A facilidade em recuperar o peso após emagrecer não é apenas questão de disciplina, mas também de memória metabólica. Segundo o médico ortopedista e especialista em medicina esportiva Dr. Paulo Muzy (CRM 115573), o corpo de quem já teve sobrepeso tende a “lembrar” do caminho da gordura, e isso exige atenção redobrada após o emagrecimento.
Em suas redes sociais, ele afirma que duas pessoas com o mesmo percentual de gordura, idade e condicionamento físico, mas com históricos diferentes, respondem de forma distinta ao sair da dieta — e quem já teve excesso de peso volta a engordar com mais facilidade.
Por que o corpo “lembra” do sobrepeso mesmo após emagrecer?
Nosso organismo é metabolicamente adaptável. Quando passamos por um período prolongado de sobrepeso ou obesidade, há uma série de alterações fisiológicas que moldam o comportamento do corpo. Isso inclui mudanças nos níveis hormonais (como leptina e grelina), no número de células de gordura (adipócitos) e na eficiência com que armazenamos energia.
Segundo Dr. Muzy, mesmo após o emagrecimento, o corpo já sabe o caminho para voltar ao estado anterior. Isso significa que há uma tendência maior ao reganho de peso, especialmente se a pessoa relaxar nos hábitos alimentares ou deixar de treinar.
Esse fenômeno é reforçado pela literatura científica. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine mostrou que pessoas que perdem muito peso apresentam redução no metabolismo basal e aumento do apetite por anos após o emagrecimento.
Existe diferença entre quem nunca engordou e quem já teve sobrepeso?
Sim. De acordo com Dr. Muzy, duas pessoas com o mesmo peso e percentual de gordura, mas com histórias corporais diferentes, reagem de forma desigual ao mesmo estímulo. Quem já teve gordura corporal acima de 18% (em homens) ou 28% (em mulheres), por exemplo, tem mais facilidade para recuperar peso perdido.

Isso se deve à quantidade e à memória das células adiposas. Quando engordamos, criamos mais adipócitos, e mesmo que eles encolham com a perda de peso, eles não desaparecem. Ou seja, o “terreno” para o acúmulo de gordura permanece preparado, tornando a manutenção do emagrecimento um desafio crônico.
Por que o cuidado precisa ser redobrado após emagrecer?
Dr. Paulo Muzy alerta que quem já passou por emagrecimento precisa ter cuidados redobrados e consistência. Manter o peso perdido requer disciplina contínua, não apenas com alimentação e treino, mas com um estilo de vida que priorize o sono, controle do estresse e constância nos hábitos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também reforça que a prevenção ao reganho de peso deve envolver educação alimentar, suporte psicológico e atividade física regular. A abordagem deve ser multifatorial e individualizada, especialmente em pessoas com histórico de obesidade.
A memória metabólica tem base científica?
Sim. A chamada “memória metabólica” é respaldada por estudos em endocrinologia e fisiologia. Pesquisas da Endocrine Society indicam que o corpo humano sofre adaptações hormonais duradouras após emagrecer, especialmente em relação à regulação do apetite, gasto energético e sinalização inflamatória.
Além disso, o tecido adiposo é considerado um órgão endócrino ativo, que produz substâncias inflamatórias e hormônios que influenciam diretamente na facilidade em ganhar ou perder peso.
Fontes oficiais usadas neste conteúdo
- New England Journal of Medicine – Estudo sobre reganho de peso: https://www.nejm.org
- Ministério da Saúde – Diretrizes para prevenção da obesidade: https://www.gov.br/saude
- OMS – Obesidade: causas e cuidados: https://www.who.int