Distúrbios do sono, como a insônia, podem afetar significativamente a qualidade de vida, comprometendo atividades cotidianas devido à dificuldade contínua de conciliar o sono ou permanecer adormecido. Para abordar esse problema, uma série de atividades físicas acessíveis e de baixo custo tem sido destacada como potenciais aliadas. Entre elas estão yoga, tai chi, corrida e caminhada simples, que têm se mostrado efetivas para melhorar a qualidade do sono.
Uma pesquisa envolvendo 22 estudos com 1.348 pacientes em análise detalhada revelou a eficácia de diferentes regimes de exercícios no tratamento da insônia. Com inclusão de sete formas específicas de exercício, o estudo comparativo destacou que atividades como yoga e tai chi não apenas aumentam a duração do sono, mas também reduzem o tempo acordado após adormecer.
Por que o yoga é eficaz contra a insônia?
A prática do yoga, com sua ênfase em consciência corporal e controle da respiração, foi destacada por aumentar o tempo de sono em quase duas horas. Além disso, pode reduzir o tempo desperto após o adormecimento em cerca de uma hora. O foco no relaxamento e na redução de ansiedade pode explicar esses benefícios, tornando o yoga uma intervenção eficaz para aqueles que sofrem de distúrbios do sono. Inclusive, instituições como a Organização Mundial da Saúde têm reconhecido os benefícios do yoga para o bem-estar integral, o que reforça seu uso no contexto clínico e comunitário.
Como o tai chi e as caminhadas beneficiam o sono?
Tai chi, uma arte marcial chinesa antiga, é conhecida por seus movimentos lentos e fluidos que promovem a relaxação física e controle da respiração, contribuindo para um melhor gerenciamento emocional. Estes fatores são essenciais para a qualidade do sono. Da mesma forma, caminhadas ou corridas têm o potencial de diminuir os níveis do hormônio do estresse, cortisol, e aumentar a produção de melatonina, o hormônio regulador do ciclo do sono. Em estudos realizados na Universidade de Stanford, evidenciou-se que a prática regular de exercícios leves favorece não só o sono, mas também a saúde cardiovascular.
Que outras intervenções auxiliam na insônia?
Para além dos exercícios físicos, abordagens como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), acupuntura, massagens e mudanças no estilo de vida também foram estudadas. A TCC, em particular, mostrou-se mais eficaz do que medicamentos para insônia em alguns ensaios. No entanto, a disponibilidade limitada de profissionais treinados pode ser um obstáculo para o acesso a essa terapia.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma forma de psicoterapia que busca modificar pensamentos e comportamentos que contribuem para a insônia. Envolve técnicas como restrição de tempo na cama, controle de estímulos e relaxamento que ajudam a promover hábitos de sono mais saudáveis. Essa abordagem é focada e estruturada, geralmente ocorrendo em um período limitado de sessões, permitindo ao paciente se tornar corresponsável pela gestão de seu sono. Em alguns países, plataformas digitais como o Sleepio, no Reino Unido, têm expandido o acesso à TCC por meio de programas online supervisionados por especialistas.
Quais mudanças no estilo de vida e práticas de higiene do sono ajudam?
Práticas de higiene do sono podem auxiliar significativamente no tratamento da insônia. Entre as recomendações estão: estabelecer um horário regular de sono, evitar atividades estimulantes perto da hora de dormir, criar um ambiente de sono adequado e limitar o uso da cama apenas para dormir e relações íntimas. Além disso, controlar a exposição à luz antes de dormir e evitar ingestão de cafeína e álcool são mudanças simples que podem melhorar a qualidade do sono.
Exercícios físicos podem ser solução de saúde pública?
Com as vantagens econômicas e de acessibilidade associadas a exercícios como yoga, tai chi, caminhadas e corridas, tais intervenções são vistas como altamente adequadas para integrar programas de saúde comunitários e cuidados primários. Embora existam limitações metodológicas em certos estudos, a evidência acumulada reforça o potencial terapêutico desses exercícios. Experiências em cidades como São Paulo e Nova York mostram que programas públicos de incentivo à atividade física têm impacto positivo sobre problemas de sono, conforme relatado em relatórios divulgados pelo Ministério da Saúde e pelo Departamento de Saúde de Nova York.
Além de proporcionar benefícios práticos e acessíveis, a inclusão de exercícios no manejo da insônia representa uma estratégia promissora em saúde pública, capaz de ser implementada em larga escala e com impacto potencialmente duradouro. Estudos adicionais de larga escala e alta qualidade são necessários para consolidar esses achados e expandir a compreensão das opções de tratamento disponíveis para insônia.
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De que forma a alimentação influencia nos distúrbios do sono?
A alimentação também pode exercer influência relevante na qualidade do sono. Estudos recentes apontam que dietas ricas em vegetais, frutas e alimentos integrais contribuem para um sono mais reparador. Em especial, nutrientes como magnésio e triptofano, presentes em alimentos como banana, nozes e leite, estão associados à melhora da qualidade do sono. O consumo excessivo de cafeína, especialmente antes de dormir, é um dos principais fatores alimentares para a piora da insônia, demonstrando a importância de uma rotina alimentar equilibrada na abordagem dos distúrbios do sono. Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Minas Gerais corroboram esses achados, sugerindo orientação nutricional individualizada como parte fundamental do tratamento.
O que considerar como conclusão?
Considerando os diversos aspectos discutidos, torna-se evidente que tanto os exercícios físicos quanto a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) surgem como abordagens viáveis e efetivas no tratamento da insônia. Tanto o yoga, tai chi, caminhadas e corridas, quanto outras mudanças no estilo de vida, oferecem soluções práticas e de baixo custo. Essas práticas não apenas melhoram a qualidade do sono, mas também contribuem para um bem-estar geral, posicionando-se como terapias importantes tanto em nível individual quanto em políticas de saúde pública. Integrar essas abordagens pode trazer benefícios significativos e duradouros para quem sofre de insônia.