O governo federal anunciou a criação de um grupo de estudos para desenvolver um sistema de geolocalização 100% brasileiro, funcionando como alternativa ao GPS dos Estados Unidos. A medida visa reduzir a vulnerabilidade tecnológica do país frente a possíveis tensões geopolíticas.
O que motivou a iniciativa de um sistema brasileiro de navegação?
O projeto ganhou força após rumores sobre possíveis restrições ao uso do GPS no Brasil por parte do governo americano, liderado por Donald Trump. Embora a possibilidade de “desligamento” do GPS tenha sido descartada oficialmente, o episódio levantou preocupações sobre a soberania digital do Brasil.
Quem participa do grupo responsável pelo GPS nacional?
Coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o grupo reúne representantes de:
- Ministério da Ciência e Tecnologia
- Ministério das Comunicações
- Ministério da Defesa
- Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
- Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
- Agência Espacial Brasileira (AEB)
- Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
- Comando da Aeronáutica
- Telebras e Laboratório Nacional de Astrofísica
As reuniões ocorrem no Palácio do Planalto, em Brasília.

Quais serão os objetivos do novo sistema de geolocalização?
O grupo tem até 180 dias, prorrogáveis por mais 180, para apresentar um plano detalhado com:
- Estudos técnicos para criação de um sistema próprio de posição, navegação e tempo (PNT)
- Mapeamento das capacidades laboratoriais e industriais necessárias
- Propostas de fomento e financiamento à nova tecnologia
- Identificação de vulnerabilidades relacionadas à dependência de sistemas estrangeiros
Quais são as alternativas já existentes ao GPS americano?
O GPS, desenvolvido pelos EUA nos anos 1970, não é a única tecnologia de navegação via satélite em operação. Existem outras alternativas com cobertura global:
- Beidou (China): sistema com maior número de satélites ativos
- Galileo (União Europeia): foco em precisão e aplicações civis
- GLONASS (Rússia): sistema militar e civil com ampla cobertura
A maioria dos smartphones modernos já consegue acessar esses sistemas em conjunto.
GPS pode mesmo ser desligado no Brasil?
Segundo assessores do governo, não há indícios reais de que os EUA desligariam o GPS no Brasil, a não ser em cenários extremos como conflitos armados. Além disso, essa decisão afetaria empresas americanas que operam no país e dependem do serviço.
A criação de um sistema próprio, portanto, visa principalmente garantir a autonomia tecnológica e a segurança nacional, e não responde diretamente a uma ameaça concreta no momento.