Um novo conceito tem capturado a atenção de cientistas nos últimos anos: a ideia de que a localização da Terra e da Via Láctea pode estar no centro de uma gigantesca região vazia no cosmos. Esta teoria foi proposta para ajudar a resolver um enigma da cosmologia moderna chamado “Tensão de Hubble“.
A Tensão de Hubble aborda a diferença encontrada nas medições da expansão do Universo. Existem duas abordagens principais para medir essa expansão: uma baseada na observação de galáxias mais próximas, que aponta para uma taxa de expansão mais rápida, e outra fundamentada em dados do Universo primordial, sugerindo uma expansão mais lenta. Essa discrepância tem confundido os cientistas e levantado questões sobre o modelo cosmológico atual.
O que é a teoria do vazio cósmico?
Proposta por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, esta teoria sugere que vivemos dentro de uma vasta “bolha” cósmica, onde a densidade de matéria é menor do que a média do Universo. Esta bolha estaria se estendendo por cerca de um bilhão de anos-luz, criando uma região onde a matéria está significativamente menos presente. Estudos recentes de mapas de distribuição de galáxias reforçam a ideia de que grandes vazios cósmicos são fenômenos reais e podem influenciar observações astronômicas de formas ainda não totalmente compreendidas.
A existência dessa bolha poderia alterar a forma como percebemos a luz e o movimento de outras galáxias. Dentro de uma região esparsamente povoada, pareceria que estamos nos movendo mais rapidamente em comparação com uma área mais densamente povoada, impactando assim as medições da taxa de expansão cósmica.

Como isso se relaciona com a Tensão de Hubble?
A teoria sugere que a localização de nossa galáxia em uma área de baixa densidade pode alterar nossas medições e, como resultado, reconciliar as discrepâncias nas estimativas atuais da expansão do Universo. Isso significa que, ao compreender melhor a nossa posição cósmica, poderíamos explicar por que diferentes métodos de medição apresentam resultados conflitantes. Esse é um dos maiores debates da cosmologia atualmente, pois descobrir se habitamos ou não um vazio afeta toda a interpretação dos dados observacionais.
Quais são as consequências dessa teoria?
Se esta teoria se confirmar, terá profundas implicações para a cosmologia, pois poderia desafiar a visão de que o Universo é uniforme em larga escala. Esta nova perspectiva poderia sugerir que nossa posição no espaço possui características únicas e particulares que podem ter influenciado nossa compreensão do cosmos. Além disso, modelos alternativos ao atual padrão cosmológico precisariam ser repensados, e outras teorias poderiam ganhar força.
Os próximos meses e anos deverão focar em testar essa teoria através de métodos alternativos, como o estudo de galáxias que não estão mais formando estrelas ou analisando oscilações acústicas de bárions. Tais estudos são necessários para validar ou refutar a ideia do vazio cósmico e suas implicações no entendimento do Universo. Novas missões astronômicas e observações mais precisas também poderão fornecer dados essenciais sobre a estrutura em larga escala ao redor da Via Láctea.