A sensação de frio pode fazer o corpo queimar mais energia. Quem explica é o médico Dr. Bruno Pitanga (CRM 6443/ES e CRM 5262490-0/RJ, RQE 5191), que afirma que, ao ser exposto a temperaturas baixas, o organismo precisa ativar mecanismos naturais para manter sua temperatura interna. Isso exige gasto calórico, o que de fato pode aumentar o consumo diário de energia.
Presente nas redes sociais como @drbrunopitanga, ele reforça, no entanto, que esse processo não deve ser utilizado como estratégia de emagrecimento. A exposição ao frio gera desconforto, risco de hipotermia e pode estimular o apetite, o que neutraliza qualquer benefício metabólico. Ou seja, o frio acelera o metabolismo, mas não substitui uma alimentação equilibrada nem a prática de atividades físicas.
O frio realmente acelera o metabolismo?
Sim. O corpo humano é programado para manter uma temperatura estável em torno de 36,5 °C. Quando essa temperatura é ameaçada pelo ambiente externo mais frio, o organismo reage com tremores musculares e ativação da gordura marrom, que queima energia para gerar calor. Esse processo é chamado de termogênese induzida pelo frio.
Segundo estudos clínicos, a exposição ao frio pode elevar o gasto calórico em até 400 calorias por dia, dependendo da intensidade e da duração do frio. Esse mecanismo é natural e serve exclusivamente para aquecer o corpo. Por isso, ele não é eficiente como ferramenta de emagrecimento, pois o gasto calórico extra é pequeno diante da complexidade da perda de peso.
O que é gordura marrom e por que ela é ativada no frio?
A gordura marrom é um tipo especial de tecido adiposo que, diferente da gordura comum, não armazena energia, mas a queima para produzir calor. Ela é abundante em recém-nascidos e está presente em menor quantidade em adultos, concentrando-se principalmente na região cervical e ao redor da coluna.

Quando a temperatura ambiente cai, sensores térmicos no corpo ativam a gordura marrom por meio do sistema nervoso simpático. A ativação desse tecido contribui para o aumento do metabolismo basal e da produção de calor. No entanto, seu efeito no emagrecimento é modesto e temporário, não devendo ser encarado como solução.
Vale a pena usar o frio como forma de perder peso?
Não. Apesar de o frio estimular um leve aumento no gasto calórico, os efeitos não são suficientes para justificar sua utilização como estratégia de emagrecimento. Além disso, o desconforto térmico, a fome compensatória e os riscos à saúde, como hipotermia, tornam essa prática ineficaz e até perigosa.
A sensação de frio pode aumentar o apetite como resposta natural do corpo para repor a energia gasta na termogênese. Ou seja, o que se queima pode ser facilmente recuperado na próxima refeição. Por isso, profissionais da saúde não recomendam o uso de ambientes frios ou banhos gelados como ferramentas para emagrecer.
O que é mais eficiente para emagrecer com segurança?
Para perder peso de forma segura e duradoura, a base deve ser uma alimentação balanceada aliada à prática regular de atividade física. Exercícios aeróbicos e de resistência aumentam o gasto calórico de forma contínua e saudável, sem colocar o corpo em risco. Além disso, promovem benefícios cardiovasculares, metabólicos e emocionais.
A reeducação alimentar, com foco em qualidade nutricional e controle de porções, é essencial. Mudanças progressivas de hábitos têm efeitos duradouros e evitam o chamado efeito sanfona. O acompanhamento profissional também é importante para garantir que o processo seja adaptado ao metabolismo e às condições clínicas de cada pessoa.
Passar frio tem algum benefício à saúde?
Embora não sirva para emagrecer, a exposição controlada ao frio pode ter alguns efeitos benéficos, como melhora na circulação e estímulo do sistema imunológico. Técnicas como o banho frio matinal vêm sendo estudadas nesse contexto, mas ainda carecem de evidências conclusivas.
O importante é que qualquer prática relacionada ao frio seja feita com moderação, respeitando os limites do corpo e nunca como substituta de hábitos saudáveis. O foco deve estar sempre em estratégias sustentáveis e respaldadas por ciência para melhorar a saúde e o bem-estar.
Fontes e links utilizados
- National Library of Medicine – “Energy expenditure in cold environments”
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7871342/