TDAH não é só desatenção é um tema essencial para quem convive com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. A psicóloga Maria Clara Silveira, conhecida como psiqclara, explica de forma clara que TDAH envolve muito mais: dificuldades para planejar, priorizar e executar tarefas, baixa autoestima, mecanismos compensatórios e sobrecarga mental. Seu conteúdo nas redes oferece acolhimento e ferramentas para entender e lidar com o transtorno.
Neste artigo você vai descobrir os principais sintomas do TDAH além da desatenção, entender seus impactos emocionais e psicológicos, aprender sinais presentes no dia a dia e conhecer caminhos reais para convivência saudável com o transtorno.
O que causa dificuldades de organização e sobrecarga mental no TDAH?
TDAH não se resume a “esquecer” tarefas ou compromissos. Um dos aspectos mais críticos é a dificuldade persistente em planejar, priorizar e executar ações. A pessoa muitas vezes é fria diante de prazos por estar sobrecarregada, sem saber por onde começar, mesmo quando se lembra do que precisa fazer. Ela também gasta energia desenvolvendo mecanismos compensatórios, como criar esquemas mentais ou listas intermináveis, o que exige esforço emocional constante.
Essa sobrecarga piora a autoestima, já que a pessoa com TDAH muitas vezes não consegue cumprir nem o mínimo esperado — o que reforça sentimentos de incompetência por mais que ela tente. Por isso, não basta apenas lembrar de realizar algo; é preciso conseguir organizar e agir, e isso requer suporte, ferramentas e terapia.
Quais sentimentos ocultos podem se manifestar no TDAH?
Um quadro frequente é a paralisia diante das tarefas, mesmo quando a pessoa se lembra do que precisa ser feito. Isso não é preguiça: é sobrecarga mental, confusão entre o que é urgente, importante ou apenas presente.
“ficar paralisado pela sobrecarga mental que representa fazer algo mesmo quando você se lembra”
Essa paralisia impede a ação. Além disso, a pessoa com TDAH pode sentir que “tudo é urgente” e que se não fizer um mínimo em cada coisa, ela deixa de existir até que o problema vire uma emergência extrema. Isso pode gerar ansiedade intensa e comportamento impulsivo, pois a pessoa tenta agir para aliviar o estresse, mas nem sempre consegue manter foco ou concluir tarefas.
Por que a autoestima costuma ser tão abalada no TDAH?
Muitos com TDAH já ouviram que são “irresponsáveis, atrasados, impulsivos, desrespeitosos”. Eles internalizam essas críticas e acreditam que algo está errado consigo mesmos.
“A pessoa com TDAH já ouviu muitas vezes o quanto ela é irresponsável, atrasada, impulsiva, desrespeitosa e na grande maioria das vezes ela acreditou e tentou mudar, mas sem saber como.”
Este cenário leva à dúvida constante sobre se mudar é a solução ou se o melhor é encontrar formas de conviver com a condição, com estratégias que respeitem seu modo de ser. A autoestima fica fragilizada por sentir que o esforço nunca é suficiente, mesmo quando a pessoa se esforça ao máximo.
Como viver bem com o TDAH apesar das dificuldades?
Viver com TDAH exige mais do que organização simples: requer investigação dos próprios padrões e conhecimento sobre o transtorno. É fundamental tratar os sintomas com apoio psicológico, terapias comportamentais e, quando indicado, medicação. O acolhimento profissional ajuda a compreender seus gatilhos, criar rotina com estrutura flexível, técnicas de priorização e formas de marcar o progresso — o que fortalece a autoestima.

Ferramentas como timers, aplicativos de foco, Pomodoro ou tarefas divididas em passos curtos tornam-se mecanismos realmente eficazes para driblar a sobrecarga e manter a sensação de vitória.
Como identificar sinais no seu dia a dia e buscar ajuda?
Fique atento a padrões recorrentes: dificuldade para iniciar tarefas, procrastinação constante, pensamentos acelerados, sensação de tudo urgente, baixa autoestima e mecanismos mentais exaustivos. Esses sinais são alertas importantes. Se baterem com sua realidade, procure um psicólogo ou psiquiatra. O diagnóstico e o encaminhamento para terapia ou avaliação medicamentosa são passos essenciais.
O apoio psicoeducativo — com estratégias específicas para o TDAH — é tão importante quanto o tratamento clínico. Aprender a conviver com o transtorno e usar seus pontos fortes multiplica a produtividade e reduz a frustração emocional.
Por que é importante entender que TDAH não se limita à falta de atenção?
TDAH é um transtorno complexo que envolve muito mais do que falta de foco. Envolve emoção, autoestima e estratégia. A confusão entre sintomas cognitivos, emocionais e comportamentais faz o transtorno passar despercebido, subdiagnosticado ou ignorado em muitos grupos. Reconhecer todas as facetas permite acolher quem vive com TDAH com mais respeito e eficácia.
Compreendendo isso, fica mais fácil fomentar empatia, criar espaços de inclusão no trabalho, na escola e na família — onde estratégias simples podem fazer diferença no dia a dia.
Como transformar o TDAH em vantagem?
Pessoas com TDAH têm qualidades únicas: criatividade intensa, energia para empreender, capacidade de hiperfoco em algo que interessa e pensamento divergente. O segredo é criar ambiente que potencialize essas habilidades: ambientes organizados, suporte emocional, rotina estruturada sem rigidez, e estratégias que respeitem seu modo de pensar.
Com a combinação certa entre autoconhecimento, terapia, apoio profissional e práticas de foco saudáveis, o TDAH deixa de ser um obstáculo e vira base para inovação e crescimento.