A maneira como reagimos às críticas, elogios e opiniões externas pode definir o quanto somos emocionalmente livres. O psiquiatra Dr. Gabriel Paiva (CRM 180821, RQE 94269) alerta que muitas pessoas acabam se tornando prisioneiras do olhar alheio, deixando que a opinião dos outros dite suas escolhas, sua autoestima e até sua identidade. Esse comportamento, além de desgastante, pode impedir a construção de uma vida autêntica e satisfatória.
De acordo com o especialista, viver em busca de aprovação constante ou se comparando o tempo todo com outras pessoas é um caminho direto para a frustração. Quando damos poder excessivo ao julgamento externo, abrimos mão do protagonismo da nossa própria história. “Quando você se ofende e se irrita com os outros muito facilmente, quando você pede conselhos para toda decisão que tem que tomar, quando você se compara muito e copia o que os outros estão fazendo, nesse momento você é um prisioneiro dos outros”, explica o Dr. Gabriel Paiva.
O que significa ser refém das opiniões externas?
A dependência emocional do que os outros pensam se manifesta de diferentes formas: necessidade de validação constante, medo excessivo de críticas, dificuldade em dizer “não” e até uma tendência de moldar os próprios desejos para agradar. Embora seja natural buscarmos referências no meio social, quando isso se torna exagerado, a pessoa perde o senso de individualidade e começa a viver uma vida que não reflete seus verdadeiros valores.
O psiquiatra ressalta que muitas vezes esse comportamento está associado a experiências de infância, como a necessidade de aprovação dos pais ou figuras de autoridade, mas também pode ser intensificado pelas redes sociais. A comparação frequente com vidas “perfeitas” mostradas online pode aumentar a insegurança e diminuir a autoconfiança.
A importância de construir uma identidade sólida
Segundo o Dr. Gabriel Paiva, um dos primeiros passos para recuperar o controle emocional é fortalecer a própria identidade. Isso significa reconhecer quais são os seus valores, interesses, limites e sonhos, sem se deixar influenciar de forma desproporcional pelas expectativas dos outros.
A verdadeira liberdade emocional não está em ignorar tudo ao redor, mas em aprender a filtrar as informações externas. Como afirma o especialista: “Você tem que filtrar o que chega até você de acordo com o que você mesmo pensa e de acordo com os seus próprios valores e propósitos.”
Ter clareza sobre quem você é permite lidar melhor com críticas, sem que elas abalem sua autoestima, e também aceitar elogios de forma saudável, sem criar uma dependência emocional de aprovação.
Como desenvolver inteligência emocional?
A inteligência emocional é uma das principais ferramentas para deixar de dar poder excessivo aos outros. Ela envolve a capacidade de reconhecer e gerenciar as próprias emoções, compreender os sentimentos alheios e agir de forma equilibrada diante de situações desafiadoras.
O Dr. Gabriel Paiva destaca algumas estratégias para desenvolver essa habilidade:
- Autoconhecimento: identificar gatilhos emocionais e entender por que determinadas situações ou críticas afetam tanto.
- Autocompaixão: tratar-se com gentileza, reconhecendo os próprios erros sem julgamentos severos.
- Definição de limites: aprender a dizer “não” e proteger a própria saúde emocional.
- Filtro seletivo: saber diferenciar conselhos construtivos de opiniões irrelevantes.
Praticar a inteligência emocional não significa deixar de ouvir os outros, mas sim reconhecer quando uma opinião tem valor e quando ela é apenas fruto de julgamentos superficiais. Esse equilíbrio evita que a pessoa viva em constante estado de vulnerabilidade emocional.
Comparação social: como parar de se sentir inferior?
Um dos grandes vilões da liberdade emocional é a comparação constante. Nas redes sociais, vemos apenas os “melhores momentos” da vida alheia, o que pode gerar uma falsa impressão de que todos estão mais felizes ou bem-sucedidos. Para o Dr. Gabriel Paiva, isso é um erro perigoso: “Quando você se compara demais e copia o que os outros estão fazendo, você perde o foco na sua própria jornada e se torna prisioneiro das escolhas alheias.”

A dica do especialista é voltar a atenção para o próprio progresso, celebrando pequenas conquistas diárias e mantendo metas realistas. Substituir a comparação por inspiração é uma mudança poderosa para manter a autoestima saudável.
O impacto da busca excessiva por aprovação
Viver para agradar os outros pode gerar uma série de consequências emocionais:
- Ansiedade constante, causada pelo medo de não corresponder às expectativas.
- Perda de autenticidade, já que as decisões são tomadas para satisfazer terceiros.
- Dificuldade em manter relacionamentos saudáveis, pois a pessoa se anula para evitar conflitos.
- Baixa autoestima, alimentada pela sensação de nunca ser suficiente.
O Dr. Gabriel Paiva explica que recuperar a autonomia emocional exige prática diária, como se fosse um treino mental. Estabelecer prioridades pessoais, reconhecer qual é a sua verdade e aprender a se valorizar são passos fundamentais para essa mudança.
Exercícios para fortalecer a autonomia emocional
- Escreva sobre suas próprias qualidades: listar pontos fortes ajuda a lembrar quem você é sem a validação externa.
- Pratique a gratidão: agradecer pelo que já conquistou diminui a necessidade de aprovação.
- Treine respostas neutras a críticas: em vez de reagir impulsivamente, respire fundo e avalie se o comentário é construtivo.
- Reduza o tempo em redes sociais, especialmente se elas estão alimentando comparações constantes.
A longo prazo, essas práticas fortalecem a autoconfiança e criam uma sensação de liberdade emocional.
O que dizem as organizações de saúde mental?
Instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a American Psychological Association (APA) destacam que desenvolver inteligência emocional é essencial para o bem-estar mental e para a prevenção de transtornos como ansiedade e depressão. O Ministério da Saúde também reforça a importância do autocuidado e da busca por ajuda profissional quando as emoções se tornam difíceis de controlar.
Fontes Oficiais e Links Úteis
Harvard Health Publishing – Emotional Intelligence:
https://www.health.harvard.edu/mind-and-mood/emotional-intelligence
Organização Mundial da Saúde – Mental Health:
https://www.who.int/health-topics/mental-health