No Brasil, o excesso de velocidade é uma das infrações mais comuns nas estradas, levando a milhares de autuações diariamente. Essas infrações podem resultar não apenas em multas financeiras, mas também na suspensão do direito de dirigir. Por este motivo, é essencial compreender as nuances das penalidades aplicadas segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
O artigo 218 do CTB categoriza as multas de velocidade em três níveis diferentes, dependendo do quanto o motorista excedeu o limite permitido. Essas categorias são cruciais para determinar o montante da multa e a quantidade de pontos que serão adicionados à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Conhecer os detalhes dessas classificações pode ser decisivo para motoristas que buscam minimizar as consequências das infrações.
Como funciona o cálculo das multas de velocidade?
As multas por excesso de velocidade são calculadas com base em porcentagens do limite máximo da via. Até 20% acima do limite caracteriza uma infração média, resultando em uma multa de R$ 130,16 e 4 pontos na CNH. Quando a velocidade ultrapassa entre 20% e 50%, a infração é considerada grave, com multa de R$ 195,23 e 5 pontos. Acima de 50%, a infração passa a ser gravíssima, impondo uma multa de R$ 880,41, 7 pontos, e pode levar à suspensão do direito de dirigir.
Por exemplo, em uma estrada com limite de 80 km/h, 20% desse valor corresponde a 16 km/h adicionais. Portanto, velocidades até 96 km/h seriam uma infração média. Esse cálculo aplica-se a qualquer limite, bastando multiplicar o valor por 0,20 para saber o quanto se pode exceder antes que a infração inicialize a penalidade mais severa. Em algumas cidades, como São Paulo, é comum as vias estarem equipadas com sistemas de monitoramento que fazem a gestão automatizada das infrações.

Os radares estão registrados e corretamente sinalizados?
Os dispositivos de fiscalização eletrônica de velocidade, popularmente conhecidos como “pardais“, devem ser validados anualmente pelo INMETRO. Esta validação assegura que o equipamento esteja funcionando corretamente e dentro dos padrões exigidos por lei. Multas oriundas de radares não validados ou que não estejam claramente sinalizados na via podem ser consideradas inválidas.
A sinalização adequada inclui placas visíveis que indicam a presença do radar e o limite de velocidade naquela área específica. Na ausência dessas precauções, o motorista tem o direito de recorrer, apresentando boas chances de sucesso na anulação da multa. Em 2022, por exemplo, houve casos em que órgãos de trânsito de algumas capitais anularam centenas de multas por falta de validação dos radares.
Como recorrer de uma multa por excesso de velocidade?
O processo de contestação de uma multa por excesso de velocidade inicia-se com a apresentação de uma defesa prévia ao órgão autuador. Essa defesa pode argumentar falhas na notificação, incorreções nos dados da infração ou problemas na validade do radar. Caso a defesa seja negada, o motorista pode entrar com recurso na Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI).
Para maximizar as chances de sucesso, é vital reunir evidências, como fotos da sinalização da via, documentos da notificação e quaisquer registros que corroborem a situação apresentada. Se o recurso não for julgado em até 30 dias, a multa deve ser cancelada automaticamente.
Qual a importância de conhecer os prazos e os direitos no trânsito?
Apresentar a defesa prévia dentro do prazo de 30 dias após a notificação é crucial. Após essa etapa preliminar, há um prazo adicional de 30 dias para recorrer à JARI. Mesmo se o recurso for indeferido, ainda existe a possibilidade de apelar ao Conselho Estadual de Trânsito (Cetran).
Ter conhecimento dos prazos e dos próprios direitos pode ser determinante para evitar que uma multa de velocidade afete permanentemente a capacidade de um motorista de conduzir legalmente. Problemas relacionados a radares irregulares, sinalização inadequada ou erros em notificações podem invalidar uma infração. Assim, estar bem informado é essencial não apenas para proteger a carteira de habilitação, mas também para o exercício consciente dos direitos de dirigir. Recentemente, alguns advogados especializados em direito de trânsito têm reforçado a importância de consultar órgãos públicos como o Detran para obter informações atualizadas sobre modalidades de defesa e prazos.