O Brasil vive um aumento constante na demanda por energia, com projeção média anual de crescimento em 3,4% entre 2025 e 2029. Esse cenário evidencia um déficit de potência que coloca pressão sobre a infraestrutura elétrica, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
“O PEN olha se a quantidade de geração disponível, no sentido amplo, se os recursos que temos atendem o consumo do Brasil. O PEN 2025-2029 confirmou o diagnóstico do ano passado e mostrou agravamento do déficit de potência”, disse o diretor de Planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, ao jornal O Estado de São Paulo.“Eventualmente, podemos recomendar horário de verão como imprescindível“, afirmou ele.
Como a mudança na matriz energética afeta o déficit de potência?
O avanço das energias renováveis, apesar de essencial para a sustentabilidade, traz desafios de intermitência. Essa característica demanda que as fontes convencionais, como hidrelétricas e termelétricas, atuem com maior flexibilidade para suprir a demanda instantânea.
A dependência das renováveis exige ajustes na geração e distribuição, pois períodos de baixa produção podem impactar diretamente a oferta, pressionando o sistema a se adaptar com eficiência.
Quais soluções estão sendo propostas para conter o déficit de potência?
Uma das medidas em estudo é a reativação do horário de verão, que otimiza o uso da luz natural e reduz o consumo nos horários de pico. O ONS também prepara o uso ampliado das termelétricas, especialmente a partir do segundo semestre de 2025.
Outra estratégia importante é a cooperação entre órgãos como MME, MMA, ANA e Ibama, buscando flexibilizar restrições ambientais para permitir operações mais eficazes, equilibrando sustentabilidade e necessidade energética.

Como o sistema elétrico está se adaptando às fontes renováveis?
Para manter a estabilidade, o ONS reforça a necessidade de flexibilidade operacional, utilizando fontes que possam ser ajustadas rapidamente frente às variações diárias de oferta e demanda.
Tecnologias de armazenamento, como baterias e sistemas de bombeamento, somadas a redes inteligentes, são alternativas em desenvolvimento para equilibrar a produção e o consumo, minimizando riscos de apagões.
De que forma a sociedade pode colaborar para o uso eficiente da energia?
A participação da população é vital para reduzir a pressão sobre o sistema, por meio do uso de equipamentos eficientes e práticas conscientes de consumo, principalmente nos horários de pico.
Projetos de educação energética, como os promovidos pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), têm papel fundamental ao estimular mudanças de comportamento e fomentar a sustentabilidade no dia a dia.
O que o futuro reserva para a matriz energética brasileira diante desses desafios?
A perspectiva é de uma matriz mais diversificada, combinando inovação e sustentabilidade. Porém, isso requer modernização das infraestruturas e políticas que incentivem tanto a geração quanto o consumo consciente de energia.
Um futuro energético seguro depende de estratégias integradas que considerem aspectos técnicos, ambientais e sociais, garantindo resiliência e eficiência para o Brasil nos próximos anos.