Nos últimos anos, a hipertensão arterial tornou-se um tema recorrente nas discussões sobre saúde pública, especialmente após a atualização dos critérios para seu diagnóstico. Em 2025, profissionais da área médica e órgãos de saúde passaram a adotar um novo limite para a pressão arterial considerada adequada, com o objetivo de reduzir os riscos associados a essa condição. Segundo o cardiologista Lucas Mello, do Instituto do Coração de São Paulo, essa mudança reflete uma preocupação global com o aumento dos casos de doenças cardiovasculares e a necessidade de medidas preventivas mais eficazes. Para o especialista, identificar a hipertensão mais cedo significa salvar vidas e evitar complicações sérias no futuro.
Anteriormente, o valor de referência para pressão arterial era de 140/90 mmHg, mas estudos recentes levaram à adoção do limite de 130/80 mmHg. Essa alteração busca identificar precocemente pessoas com risco elevado de complicações, promovendo intervenções mais rápidas e assertivas. A pressão alta, muitas vezes silenciosa, pode trazer consequências graves quando não é controlada, tornando fundamental o acompanhamento regular. O clínico geral Mariana Ferreira aconselha que adultos a partir dos 20 anos façam a aferição da pressão arterial pelo menos uma vez ao ano, aumentando a frequência em pessoas com histórico familiar da doença.
O que motivou a redefinição dos parâmetros da hipertensão arterial?
A revisão dos valores de referência para hipertensão arterial foi fundamentada em pesquisas que demonstraram benefícios na redução dos limites. Dados epidemiológicos, citados em relatório recente da Organização Mundial da Saúde, apontaram que ao adotar critérios mais rigorosos, é possível diminuir significativamente a incidência de infartos e acidentes vasculares cerebrais. O novo parâmetro permite que mais pessoas sejam diagnosticadas e tratadas antes do surgimento de complicações, destaca o cardiologista André Santos.

Além disso, a atualização dos limites reflete uma tendência internacional de aprimorar o controle da pressão arterial, considerando o envelhecimento da população e o aumento de fatores de risco, como sedentarismo e alimentação inadequada. De acordo com a endocrinologista Paula Nunes, com a adoção do novo valor, espera-se ampliar o alcance das estratégias de prevenção e tratamento, beneficiando especialmente grupos mais vulneráveis, como idosos, diabéticos e pessoas com obesidade.
Como a pressão alta pode afetar a saúde e quais as principais complicações?
A hipertensão arterial é reconhecida como um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. Quando não controlada, pode provocar lesões em órgãos vitais e comprometer a qualidade de vida. Entre as complicações mais frequentes associadas à pressão alta estão:
- Infarto agudo do miocárdio: Causado pela obstrução das artérias coronárias, pode levar à morte súbita.
- Acidente vascular cerebral (AVC): Decorrente do rompimento ou bloqueio de vasos cerebrais, pode resultar em sequelas permanentes.
- Comprometimento renal: O excesso de pressão danifica gradualmente os rins, podendo evoluir para insuficiência renal crônica.
Em muitos casos, a hipertensão não apresenta sintomas evidentes, o que dificulta o diagnóstico precoce. Por isso, a aferição regular da pressão arterial é recomendada, mesmo na ausência de sinais aparentes. Segundo a médica Juliana Caruso, um dos principais desafios é o desconhecimento: “Cerca de 25% dos hipertensos não sabem que têm a doença”, alerta. Manter um acompanhamento médico e conversar sobre fatores de risco é fundamental para a identificação inicial da condição.
Quais são as formas mais indicadas de prevenir a hipertensão arterial?
A prevenção da pressão alta envolve a adoção de hábitos saudáveis e o acompanhamento médico frequente. Algumas recomendações amplamente reconhecidas para evitar o desenvolvimento da hipertensão incluem:
- Redução do consumo de sal: Diminuir a ingestão de sódio contribui para manter a pressão sob controle. A Sociedade Brasileira de Cardiologia sugere limitar a quantidade para no máximo 5 gramas por dia, o equivalente a uma colher de chá rasa.
- Prática de atividades físicas: Exercícios regulares ajudam a controlar o peso e fortalecer o sistema cardiovascular. Conforme o educador físico Sandro Oliveira, pelo menos 30 minutos diários de caminhada, ciclismo ou natação já trazem benefícios.
- Alimentação balanceada: Priorizar frutas, verduras, legumes e grãos integrais reduz o risco de pressão alta. Para a nutricionista Ana Costa, incluir mais alimentos naturais na rotina é uma das decisões mais eficazes para a prevenção.
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool: Essas substâncias aumentam o risco de complicações cardiovasculares. O médico Renato Silva ressalta que o impacto do cigarro e do álcool na pressão é mais intenso do que se imagina.
- Monitoramento frequente: Medir a pressão regularmente facilita a identificação precoce de alterações. Utilizar aparelhos confiáveis, certificados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas, é fundamental para resultados precisos.
Além dessas medidas, seguir corretamente as orientações médicas e utilizar medicamentos prescritos, quando necessário, são atitudes essenciais para o controle da hipertensão. “O uso dos medicamentos deve ser contínuo e nunca interrompido sem autorização profissional”, orienta o cardiologista Lucas Mello.
Qual o impacto da nova diretriz para a saúde coletiva?
A redução do limite de pressão arterial representa um avanço nas estratégias de prevenção de doenças cardiovasculares. Com o novo parâmetro, profissionais de saúde podem identificar e tratar mais pessoas em estágios iniciais, reduzindo a ocorrência de eventos graves. Campanhas de conscientização, ampliação do acesso a exames e distribuição de medicamentos gratuitos são algumas das iniciativas adotadas para apoiar a população, especialmente pelo Ministério da Saúde no Brasil.
O acompanhamento contínuo e a adoção de hábitos saudáveis tornam-se ainda mais relevantes diante das novas diretrizes. O objetivo, segundo André Santos, é não apenas aumentar a expectativa de vida, mas também garantir melhor qualidade, prevenindo complicações que podem ser evitadas com cuidados simples e atenção regular à saúde. Essa postura preventiva tem potencial para reduzir custos hospitalares e melhorar os indicadores de bem-estar da população em todo o País.