Déficit calórico e queima de gordura são dois termos muito citados quando o assunto é emagrecimento, mas ainda geram confusão. Segundo o nutricionista Matheus D’Ávila (@matheusdavilanutri), ao reduzir a ingestão calórica, o corpo passa por etapas naturais e previsíveis: primeiro elimina água, depois o glicogênio armazenado e, por fim, recorre à gordura como fonte de energia. Essa sequência explica por que os primeiros quilos perdidos costumam ser rápidos e visíveis — e por que a gordura localizada demora mais a sair.
Ele ainda reforça que não é possível escolher de qual parte do corpo a gordura será retirada. O emagrecimento acontece de forma sistêmica. Além disso, manter massa muscular com treino e proteína é essencial para emagrecer sem ficar com a aparência flácida ou “murcha”.
O que o corpo perde primeiro em um déficit calórico?
Ao iniciar um déficit calórico, o corpo busca energia nos estoques mais acessíveis. A primeira perda significativa é de água — principalmente pela redução de carboidratos e do glicogênio, que retém líquido no organismo. Isso faz com que os números na balança caiam rápido nos primeiros dias, criando a impressão de perda de gordura, quando na verdade é apenas líquido.
Na sequência, o corpo consome o glicogênio armazenado nos músculos e fígado. Esse processo é eficiente para gerar energia em curto prazo, mas não representa uma redução de gordura corporal. É apenas a fase inicial de adaptação metabólica.
Quando o corpo começa a queimar gordura de verdade?
A queima de gordura acontece depois que os estoques imediatos de energia, como glicogênio e água, se esgotam. Isso costuma ocorrer após alguns dias ou semanas em déficit calórico contínuo. Nesse momento, o corpo ativa a lipólise — quebra de gordura estocada para produção de energia.

Contudo, o emagrecimento não é seletivo: não dá para escolher perder gordura só do abdômen, coxas ou braços. A redução ocorre de forma proporcional e de acordo com a genética de cada pessoa. O ideal é manter uma rotina consistente de alimentação e treino para que o corpo reduza gordura ao longo do tempo, de forma saudável.
Por onde a gordura “sai” do corpo quando emagrecemos?
Grande parte da gordura perdida é eliminada pela respiração, sob a forma de dióxido de carbono, enquanto o restante sai pela urina, suor e fezes. Esse é um processo natural do metabolismo energético. Quando as células de gordura (adipócitos) liberam seus estoques, elas apenas diminuem de tamanho — não desaparecem completamente.
Ou seja, emagrecer não é eliminar células de gordura, mas sim esvaziá-las. Por isso, manter o peso exige equilíbrio calórico e estilo de vida ativo no longo prazo. A redução drástica e sem acompanhamento pode levar à perda de músculo e efeito sanfona.
Como manter a massa muscular durante o emagrecimento?
Segundo Matheus D’Ávila, o segredo está em consumir proteína suficiente, treinar com consistência e evitar déficits muito extremos. Isso ajuda a preservar a massa magra enquanto o corpo utiliza a gordura como fonte de energia. Quando a pessoa emagrece sem cuidar da musculatura, a aparência tende a ficar flácida, com perda de tônus — o que ele chama de efeito “uva passa”.
Já quem treina e se alimenta corretamente consegue reduzir gordura com preservação (ou até ganho) de massa muscular, resultando em um corpo mais firme, saudável e esteticamente equilibrado. Por isso, o foco deve ser na composição corporal, e não apenas no peso da balança.
Fontes oficiais consultadas
- Ministério da Saúde – Guia Alimentar para a População Brasileira: www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – Diretrizes sobre controle de peso corporal: www.who.int
- Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Informações sobre metabolismo e perda de gordura: www.endocrino.org.br
- National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases (NIH, EUA) – Recursos sobre metabolismo energético: www.niddk.nih.gov