Medo de errar e autocobrança são temas muito comuns e impactantes na vida das pessoas. A psicóloga Andressa Leal (@psiandressaleal) aborda esse dilema com profundidade: vivemos em uma cultura que valoriza resultados perfeitos, onde o processo é invisível e o erro é visto como fracasso. A verdadeira angústia não está no erro em si, mas em como reagimos a ele e no medo de sermos julgados.
Ela reforça que tentar, tropeçar e aprender faz parte do crescimento. Reconhecer isso ajuda a desenvolver mais coragem, autoconhecimento e menos autocensura.
Por que o medo de errar causa tanto sofrimento?
O medo de errar está diretamente ligado à autocobrança excessiva — uma exigência interna de atingir padrões extremamente altos. Quando essa pressão é intensa, gera sentimentos de estresse, ansiedade e baixa autoestima. A busca obsessiva pela perfeição costuma resultar em procrastinação, bloqueio criativo e cansaço emocional.
Nessa dinâmica, qualquer erro é percebido como uma falha de caráter, e não como um aprendizado. Assim, muitas pessoas preferem não tentar do que enfrentar a possibilidade de falhar e serem criticadas.
Como a autocobrança interfere na aprendizagem?
Andressa aponta que vivemos numa cultura que preza o resultado final e ignora o caminho percorrido. Esse padrão reforça uma mentalidade fixa, onde errar significa incompetência. Em contrapartida, a mentalidade de crescimento — valorizada por psicólogos como Carol Dweck — promove resiliência, bem-estar e aprendizado contínuo.

Por outro lado, o que se chama de perfeccionismo desadaptativo envolve padrões impossíveis de alcançar, autocríticas severas e uma insatisfação contínua com o próprio desempenho, prejudicando tanto o aprendizado quanto o equilíbrio emocional.
Como lidar melhor com o medo de errar?
Andressa destaca a importância de viver o erro como parte do processo. Tentar, falhar e se levantar novamente é um sinal de maturidade e consciência. Algumas estratégias eficazes incluem:
- cultivar autoaceitação, em vez de julgamento;
- reformular pensamentos automáticos do tipo “sou insuficiente”;
- buscar terapia cognitivo-comportamental para lidar com padrões autocríticos e pensamentos negativos automáticos.
Quais são os sinais de autocobrança excessiva?
Atitudes comuns que indicam pressão interna demais:
- evitar começar tarefas por medo de falhar;
- revisar excessivamente antes de compartilhar ideias;
- procrastinar quando as expectativas são muito rigorosas;
- dificuldade em lidar com feedback ou críticas;
- sensação de esgotamento mental e físico devido à exigência constante.
Reconhecer esses sinais é o primeiro passo para agir com mais gentileza consigo mesmo.
Como cultivar autoconhecimento e compaixão interna?
Desenvolver uma mentalidade de crescimento envolve valorizar o aprender em vez de buscar perfeição. Práticas úteis incluem:
- permitir-se errar e refletir sobre o que o erro ensinou;
- reduzir a pressão interna de autopunição;
- encarar os próprios tropeços com empatia, não com culpa.
Essa postura converte o erro em uma ferramenta de evolução, em vez de um obstáculo.
Fontes oficiais consultadas
- Conselho Federal de Psicologia (CFP): www.cfp.org.br
- Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP): www.sbp.org.br