O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa um dos principais desafios à saúde pública no Brasil, figurando como a segunda causa de óbitos no país. De janeiro a setembro de 2025, o Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV) registrou um atendimento diário de vítimas desse grave problema, totalizando 356 pacientes. O AVC se divide em dois tipos principais: o isquêmico, que responde por 80% dos casos, e o hemorrágico, representando 20% das ocorrências. Enquanto o primeiro ocorre em função da obstrução de um vaso sanguíneo, o segundo é caracterizado pelo rompimento de um vaso, resultando no vazamento de sangue para o interior do cérebro.
O AVC não discrimina, afetando um em cada seis adultos em escala global. Atualmente, a enfermidade é responsável por 10% das mortes no mundo, sendo mais prevalente entre aqueles com mais de 60 anos, especialmente os que apresentam comorbidades. Entre os fatores de risco, destacam-se hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, tabagismo, sedentarismo e obesidade. Indivíduos com histórico de problemas cardíacos, como a fibrilação atrial, também estão em um segmento de risco elevado para o desenvolvimento do AVC.
Quais são os sintomas e sinais de alerta do AVC?
Dentre os sintomas mais comuns do AVC, encontram-se cefaleia, dificuldade de fala, perda de força motora em um dos lados do corpo, tontura, desvio da rima labial e confusão mental. A identificação rápida desses sinais é crucial para aumentar as chances de recuperação, pois cada minuto conta em casos de suspeita de AVC. A identificação precoce dos sintomas é determinante para evitar danos ao cérebro, pois até três horas depois do ocorrido, é possível reverter a maior parte dos danos causados pelo AVC. Diagnosticar precocemente pode prevenir sequelas mais graves, já que o tempo é fundamental para a eficácia do tratamento.

Em situações de suspeita, é essencial procurar o socorro médico imediatamente. Além disso, a avaliação superficial das funções motoras pode revelar um derrame cerebral. Para saber se alguém pode ter sofrido um AVC, peça para a pessoa levantar os braços, sorrir, repetir uma frase e colocar a língua para fora e para os lados. Caso a pessoa apresente dificuldades nestas tarefas, ela deve ser levada imediatamente a um hospital. Na prática, um exame de tomografia ou ressonância magnética de crânio desponta como ferramenta crucial para um diagnóstico preciso. Com o auxílio dessas tecnologias, os médicos podem determinar o tipo de AVC e definir o tratamento mais adequado, variando conforme a gravidade e natureza do acidente vascular. Recentemente, hospitais de referência em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro vêm implementando protocolos acelerados para a triagem e tratamento, aumentando as taxas de sucesso na reversão dos sintomas.
Como prevenir o acidente vascular cerebral?
A prevenção é um componente fundamental no combate ao AVC. Adotar um estilo de vida saudável é uma das recomendações mais eficazes. Isso envolve seguir uma dieta equilibrada, com baixo consumo de sal e frituras, além de praticar atividades físicas regularmente. Consultas médicas periódicas são igualmente importantes para o controle de condições de base que podem predispor o indivíduo ao AVC. Essas medidas são aliadas essenciais na redução do risco de desenvolvimento da doença. Recentemente, campanhas promovidas por entidades como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde têm reforçado a importância da prevenção nas diferentes faixas etárias.
O que está sendo feito para melhorar o atendimento de AVC no Brasil?
Para aumentar a qualidade do atendimento aos pacientes vítimas de AVC, iniciativas de capacitação vêm sendo promovidas. No Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral, o Hospital São Vicente de Paulo destacou-se pela realização de uma aula on-line voltada para o aperfeiçoamento dos serviços de emergência. Essa atividade é parte da Iniciativa Angels, que visa aprimorar a resposta hospitalar para casos de AVC.

Com a participação de profissionais renomados, como o Dr. Alexandre Pieri, a aula abordou aspectos vitais do atendimento vascular e cardiovascular, reforçando a importância da preparação técnica e do treinamento contínuo. Tais ações são fundamentais para assegurar que os serviços de saúde estejam devidamente equipados para lidar com os desafios impostos pelo AVC, melhorando as taxas de sobrevida e reduzindo as possíveis sequelas. Em algumas cidades, como Curitiba e Fortaleza, estão sendo implantadas redes integradas que facilitam a transferência de pacientes entre diferentes níveis de atendimento, otimizando recursos e agilizando o início do tratamento.
Quais são as principais sequelas deixadas pelo AVC?
As sequelas do AVC podem variar de acordo com a gravidade e a rapidez do atendimento. Entre as principais estão a perda de força em membros, dificuldade de fala, alterações de memória e cognição, problemas de visão, além de sequelas emocionais, como depressão e ansiedade. Por isso, o acompanhamento multidisciplinar envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e apoio psicológico é imprescindível para potencializar a recuperação do paciente.
Quais inovações tecnológicas apoiam o tratamento do AVC?
Nos últimos anos, avanços tecnológicos vêm contribuindo significativamente para o tratamento do AVC. Métodos modernos de telemedicina permitem que especialistas em neurologia auxiliem equipes mesmo à distância, agilizando decisões clínicas. Equipamentos avançados de tomografia e ressonância magnética oferecem diagnósticos mais rápidos e precisos, enquanto novos medicamentos trombolíticos e técnicas de cateterismo têm aumentado as chances de recuperação de muitos pacientes. Além disso, plataformas digitais como o Telestroke Brasil e aplicativos de alerta rápido, como o FAST-AVC, também estão facilitando o acesso rápido ao tratamento e melhorando a comunicação entre ambulâncias e hospitais. Esses recursos tecnológicos representam um passo importante para salvar vidas e melhorar a qualidade de vida após o AVC.