como ajudar alguém em crise de ansiedade é uma habilidade essencial para oferecer apoio eficaz. A psicóloga Natália Volkmer explica que, mesmo com boas intenções, algumas atitudes podem agravar o desconforto e prolongar a crise. Saber o que evitar é tão importante quanto saber o que fazer. Ela reforça que crises demandam apoio, validação e paciência — sem pressa e sem julgamentos.
No artigo, recomendamos estratégias práticas fundamentadas em psicologia clínica, para agir com cuidado e empatia quando alguém enfrenta uma crise de ansiedade.
O que nunca fazer ao ver alguém em crise de ansiedade?
Quando alguém está em crise, oferecer abraços sem perguntar pode ser percebido como invasão. Muitas pessoas não gostam de toques nesse momento, sentem-se presas ou sufocadas. Outras tentam ajudar, mas acabam questionando o sofrimento: dizer que é bobagem ou que a pessoa está “exagerando” só aumenta a angústia. Natália alerta: essas reações invalidam o sentimento alheio e intensificam o desconforto.
Como se comunicar com alguém em crise?
Apresente-se com calma e ofereça apoio perguntando: “Você quer um abraço?” ou “Prefere ficar sozinha(o)?”. Se a pessoa sentir que você entende e respeita seus limites, a própria autorregulação tende a melhorar. Em vez de sugerir soluções rápidas ou apressar uma recuperação, ofereça presença segura, sem julgamento. Isso cria um espaço de acolhimento eficaz, pois mostra que você está disposto a entender e respeitar o ritmo dela.
Quando se afastar é melhor do que tentar ajudar?
Se você sabe que ao ver alguém em crise também fica ansiosa(o), é importante se afastar para não ativar sua própria ansiedade. Não se sentir responsável pela crise alheia é um sinal de autocuidado em ação, e você pode oferecer ajuda de outra forma: informar alguém mais disponível ou ligar para gente especializada, em vez de se expor emocionalmente naquele momento.
Por que apressar ou pressionar a pessoa pode piorar a situação?
Cada pessoa transita o processo da crise no próprio ritmo. A ansiedade requer tempo para se dissipar. Pressionar alguém a “parar de se preocupar”, “acalmar” ou “voltar ao normal” pode gerar o efeito oposto: mais tensão, culpa e sensação de incompetência emocional. Natália defende que validação emocional — reconhecer que o sofrimento existe — é o que mais ajuda.

O que oferecer para quem está em meio à crise?
Validação emocional, atenção genuína e ausência de julgamento são poderosas formas de ajuda. Dizer frases como “Eu entendo que isso é difícil”, “Você não está sozinho(a)” ou “Está tudo bem sentir isso” tem mais impacto do que tentar resolver imediatamente. Ofereça água, convite gentil para respirar junto e foco no presente: encorajar a respiração consciente, por exemplo, pode reduzir sintomas físicos com mais eficiência do que conselhos simplistas.
Como cuidar da relação depois da crise?
Após o episódio, pergunte como a pessoa está e se ela deseja conversar. Evite comentários como “Vi que você teve uma crise ontem”, que podem reativar o desconforto. Prefira perguntar “Como você se sente hoje?”. Esse cuidado sutil demonstra que você está disponível, sem pressionar ou invadir o processo emocional dela. Isso ajuda a reforçar o vínculo de apoio e segurança para possíveis crises futuras.
Por que aprender a lidar com crises de ansiedade importa?
Porque crises não são sinais de fraqueza, mas de sobrecarga emocional. Saber apoiar alguém de forma sensível faz diferença na qualidade de vida de uma pessoa. Uma atitude acolhedora e sem pressa pode tornar uma crise mais curta e menos traumática. A empatia, o respeito pelos limites e o autocuidado são ferramentas transformadoras tanto para quem ajuda quanto para quem vive a crise.
Fontes oficiais consultadas
- Conselho Federal de Psicologia (CFP): www.cfp.org.br
- Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP): www.sbp.org.br
- Associação Brasileira de Ansiedade e Estresse (ABAE): www.abae.org.br
- American Psychological Association (APA): www.apa.org