A proteína é fundamental para reconstruir células, órgãos e tecidos. Mas, como explica o Dr. Lair Ribeiro (CRM‑MG 6972, Instagram @dr.lairribeiro), ela não foi feita para gerar energia. Ou seja: consumir proteína para sustentar o gasto calórico intenso não é eficiente—e pode causar danos ao corpo.
Ele destaca que carboidratos e gorduras são os verdadeiros combustíveis energéticos: 98% dos carboidratos e 95% das gorduras servem para gerar energia, ao passo que a proteína tem função essencialmente estrutural. Usá-la como fonte energética sobrecarrega o fígado e os rins, o que, segundo o médico, pode levar a graves problemas de saúde a longo prazo.
Por que a proteína não deve ser usada como combustível?
A proteína é composta por aminoácidos usados principalmente na construção e reparo de tecidos — músculos, órgãos, enzimas e sistema imunológico. Quando usada para produzir energia, o corpo precisa remover o grupo amino por meio de processos que exigem atuação intensa do fígado e rins.
Essa carga extra metaboliza compostos nitrogenados que, se acumulados, podem causar acúmulo de resíduos tóxicos, lesão hepática ou renal. O Dr. Ribeiro alerta que queimar proteína como combustível é um atalho perigoso.
E quais são as fontes ideais de energia?
Carboidratos (como grãos, frutas e vegetais) e gorduras (óleos, abacate, nozes) são metabolizados de forma mais eficiente e limpa. Eles proporcionam energia estável sem sobrecarregar os órgãos. Embora pequenas quantidades de proteína possam se transformar em energia, o processo é secundário e não deve ser a principal via para sustentar o desempenho físico.
O que dizem estudos sobre sobrecarga renal e hepática?
A literatura médica aponta que dietas com consumo excessivo de proteína podem aumentar levemente os marcadores renais — como creatinina e ureia — especialmente em pessoas com função renal limitada.₁ Embora pessoas saudáveis se adaptem melhor, o risco se agrava em doenças crônicas.

Do ponto de vista hepático, o excesso proteico impõe demanda ao ciclo da ureia — processo exclusivo do fígado. A longo prazo, pode causar estresse oxidativo e disfunção metabólica, especialmente em conjunto com outras condições como obesidade ou esteatose hepática.₁
Como manter saúde e desempenho sem riscos?
Equilibre macronutrientes de forma adequada:
- Carboidratos complexos para energia rápida e sustentada
- Gorduras saudáveis para suporte energético e hormonal
- Proteínas direcionadas para recuperação e construção muscular, sem ultrapassar as necessidades individuais
Consulte um profissional de saúde antes de adotar dietas com alto teor proteico, especialmente em regimes de treino intenso ou em casos de doença hepática/renal.
Que papel a proteína tem em regimes de emagrecimento?
Dietas com proteína moderada ou alta podem ajudar a saciar o apetite e preservar massa magra durante a perda de peso. Mas, como alerta o Dr. Ribeiro, “esse consumo só é saudável se a proteína não for usada como combustível principal”. O equilíbrio dos macronutrientes continua sendo essencial.
Fontes confiáveis
- The Effects of High‑Protein Diets on Kidney Health and Longevity (PMC): https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7460905/
- High‑Protein Diets and Renal Health (PubMed): https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32669325/
- Effects of resistance training plus high‑protein diet (Frontiers): https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnut.2023.1205310/full
- Mayo Clinic – High‑Protein Diet Risks: https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/nutrition-and-healthy-eating/expert-answers/high-protein-diets/faq-20058207
- Protein toxicity (Wikipedia): https://en.wikipedia.org/wiki/Protein_toxicity