Como é viver com ansiedade generalizada, segundo o olhar do Dr. Rafael Fabri, vai muito além de sintomas técnicos. Ele explica que essa condição pode ser vivida como um estado constante de alerta interno, onde a mente conjuga cenários catastróficos mesmo sem um perigo real. Para quem convive com esse transtorno, a vida é uma batalha silenciosa e cotidiana.
Para explicar melhor, ele compartilha imagens que traduzem essa experiência interna: o corpo em hiperatividade, a mente correndo em 4 000 direções, a exaustão diária… Ainda assim, muitos confundem com ansiedade passageira, sem perceber o desgaste emocional real por trás do sussurro constante do medo.
Como é viver com ansiedade generalizada?
É sentir que se está em guerra sem saber contra quem ou o quê. É como ter um leão correndo atrás em todos os ambientes da vida. A ansiedade quase não dá aviso, sussurra no peito com a certeza de que algo ruim está por vir, mesmo sem motivo palpável. O coração dispara, o corpo treme, a mente cria centenas de cenários negativos. É sobreviver o dia mesmo exausta. É viver com medo constante: da morte, do fracasso, da ideia de que a próxima porta traz desgraça. Mesmo em casa, em silêncio, o alerta permanece ligado.
Por que a mente cria tantas histórias ruins?
A ansiedade generalizada envolve preocupação excessiva com situações comuns, mas com intensidade desequilibrada. Cada detalhe parece potencialmente ameaçador. É uma mente que não para — fica presa em anticipações, leituras imaginárias e perguntas sem resposta. Isso consome energia mental e física, gerando fadiga precoce.
Qual é o impacto no corpo e na rotina?
O corpo reage como se estivesse em estresse constante: acelerando o coração, produzindo tremores, impulsionando adrenalina sem exercício físico. O sono é interrompido com frequência e a exaustão chega cedo — mesmo que o dia esteja apenas começando. Carnaval de vontades inconscientes. Isso provoca isolamento, porque conversar e manter relacionamentos exige força emocional que raramente sobra.
Por que muitos repetem “tô bem”, mas se sentem exaustos?
É uma defesa natural: fingir que está tudo bem para evitar exposição emocional. Essa fachada protege a pessoa de ser questionada, mas gera ainda mais solidão. O olhar se transforma num grito em silêncio que pede ajuda, mesmo que a boca não consiga expressar. Essa divisão entre aparência estável e sofrimento interno contribui para mal-estar profundo.

Como a ansiedade generalizada interfere na vida social?
É comum evitar pessoas e lugares por medo de se sentir mal. Isso não significa querer estar sozinho: é uma fuga motivada pela exaustão emocional. A pessoa evita sair para reuniões, convites ou atividades simples, mas sente pesadas lonas de solidão por não conseguir participar da vida social como gostaria.
Por que o transtorno exige atenção e compreensão?
Porque muitas pessoas não reconhecem essa sensação como ansiedade: acham que é “exagero”, “falta de foco” ou até preguiça. Dr. Fabri destaca que entender que esses sintomas representam ansiedade generalizada é um passo para pedir ajuda. Saber que existe nome e tratamento reduz a sensação de culpa e eleva os níveis de resiliência.
O que pode ajudar quem vive com ansiedade generalizada?
Buscar psicoterapia ou avaliação psiquiátrica é o primeiro passo. Estratégias como respiração consciente, agenda mental de preocupação (escrever preocupações em horários determinados) e estruturação de rotinas ajudam a reduzir a intensidade dos cenários imaginados. Em casos mais graves, medicação pode ser necessária — sempre com acompanhamento profissional.
Fontes oficiais consultadas
- Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP): www.sbp.org.br
- Associação Brasileira de Psiquiatria Infantil e Adolescente (ABPIA): www.abpia.org.br
- Ministério da Saúde (Brasil): www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): www.who.int