Durante muito tempo, o conceito de realizar cinco refeições ao dia foi defendido por muitos especialistas em nutrição como uma prática essencial para manter um metabolismo equilibrado e uma boa saúde. No entanto, pesquisas recentes começaram a questionar essa recomendação tradicional, sugerindo que talvez não seja a única, nem a melhor maneira de garantir um bem-estar ideal ao longo dos anos.
Algumas vozes no campo científico, como a do David Sinclair, da Universidade de Harvard, começaram a propor abordagens alternativas. Sinclair, que é uma figura de destaque nos estudos sobre envelhecimento, sugeriu a ideia de reduzir a frequência das refeições diárias, chegando até a propor a possibilidade de limitar a ingestão a apenas uma refeição ao dia. Essa abordagem se baseia em teorias que destacam não só a importância do que se consome, mas também do momento em que se faz essa ingestão.
É possível comer apenas uma vez por dia?
O argumento a favor de uma única refeição diária é sustentado pelo princípio da hormese, que implica submeter o organismo a um leve estresse para fortalecer suas respostas adaptativas. Segundo Sinclair, permitir que o corpo atravesse breves períodos sem alimento poderia ativar mecanismos de sobrevivência que favorecem a longevidade. Essa teoria sugere que acostumar o organismo a não estar constantemente satisfeito pode trazer benefícios para a saúde a longo prazo. Alguns estudos conduzidos em animais, e também alguns em humanos, reforçam essa ideia ao indicarem melhorias na sensibilidade à insulina e aumento da eficiência do metabolismo em situações de restrição alimentar programada.
Quais são os benefícios de reduzir a frequência das refeições?
Adotar menos refeições ao longo do dia pode trazer diversos benefícios, de acordo com algumas pesquisas. Em primeiro lugar, pode ajudar a reduzir o risco de doenças crônicas como diabetes e obesidade, pois menos refeições podem resultar em melhor controle dos níveis de açúcar no sangue e menor acúmulo de gordura corporal. Além disso, pode estimular processos de reparação e regeneração celular, fundamentais para retardar o envelhecimento. Novas evidências também mostram que regimes alimentares com restrição de tempo podem melhorar a saúde cardiovascular e a função cerebral.

No contexto brasileiro, estudos realizados em cidades como São Paulo têm investigado a relação entre a frequência das refeições e parâmetros de saúde, apontando tendências similares às observadas em outros países, inclusive nos Estados Unidos. Vale acrescentar que empresas como a Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil ainda recomendam cautela para mudanças radicais, motivando mais estudos locais sobre o tema.
O que os especialistas dizem sobre o jejum intermitente?
O jejum intermitente, prática que compartilha semelhanças com a teoria de apenas uma refeição ao dia, vem ganhando popularidade como uma alternativa viável. Essa abordagem envolve ciclos regulares de alimentação e jejum, incluindo padrões como o 16/8, no qual se jejua por 16 horas e se alimenta durante as 8 horas restantes. Muitos profissionais de saúde estão começando a considerar essas práticas como estratégias válidas para melhorar a saúde metabólica e aumentar a longevidade. No entanto, é importante notar que os estudos sobre os benefícios do jejum intermitente ainda são preliminares, e mais pesquisas são necessárias para confirmações definitivas. Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas para compreender plenamente os benefícios e riscos, a discussão sobre o jejum intermitente continua crescendo nas comunidades científicas e de bem-estar, inclusive em países como o Brasil, onde a busca por estratégias alimentares inovadoras também é intensa.
Apesar do potencial do jejum intermitente, é crucial que aqueles interessados em seguir essa prática consultem profissionais de saúde para garantir uma abordagem segura e adaptada às suas necessidades individuais. Buscar orientação profissional antes de mudanças significativas na dieta assegura que os leitores busquem acompanhamento adequado, minimizando riscos à saúde.
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Quais são os riscos do jejum intermitente?
Embora o jejum intermitente possa ter benefícios, é importante estar ciente de potenciais riscos associados. Entre os riscos estão a possibilidade de hipoglicemia, especialmente em pessoas que já têm um controle delicado dos níveis de açúcar no sangue, e deficiências nutricionais caso o jejum não seja adequadamente planejado. É crucial que aqueles interessados em seguir essa prática consultem profissionais de saúde para garantir uma abordagem segura e adaptada às suas necessidades individuais. Outros fatores, como rotina, idade e doenças pré-existentes também precisam ser considerados, como alerta a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
Em última análise, embora a ideia de reduzir a quantidade de refeições diárias seja fascinante e possa oferecer benefícios significativos, trata-se ainda de um tema em constante pesquisa. É fundamental que cada indivíduo leve em consideração suas próprias necessidades alimentares e consulte especialistas em saúde antes de realizar mudanças drásticas em sua rotina de alimentação. Essa decisão deve ser personalizada e adaptada às circunstâncias de cada pessoa, garantindo uma transição segura e eficaz para qualquer novo padrão alimentar.