Cardio para secar o abdômen: essa é a expressão-chave que muitos evitam, mas que o nutricionista esportivo Dr. Felipe Donatto (CRN3: 18.215) faz questão de enfatizar. Mestre em Educação Física e PhD em Ciências (ICB-USP), ele afirma em seu perfil @drfelipedonatto que somente a musculação não é suficiente para atingir níveis baixos de gordura corporal, especialmente quando o objetivo é conquistar um abdômen definido.
Em um vídeo contundente, ele critica o discurso comum que circula entre iniciantes e influenciadores de redes sociais, que sugerem que o efeito térmico do treino de força (EPOC) basta para emagrecer. Donatto esclarece: essa estratégia até pode funcionar para iniciantes ou pessoas com sobrepeso, mas não leva ao abdômen seco e à lapidação corporal desejada por quem busca estética avançada.
Por que só musculação não seca o abdômen?
De acordo com o Dr. Felipe Donatto, para alcançar níveis mais baixos de gordura corporal — como sair de 20% para 8% — a musculação isolada não é eficaz. O motivo é fisiológico: existe um limite metabólico no efeito térmico do treino de força (o chamado EPOC), que não consegue manter o gasto calórico necessário a longo prazo para a queima de gordura refinada.
Além disso, o especialista aponta que atletas experientes em cutting, como bodybuilders, realizam 2 a 3 sessões de cardio por dia durante o período de definição muscular. A musculação pode construir massa magra e até auxiliar na queima calórica, mas não substitui o estímulo cardiovascular para ativar mitocôndrias e oxidar gordura com eficiência.
Qual a função do cardio na queima de gordura abdominal?
O exercício cardiovascular é fundamental para otimizar o gasto energético diário, especialmente em fases mais avançadas de definição corporal. Ele ativa o metabolismo aeróbico, promove a oxidação de ácidos graxos e ajuda a preservar a massa magra quando bem planejado junto com o treino resistido.

A ausência de cardio limita a capacidade do corpo em acessar estoques de gordura como fonte primária de energia. Isso significa que mesmo com alimentação adequada e musculação intensa, a definição abdominal pode ser comprometida se o déficit calórico for insuficiente ou se o corpo não for estimulado a mobilizar gordura de forma eficiente.
E o EPOC? Ele realmente ajuda a emagrecer?
O EPOC (Excess Post-exercise Oxygen Consumption) é o aumento do consumo de oxigênio após o treino, que gera um gasto energético extra. Embora real e útil, seu impacto é limitado e depende de diversos fatores: intensidade, volume, composição corporal e nível de condicionamento do indivíduo.
Dr. Donatto reforça que o EPOC não é uma licença para ignorar o cardio. Em pessoas com mais gordura, ele pode sim colaborar com o emagrecimento inicial. Mas não é suficiente para alcançar a recomposição corporal refinada e a definição muscular que muitos desejam.
Qual é a estratégia ideal para secar o abdômen?
A combinação entre musculação, dieta adequada e treino cardiovascular é a abordagem mais eficaz. Reduzir gordura visceral e subcutânea exige consistência, déficit calórico e estratégias bioenergéticas integradas. Isso inclui desde treinos intervalados de alta intensidade (HIIT), até cardio em jejum, quando bem orientado.
Segundo diretrizes da Organização Mundial da Saúde, a atividade física regular deve incluir pelo menos 150 minutos de exercício aeróbico por semana para adultos, com a adição de treino de força duas vezes por semana. Essa recomendação é respaldada por evidências científicas e serve como base para uma composição corporal saudável.
Fontes oficiais utilizadas neste conteúdo
- Ministério da Saúde – Atividade Física e Saúde: https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – Diretrizes sobre atividade física: https://www.who.int
- PubMed – “Effect of aerobic exercise on visceral fat”: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov
- CDC – Physical Activity Guidelines for Americans: https://www.cdc.gov/physicalactivity