A luz do sol é mais do que fonte de energia para o planeta. Segundo a médica Dra. Katia Haranaka (CRM 76611 | RQE 17340), especialista em cirurgia plástica e com profundo conhecimento em saúde integrativa, a exposição matinal à luz solar ajuda a ativar neurotransmissores essenciais para o bom funcionamento do cérebro, do intestino e da regulação do sono.
Com mais de 1,4 milhão de seguidores no Instagram (@katiaharanaka), ela afirma que nossos olhos funcionam como uma extensão do cérebro. Por isso, receber luz solar diretamente pela retina — e não através de óculos escuros — é fundamental para estimular a serotonina, que mais tarde será convertida em melatonina, o hormônio responsável pela qualidade do sono.
É verdade que o sol pode estimular o cérebro?
Sim. A exposição controlada à luz solar pela manhã desperta o sistema nervoso, ativa a produção de neurotransmissores como a serotonina e ajuda a sincronizar o ritmo circadiano — o relógio biológico do corpo. Isso melhora a disposição, o humor e a clareza mental, além de impactar positivamente na regulação hormonal e metabólica.
A retina é altamente sensível à luz natural e envia sinais diretos ao cérebro. Esses estímulos visuais ajudam a modular o estado de alerta e a equilibrar a produção de hormônios ligados à felicidade e ao bem-estar. A ausência dessa luz, por outro lado, pode favorecer quadros como fadiga, tristeza e até distúrbios do sono.
Qual a relação entre serotonina, melatonina e a luz solar?
A serotonina é conhecida como o neurotransmissor do bem-estar. Ela é produzida principalmente no intestino, mas depende da captação de luz solar pela retina e pela pele para ser ativada adequadamente. Com o passar das horas, a serotonina é convertida em melatonina, que regula o sono e promove o descanso noturno.
Quando não há exposição solar adequada, esse ciclo natural é prejudicado. Isso pode levar à queda da melatonina durante a noite, dificultando o sono profundo e a recuperação física e emocional do organismo. Por isso, olhar para o sol pela manhã, sem o uso de óculos escuros por alguns minutos, pode ser um hábito simples, mas poderoso.
Por que evitar óculos escuros pela manhã?
De acordo com a Dra. Katia Haranaka, os óculos escuros pela manhã bloqueiam a entrada da luz natural que ativa os receptores da retina responsáveis pela regulação hormonal. Isso impede a ativação completa do sistema nervoso e pode atrasar a liberação de serotonina, afetando o humor e o sono mais tarde.
Claro, a recomendação não vale para quem ficará longos períodos exposto ao sol ou em horários de alta radiação. Nesses casos, a proteção ocular é fundamental. Mas, por volta dos primeiros 15 minutos após acordar, estar exposto à luz natural, sem barreiras artificiais, pode ajudar o corpo a “ligar” corretamente.

Como a luz solar influencia no intestino?
Cerca de 90% da serotonina do corpo é produzida no intestino. A luz solar tem papel indireto nesse processo, já que estimula o cérebro e ajuda a equilibrar o sistema nervoso entérico, conhecido como “segundo cérebro”. A regulação do eixo intestino-cérebro depende do ritmo circadiano, que, por sua vez, é influenciado pela luz natural.
A exposição solar matinal ajuda a sincronizar as funções digestivas e neurológicas, o que favorece o equilíbrio do intestino, melhora o humor e contribui para a saúde emocional. Isso mostra como a luz solar está diretamente conectada ao funcionamento geral do corpo, do despertar ao descanso noturno.
Existe risco em olhar para o sol?
Olhar diretamente para o sol em horários de pico, como entre 10h e 16h, pode causar danos à retina. No entanto, a exposição indireta à luz solar nos primeiros momentos da manhã, de forma suave e respeitando o conforto visual, não representa risco para a maioria das pessoas. Pelo contrário, pode gerar benefícios profundos à saúde.
A orientação da Dra. Katia é clara: aproveite de 10 a 15 minutos ao ar livre, pela manhã, sem proteção nos olhos, para receber a luz natural. Esse tempo é suficiente para ativar os circuitos cerebrais, favorecer a produção hormonal e melhorar o humor. Basta ter bom senso, respeitar o conforto visual e evitar exposição prolongada sem necessidade.
Fontes e links utilizados
- National Institutes of Health (NIH) – “Light exposure and circadian rhythms”
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4376110