Muitas pessoas acreditam que um eletrocardiograma (ECG) normal é sinônimo de um coração saudável e livre de problemas. Porém, como explica o cardiologista Dr. Rodolfo Ferraz, com mais de 20 anos de experiência, essa interpretação pode ser equivocada. O ECG é, de fato, um exame essencial para avaliar a atividade elétrica do coração, mas sozinho não é suficiente para descartar todas as doenças cardiovasculares.
O eletrocardiograma pode identificar arritmias, áreas com funcionamento alterado e sinais de infarto prévio. No entanto, ele não consegue detectar todos os tipos de alterações estruturais ou problemas coronarianos. Por isso, é fundamental considerar não apenas o resultado do exame, mas também os sintomas do paciente e seu histórico clínico, como hipertensão, diabetes, colesterol alto ou casos de infarto na família.
Por que o eletrocardiograma não é suficiente?
O ECG é um exame de triagem. Ele fornece uma “fotografia” do momento em que o coração está sendo analisado. Algumas doenças cardíacas, como insuficiência coronariana ou alterações nas válvulas, podem não se manifestar durante o teste. Além disso, problemas silenciosos, como o acúmulo de placas nas artérias, geralmente exigem exames complementares, como ecocardiograma, teste ergométrico ou tomografia coronariana.

Outro ponto importante é que fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, má qualidade do sono e estresse, podem comprometer a saúde cardíaca mesmo quando o eletrocardiograma não aponta anormalidades. A análise global da saúde do paciente é a chave para uma prevenção eficaz.
Quais sinais devem levar à investigação?
Mesmo com um eletro normal, é importante procurar um cardiologista ao apresentar sintomas como:
- Dor ou desconforto no peito;
- Falta de ar ou cansaço fácil;
- Tonturas ou desmaios;
- Palpitações ou coração acelerado;
- Inchaço nas pernas ou pés.
Esses sinais podem indicar alterações que não aparecem em um exame de rotina, mas que precisam de uma investigação detalhada.
A importância da prevenção cardiovascular
O diagnóstico precoce de problemas cardíacos depende de uma combinação de exames e acompanhamento médico. Manter hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, atividade física regular e controle dos fatores de risco, é essencial para evitar complicações graves. Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, as doenças cardiovasculares representam 30% das mortes no Brasil, muitas das quais poderiam ser prevenidas.