O consumo de energia elétrica no Brasil deve crescer 14,1% até 2029, conforme o Plano da Operação Energética do ONS para 2025. A projeção representa um crescimento médio anual de 3,4%, com a carga nacional chegando a 94,6 gigawatts médios até o fim da década.
Esse avanço está ligado ao crescimento econômico e à transformação nos hábitos de consumo e na matriz elétrica. Com maior uso de equipamentos eletrônicos e aumento da climatização, surgem pressões inéditas sobre a rede elétrica nacional.
Quais são os maiores desafios do sistema elétrico com o avanço do consumo?
O aumento da carga pressiona diretamente o Sistema Interligado Nacional (SIN), especialmente nos horários de pico. A dependência de fontes renováveis como solar e eólica — que são intermitentes — dificulta a estabilidade da geração nos momentos críticos.
O ONS alerta para a necessidade de resposta rápida das hidrelétricas e termelétricas, que devem atuar como compensação quando a produção renovável cai, principalmente no fim da tarde. Sem planejamento adequado, cresce o risco de sobrecarga e custo elevado.
Por que o horário de verão voltou a ser debatido entre especialistas?
O horário de verão, criado em 1985, foi suspenso em 2019 após estudos apontarem sua menor eficiência. A mudança no perfil de consumo — com refrigeração ao longo de todo o dia — reduziu o impacto da medida no horário de ponta.
No entanto, com o avanço das fontes renováveis e a maior demanda nos fins de tarde, especialistas voltaram a discutir sua reimplementação. Embora o PEN 2025 não mencione diretamente a medida, ela volta à pauta como alternativa de apoio à rede nos meses mais quentes.

Quais ações são recomendadas para garantir a estabilidade do fornecimento?
O ONS propõe medidas estratégicas para enfrentar os novos desafios do sistema. A principal delas é a realização de leilões anuais de contratação de potência, para garantir energia disponível nos horários críticos.
- Investimento em ferramentas de simulação para prever e responder a eventos extremos de oferta e demanda.
- Expansão do parque gerador flexível, com hidrelétricas de reservatório e térmicas despacháveis.
- Incentivo à autogeração e eficiência energética, reduzindo pressão sobre a rede e perdas na transmissão.
Qual é o papel das fontes renováveis na segurança energética do país?
Com destaque global, o Brasil mantém uma matriz majoritariamente composta por fontes renováveis, sendo as hidrelétricas as protagonistas. A participação da energia solar deve alcançar cerca de um terço da matriz até 2029, somando usinas e pequenas instalações.
Esse crescimento exige atenção redobrada. Por depender de fatores climáticos, essas fontes demandam planejamento contínuo e tecnologias que ampliem a flexibilidade do sistema, como armazenamento e controle inteligente de carga.
Como o setor elétrico pode se preparar para o futuro energético do Brasil?
O relatório do ONS reforça a importância de garantir energia firme, ou seja, disponível a qualquer momento. Isso requer uma combinação entre modernização, diversidade de fontes e ferramentas de monitoramento operacional.
Curiosidade: países como Alemanha e Japão adotam tarifas dinâmicas que variam conforme o horário, estimulando o consumo fora dos picos. No Brasil, o debate sobre o retorno do horário de verão e ajustes regulatórios segue aberto, acompanhando o ritmo da transformação energética.o horário de verão.