Os três tipos de apego são fundamentais para compreender como nos relacionamos emocionalmente. A psicóloga Andressa Leal, conhecida nas redes como “psiandressaleal”, explica de forma clara os padrões de apego: seguro, ansioso e evitativo, mostrando como eles influenciam nossa forma de confiar, amar e lidar com vulnerabilidades.
Neste artigo você vai entender cada estilo de apego, conhecer sua origem na infância, identificar sinais no comportamento adulto e descobrir como é possível ressignificar essas bases para construir relações mais saudáveis e equilibradas.
O que é apego seguro e por que ele funciona tão bem?
O apego seguro se desenvolve quando uma criança cresce com adultos que oferecem cuidado e apoio de forma consistente. Sempre que chora, é acolhida; quando sente medo, recebe proteção. Isso constrói uma crença positiva: “posso confiar nas pessoas, elas estarão ao meu lado”.
Adultos com apego seguro tendem a manter relacionamentos estáveis, sabem se comunicar bem e conseguem ficar sozinhos sem ansiedade, pois confiam na continuidade do vínculo. Estudos em psicologia apontam que esse padrão está relacionado a maior resiliência emocional e bem-estar ao longo da vida.
Para quem tem esse estilo, o principal desafio é lidar com conflitos sem perder o equilíbrio. No entanto, pessoas com apego seguro geralmente possuem recursos internos para superar adversidades sem grandes impactos nas relações.
Como identificar o apego ansioso no seu comportamento?
O apego ansioso surge quando o cuidado recebido na infância é imprevisível. A criança não sabe se será acolhida ou ignorada, o que gera insegurança e necessidade constante de validação.
“ela começa a ficar em estado de alerta, ela fica sempre grudada, com medo de ser abandonada”
Na vida adulta, esse padrão pode se manifestar em comportamentos como mandar muitas mensagens, sentir ansiedade quando o outro não responde ou buscar sinais constantes de aprovação. Essa insegurança é geralmente alimentada pela sensação de “não ser suficiente”.
Para mudar esse padrão, é essencial identificar o que desperta a ansiedade e trabalhar a autoconfiança por meio de terapia e autoconhecimento. Criar vínculos mais claros e previsíveis também ajuda a reduzir esses sentimentos.
Por que o apego evitativo pode parecer proteção, mas prejudica a conexão?
O apego evitativo se forma quando, na infância, os sentimentos da criança são ignorados ou punidos. Isso a faz acreditar que demonstrar vulnerabilidade leva à rejeição. Assim, cresce aprendendo a guardar emoções para se proteger, aparentando frieza e distância.
“e quando ela mostra alguma vulnerabilidade, uma fragilidade dela, ela é chamada de coisas muito ruins”
Embora esse comportamento possa passar a impressão de independência, na verdade ele dificulta a intimidade emocional e a construção de relações profundas. Adultos com apego evitativo muitas vezes evitam falar sobre sentimentos ou se afastam quando alguém tenta se aproximar.
Para transformar esse padrão, é preciso aprender a se abrir gradualmente, praticando pequenos atos de vulnerabilidade em relações de confiança e estabelecendo limites saudáveis.
Como reaprender segurança nos relacionamentos atuais?
Nenhum tipo de apego é definitivo. A infância apenas moldou formas de adaptação, mas agora é possível construir vínculos mais conscientes. Isso envolve reconhecer seu estilo de apego, buscar autoconhecimento e praticar mudanças no dia a dia.

Algumas ações importantes são: desenvolver diálogos sinceros, expressar necessidades com clareza, aprender a dizer “não” e revisitar crenças antigas sobre confiança e merecimento. Esses passos ajudam a fortalecer a maturidade emocional e a capacidade de amar de forma equilibrada.
Quais sinais indicam que seu apego está mudando?
A mudança pode ser percebida em pequenas vitórias. Você começa a identificar quando age por medo, sente mais segurança ao pedir ajuda e consegue lidar com emoções sem exageros. Também se torna possível se afastar de alguém por necessidade, sem carregar culpa ou ansiedade.
Essas pequenas conquistas — como ter uma conversa franca, estabelecer limites ou aceitar acolhimento — são sinais de que o processo de ressignificação está acontecendo de forma saudável e consistente.
O que a ciência diz sobre mudar nosso tipo de apego?
Estudos em psicologia do desenvolvimento mostram que é possível alterar padrões de apego ao longo da vida. Terapias como a focada em emoções, a terapia de esquema e abordagens psicodinâmicas têm eficácia comprovada em ressignificar crenças formadas na infância.
Essas mudanças ocorrem por meio da repetição de experiências seguras no presente. Quando novas relações provam que confiança e acolhimento são possíveis, antigos padrões deixam de dominar os vínculos.