidos, não há evidência de que a creatina prejudique a função renal em indivíduos saudáveis. Pesquisas com atletas e adultos jovens que suplementaram por meses ou até anos, inclusive com doses superiores a 5g diárias, não demonstraram alterações na creatinina sérica nem na taxa de filtração glomerular.
O Dr. Fernando Lemos reforça que até mesmo pessoas com apenas um rim (nefrectomizadas) foram acompanhadas em estudos clínicos e não apresentaram problemas ao utilizar creatina. Portanto, para quem não possui comprometimento renal diagnosticado, o uso do suplemento é considerado seguro.
Quem tem problema nos rins pode tomar creatina?
Essa é a exceção. Em pessoas com doença renal crônica, insuficiência renal avançada ou que realizam hemodiálise, a creatina está contraindicada. O suplemento pode sobrecarregar ainda mais o rim comprometido, e por isso, nesses casos, o acompanhamento médico é essencial.
O Dr. Lemos destaca que quem tem creatinina acima de 1,5 ou 1,6 mg/dL deve evitar a suplementação. Essa orientação é corroborada por diretrizes da nefrologia, que indicam cautela absoluta nesses pacientes. Em caso de dúvida, o ideal é realizar exames de função renal e consultar um especialista antes de iniciar qualquer suplemento.
A creatina pode ajudar idosos a evitar perda muscular e demência?
Sim. Um benefício menos conhecido da creatina é o seu potencial papel na preservação da massa magra e da cognição em idosos. Com o avanço da idade, há perda natural de músculos (sarcopenia) e risco aumentado de doenças neurodegenerativas. A creatina tem mostrado efeitos positivos em ambos os contextos.
Estudos sugerem que o suplemento melhora força muscular, equilíbrio e até a memória de curto prazo em pessoas acima dos 60 anos. Embora mais evidências clínicas sejam necessárias para confirmar sua ação em casos de demência, os dados atuais são animadores, especialmente para prevenção em pessoas saudáveis e ativas.
É verdade que a creatina eleva a creatinina nos exames de sangue?
Sim, mas isso não indica um problema renal. A creatinina é um subproduto da creatina, por isso seu valor pode subir levemente em exames laboratoriais após o início da suplementação. Essa elevação é fisiológica, e não representa dano aos rins, o que confunde muitos pacientes e até alguns profissionais.
A recomendação, nesses casos, é avaliar outros parâmetros de função renal, como a taxa de filtração glomerular (TFG) e ureia, além de manter o controle da creatinina ao longo do tempo. Médicos informados sobre o uso de creatina sabem interpretar esses exames corretamente para evitar diagnósticos equivocados.
Qual é a dose segura de creatina e como tomar corretamente?
A dose padrão de creatina é de 3 a 5g por dia, sem necessidade de fase de “carga”. O suplemento pode ser tomado a qualquer hora do dia, mas idealmente com alguma refeição e boa ingestão de água. Em atletas, pode-se iniciar com uma dose de 20g/dia dividida por 5 a 7 dias, seguida por manutenção.
O Dr. Fernando Lemos orienta o uso contínuo, sem ciclos ou pausas obrigatórias, e reforça que o mais importante é manter constância, hidratação adequada e qualidade do produto. Para idosos, o protocolo usual de manutenção é suficiente para obter benefícios.
Quais os principais mitos sobre creatina e saúde renal?
O primeiro mito é que creatina sobrecarrega os rins, o que não se confirma em pessoas saudáveis com exames normais. O segundo é que o suplemento causa insuficiência renal aguda, o que só foi relatado em casos extremos, com abuso de doses, impurezas ou uso concomitante com anabolizantes.
Outro equívoco comum é confundir o aumento de peso inicial com retenção hídrica nociva. Na verdade, esse ganho é resultado do armazenamento de água intracelular nos músculos, o que melhora o desempenho e não tem relação com edema patológico.
Quem não deve usar creatina em hipótese alguma?
De acordo com o Dr. Lemos, quem tem insuficiência renal, realiza hemodiálise ou tem creatinina persistentemente elevada não deve usar creatina sem autorização médica. A suplementação nesses casos pode agravar quadros já existentes, mesmo em doses consideradas baixas.
Pessoas com histórico familiar de doença renal, uso de medicamentos nefrotóxicos ou outras comorbidades devem passar por avaliação completa antes de iniciar o suplemento. O acompanhamento é a chave para um uso seguro e eficiente da creatina em todos os perfis.
Fontes oficiais utilizadas neste conteúdo
- Sociedade Brasileira de Nefrologia – SBN
- Journal of the International Society of Sports Nutrition – JISSN
- Organização Mundial da Saúde – OMS
Essas instituições fornecem orientações científicas confiáveis sobre suplementos, saúde renal e segurança de uso para diferentes perfis populacionais. O conteúdo deste artigo foi elaborado com base nas falas do Dr. Fernando Lemos e em evidências validadas por essas fontes.