Ir dormir cedo é um hábito que vai além de simplesmente melhorar o descanso noturno. Diversos estudos mostram que se deitar mais cedo à noite está correlacionado com maior atividade física, impactando de forma positiva a saúde em geral. Uma pesquisa recente realizada pela Universidade de Monash, na Austrália, publicada na renomada revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), fornece dados sólidos que sustentam essa afirmação.
A análise incluiu 19.963 adultos que utilizavam dispositivos biomédicos, permitindo a obtenção de dados precisos sobre padrões de sono e atividade física ao longo de um período extenso, especificamente entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022. Dispositivos biomédicos são aparelhos que monitoram sinais vitais e atividades do corpo humano, como frequência cardíaca, movimento e ciclos de sono, oferecendo informações valiosas para estudos científicos.
Os resultados mostram que aqueles que costumavam ir para cama antes das 21h faziam aproximadamente 30 minutos a mais de exercício físico moderado a vigoroso no dia seguinte, se comparados aos que iam dormir mais tarde, por volta da meia-noite ou 1h da manhã.
Por que dormir cedo influencia a atividade física?
Esse fenômeno se deve a vários fatores, entre eles o destaque para a disposição de tempo e energia ao realizar exercícios pela manhã. Pessoas que adotam um horário de sono mais cedo costumam acordar antes, com a mente mais descansada e relaxada, o que as permite utilizar as horas matinais para atividades físicas como caminhar, correr ou treinar na academia.

Além disso, dormir cedo pode significar começar as tarefas do dia mais cedo, deixando o período da tarde livre para outras atividades, incluindo o exercício físico. A reorganização do tempo diário permite um uso mais eficiente das horas de luz do dia e favorece uma rotina constante de atividade física. Em muitos casos, acordar cedo pode estar associado à exposição à luz natural do início da manhã, que contribui para o ajuste do relógio biológico e para uma sensação maior de disposição mental e física durante o dia.
Como a luz azul afeta a qualidade do sono?
O uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir pode prejudicar a qualidade do sono devido à luz azul emitida por suas telas. A luz azul interfere na produção do hormônio melatonina, que regula o sono, fazendo o cérebro pensar que ainda é dia e dificultando o adormecimento. Portanto, uma das formas de melhorar a qualidade do sono é evitar o uso de telas próximas à hora de dormir. Adicionalmente, o uso excessivo desses dispositivos pode contribuir para procrastinação do sono, reduzindo ainda mais o tempo disponível para repouso.
Qual é o impacto do exercício regular na saúde e longevidade?
A importância do exercício para a saúde não é um tema novo. Estudos anteriores já mostraram que o exercício regular não só ajuda a manter um peso saudável, como também retarda o envelhecimento biológico. Praticar exercícios, como correr 30 minutos cinco vezes por semana, foi associado a uma vantagem biológica de envelhecimento de até nove anos.
Nesse contexto, a soma semanal de minutos extras de atividade física, impulsionada por uma noite de sono precoce, pode ter um impacto significativo a longo prazo. Desde o fortalecimento dos músculos até o aprimoramento da saúde mental, os benefícios da atividade física são múltiplos e inestimáveis.
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De que forma a mudança de horários pode influenciar hábitos saudáveis?
Alterações no hábito de sono podem ser uma estratégia eficaz para incrementar a atividade física diária sem demandar esforço adicional. Uma política de saúde pública que promova ambos fatores de forma conjunta pode apresentar resultados mais substanciais do que abordar cada um separadamente.
- Regulação mais eficiente do humor e funcionamento cognitivo.
- Melhoria na qualidade geral do sono e regulação hormonal.
- Maior disposição e energia para realizar rotinas diárias e exercícios físicos.
Esses resultados refletem a importância de integrar condutas como dormir cedo e praticar exercícios para aprimorar a saúde pública. Por meio de uma abordagem holística, que reconheça a interação entre esses comportamentos, as intervenções em saúde podem ser mais eficazes e abrangentes.