A hipertensão arterial, prevalente em todo o mundo, continua sendo um desafio significativo para a saúde pública. Estima-se que mais de 10 milhões de pessoas morram anualmente devido a complicações cardiovasculares relacionadas a esta condição. Historicamente, o manejo da hipertensão tem sido focado principalmente na prescrição de medicamentos. No entanto, pesquisas recentes têm destacado o papel crucial do exercício físico, sobretudo o treinamento de força combinado com atividades aeróbicas moderadas, como componentes eficazes para a redução da pressão arterial.
Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Escola Universitária UAX Rafa Nadal na Universidade Alfonso X el Sabio trouxe à luz a importância desses programas de treinamento. Por meio de um ensaio controlado de 12 semanas, os pesquisadores observaram os efeitos de diversos protocolos de exercício em adultos diagnosticados com hipertensão. A conclusão foi clara: o grupo que participou de treinamentos combinados de força e aeróbico moderado obteve as melhorias mais notáveis na saúde cardiovascular.
Como o exercício físico afeta a pressão arterial?
O exercício físico regular tem o potencial de provocar mudanças favoráveis no corpo, como a melhoria da capacidade aeróbica e o aumento da força muscular. Tais alterações são acompanhadas por reduções significativas nos níveis de pressão arterial. Especificamente, exercícios que combinam força e atividade aeróbica mostraram ser superiores em eficácia quando comparados a práticas realizadas isoladamente. Pesquisas publicadas em revistas científicas de renome, como o British Journal of Sports Medicine, destacam que a combinação de diferentes tipos de exercício pode reduzir a pressão arterial sistólica e diastólica de maneira mais eficaz. Outros estudos com populações de diferentes países também reafirmam esses benefícios, reforçando que essas estratégias podem ser adaptadas a diversos contextos culturais e sociais.
Qual é o impacto específico dos treinamentos combinados?
O grupo que seguiu o protocolo combinado de treino de força e exercício aeróbico moderado mostrou reduções impressionantes na pressão arterial sistólica (–13,4 mmHg) e diastólica (–6,8 mmHg). Esses números representam uma melhora clinicamente significativa para aqueles que lutam contra a hipertensão. Ademais, os participantes dessa fase do estudo também experimentaram melhorias na força muscular e uma redução no perímetro abdominal, que é um indicador de gordura visceral, além do aumento do consumo máximo de oxigênio, conhecido como VO₂pico, um fator crítico para a saúde cardiovascular. Vale lembrar que a redução do VO₂pico está associada a maior risco de eventos cardiovasculares, reforçando ainda mais a relevância de sua melhora por meio de exercícios regulares.

Por que o treinamento combinado supera exercícios de alta intensidade?
Enquanto muitos podem pensar que treinos de alta intensidade são mais eficazes devido à sua natureza vigorosa, as evidências sugerem que o treinamento combinado com cargas moderadas proporciona benefícios amplificados em comparação com exercícios exclusivamente de alta intensidade. Segundo os pesquisadores, esse tipo de treinamento otimiza funções vasculares, promove a perda de gordura visceral e melhora o perfil metabólico mais eficientemente, sem ocasionar efeitos adversos em pacientes com hipertensão. Além disso, treinos intensos podem causar maior estresse cardiovascular em pessoas não adaptadas, tornando o protocolo combinado uma alternativa mais segura.
Quais são as recomendações práticas para a gestão da hipertensão?
Baseado nos achados do estudo, sugere-se que indivíduos hipertensos participem de dois a três treinamentos de força semanais que incluam exercícios compostos, como agachamentos e supino. Devem também integrar entre 20 a 30 minutos de atividade cardiovascular moderada, como ciclismo ou uso de elíptico, em suas rotinas. Além disso, atividades ao ar livre e a exposição à luz solar têm sido indicadas para auxiliar na regulação dos níveis de pressão arterial, conforme pesquisas realizadas em instituições britânicas como a Universidade de Edimburgo. Também é recomendado procurar acompanhamento profissional individualizado, preferencialmente com fisiologistas do exercício ou médicos especializados, para ajustar a rotina de atividades às necessidades de cada paciente.
Tais descobertas ampliam as opções de manejo da hipertensão, demonstrando que o exercício não é apenas uma adição segura às intervenções farmacológicas, mas também uma ferramenta independente e poderosa para o controle da pressão arterial. A implementação desses programas pode transformar significativamente a qualidade de vida entre aqueles que convivem com a hipertensão arterial.