Você conhece alguém que vive se queixando, nunca reconhece suas falhas e acredita que tudo conspira contra ele? Esse padrão, segundo a psicologia, está associado ao chamado comportamento vitimista — uma postura mental que pode esconder traumas e padrões emocionais profundos.
Esse tipo de atitude nem sempre é proposital. Muitas vezes, é uma forma inconsciente de atrair atenção, receber acolhimento ou evitar responsabilidades pessoais, conforme explicam especialistas em saúde mental.
Como o vitimismo se manifesta no dia a dia?
O comportamento de vitimismo faz com que a pessoa se veja constantemente como injustiçada. Ela sente que está sempre em desvantagem, transfere responsabilidades e resiste a assumir seus próprios erros.
Segundo a psicóloga Kênia Ramos, essas pessoas geralmente se apoiam em terceiros para reforçar suas queixas. A autocomiseração, a estagnação emocional e a busca por validação são traços comuns desse padrão.
Quais fatores psicológicos estão ligados ao comportamento vitimista?
Esse modo de agir pode ter raízes profundas. De acordo com especialistas, diversos fatores clínicos e emocionais estão por trás da tendência a se fazer de vítima de forma recorrente.
- Depressão ou transtornos de personalidade, como o borderline
- Baixa autoestima e experiências de abandono ou rejeição
- Traumas não resolvidos e padrões familiares disfuncionais
- Vivência em ambientes instáveis ou com figuras de autoridade opressivas

O comportamento vitimista é sempre consciente?
Nem sempre. Muitas vezes, esse padrão é adotado de forma inconsciente como uma tentativa de obter atenção emocional ou proteção. A pessoa se acomoda nesse papel porquê, em algum momento, ele ofereceu uma recompensa afetiva.
Por isso, é importante não julgar de forma simplista. O vitimismo pode ser um sintoma de algo mais profundo, como carência afetiva, insegurança crônica ou necessidade de pertencimento.
Qual o papel da terapia no tratamento do vitimismo?
A psicoterapia é uma das formas mais eficazes de lidar com esse padrão comportamental. Ela ajuda a identificar a origem da postura vitimista e a desenvolver estratégias de enfrentamento e autorresponsabilidade.
As abordagens mais indicadas incluem:
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): foca na reestruturação de pensamentos negativos e comportamentos passivos
- Terapia de esquemas: indicada quando o vitimismo está ligado a padrões emocionais formados na infância
- Psicoterapia sistêmica: trabalha dinâmicas familiares que podem reforçar a vitimização
É possível deixar de agir como vítima?
Sim. Reconhecer o padrão já é um passo fundamental. A partir daí, com apoio psicológico, é possível desenvolver uma postura mais ativa, responsável e autônoma diante da vida.
Em vez de buscar culpados externos, o processo terapêutico convida à autorreflexão e ao fortalecimento da autoestima. O resultado? Relações mais saudáveis, mais clareza emocional e maior bem-estar psicológico.