O nutricionista Samuel Pompeu (@nutrisamuelpompeu), com mais de 168 mil seguidores nas redes sociais, compartilhou sua experiência após 30 dias seguindo uma dieta carnívora. Esse tipo de alimentação, baseada exclusivamente no consumo de carnes e produtos de origem animal, tem ganhado atenção, mas também levanta inúmeras dúvidas sobre os impactos na saúde a longo prazo. Com um tom direto, Samuel analisou seus exames laboratoriais para mostrar o que realmente acontece no organismo com esse padrão alimentar.
Segundo o Ministério da Saúde e órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), dietas extremamente restritivas podem trazer riscos, principalmente quando há excesso de gorduras saturadas e baixo consumo de fibras e vegetais. Samuel deixa claro que, embora tenha observado pequenas melhoras em alguns marcadores, os resultados negativos superaram os positivos, especialmente em relação ao colesterol e triglicerídeos.
O que é a dieta carnívora e por que ela é polêmica?
A dieta carnívora consiste em eliminar todos os grupos alimentares, exceto carnes, ovos e alguns derivados de origem animal. Defensores dessa abordagem afirmam que ela pode reduzir inflamações, melhorar a saciedade e até facilitar o emagrecimento. No entanto, estudos científicos ainda são limitados, e especialistas alertam para os riscos do consumo excessivo de gordura saturada, presente em carnes vermelhas e processadas.
A OMS classifica o consumo frequente de carnes processadas como fator de risco para doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, como o colorretal. Além disso, a ausência de fibras pode comprometer a saúde intestinal, aumentar a constipação e reduzir a diversidade da microbiota.
O que mudou nos exames de Samuel Pompeu?
Durante os 30 dias de dieta carnívora, Samuel observou algumas alterações nos principais exames de sangue. Sua hemoglobina glicada, que estava em 5,1, baixou para 4,9, indicando uma leve melhora no controle glicêmico. Esse resultado pode estar relacionado à retirada dos carboidratos da alimentação, que reduz os picos de glicose no sangue.
Outro ponto positivo foi o aumento da testosterona, que passou de 560 para 700 ng/dL. Embora pareça um benefício, o nutricionista alerta que já havia atingido valores semelhantes em dietas equilibradas, sem necessidade de recorrer a uma alimentação tão restrita. “Não é exclusividade da dieta carnívora”, enfatiza Samuel.
Sua insulina também apresentou queda, passando de 6 para 2,1 µU/mL, resultado esperado devido à ausência de carboidratos. Já os níveis de vitamina B12 subiram de 400 para 540 pg/mL, uma consequência natural do alto consumo de alimentos de origem animal, que são ricos nesse nutriente.
Quais foram os efeitos negativos nos exames?
Apesar de algumas melhoras pontuais, os impactos negativos foram preocupantes. Os triglicerídeos, que estavam em 63 mg/dL, subiram para 106 mg/dL, o maior valor registrado pelo nutricionista. Ainda mais alarmante foi o aumento do colesterol total, que saltou de 216 mg/dL para 316 mg/dL após apenas um mês.
O colesterol LDL, conhecido como “colesterol ruim”, teve um aumento expressivo, passando de 122 para 235 mg/dL. Esses números elevam o risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), valores de LDL acima de 130 mg/dL já são considerados preocupantes para pessoas com fatores de risco.
Samuel alerta que, mesmo com pequenos benefícios em parâmetros como glicemia e testosterona, o aumento acentuado do colesterol não compensa. “Não faça dieta carnívora, a não ser que você queira ter problemas sérios de saúde”, afirma o especialista.
Por que o colesterol alto é um problema?
O colesterol é uma gordura essencial para o corpo, mas seu excesso, principalmente do tipo LDL, está diretamente associado à formação de placas nas artérias (aterosclerose), que podem causar entupimentos e levar a eventos graves como infartos. Uma alimentação rica em gorduras saturadas e trans, como na dieta carnívora, pode acelerar esse processo.

A American Heart Association reforça que a redução do consumo de gorduras saturadas é fundamental para manter níveis saudáveis de colesterol. Substituir carnes gordas por peixes, azeite de oliva e oleaginosas é uma estratégia recomendada para proteção cardiovascular.
Dietas restritivas são sustentáveis?
A dieta carnívora é considerada altamente restritiva e não sustentável a longo prazo. Além da falta de fibras e antioxidantes, a ausência de variedade alimentar pode levar a deficiências de vitaminas e minerais, como vitamina C, potássio e magnésio. Esses nutrientes desempenham papéis cruciais na saúde do sistema imunológico, na contração muscular e no metabolismo.
Samuel Pompeu defende que a melhor forma de emagrecer e melhorar a saúde é por meio de uma alimentação equilibrada, com presença de vegetais, frutas, proteínas magras e carboidratos complexos. “Dietas extremas podem até dar resultados rápidos, mas o preço a pagar pode ser alto”, alerta.
Como encontrar um plano alimentar saudável?
Para quem deseja melhorar os exames e o bem-estar, a chave está na personalização. Cada organismo reage de forma diferente aos alimentos, e o acompanhamento de um nutricionista é essencial para definir um plano adequado. Estratégias como o déficit calórico controlado, o aumento do consumo de fibras e a redução de ultraprocessados são comprovadamente eficazes.
Além disso, associar alimentação saudável à prática regular de atividade física potencializa os resultados. Exercícios ajudam a melhorar o perfil lipídico, reduzir a resistência à insulina e aumentar a longevidade.
O que dizem os órgãos oficiais sobre dietas baseadas em carne?
A OMS, em conjunto com o Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer (WCRF), recomenda limitar o consumo de carnes vermelhas a no máximo 350-500 gramas por semana e evitar carnes processadas, como bacon e embutidos. A ingestão frequente dessas carnes está associada a maior risco de câncer colorretal, hipertensão e aumento do colesterol.
Já a Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN) reforça que uma dieta saudável deve incluir diferentes grupos alimentares, com predominância de vegetais, grãos integrais, leguminosas, frutas e proteínas magras.
Links e fontes confiáveis sobre nutrição
- Ministério da Saúde: https://www.gov.br/saude/pt-br
- Organização Mundial da Saúde (OMS): https://www.who.int/
- Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC): https://www.cardiol.br/
- Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN): https://www.asbran.org.br/
- American Heart Association: https://www.heart.org/