Frutas na introdução alimentar do bebê não são perigosas, e essa é uma orientação clara da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforçada pelo endocrinopediatra Henrique Lopes Pinho. Segundo ele, tem surgido nas redes sociais a ideia de que a fibra presente nas frutas poderia fermentar e inflamar o intestino dos bebês. Essa afirmação não tem respaldo científico e contraria os protocolos de nutrição infantil mais respeitados no país.
Dr. Henrique, conhecido por seu conteúdo crítico e embasado, alerta para o perigo de desinformações promovidas por profissionais sem respaldo técnico adequado, principalmente quando o objetivo é vender cursos ou soluções milagrosas. A introdução alimentar deve ser conduzida com base em ciência, não em achismos.
A partir de que idade as frutas podem ser oferecidas aos bebês?
A recomendação oficial da SBP é clara: frutas podem e devem ser introduzidas a partir dos 6 meses de vida, quando se inicia a alimentação complementar. Elas são fontes naturais de vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, fundamentais para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, ajudam o bebê a conhecer sabores e texturas diferentes dos alimentos naturais.
A exceção é a carambola, que só deve ser evitada em bebês com insuficiência renal diagnosticada, devido ao risco de neurotoxicidade. Fora isso, nenhuma fruta é contraindicada nessa fase inicial, desde que seja oferecida com segurança (amassada ou raspada) e respeitando a capacidade de deglutição da criança.
A fibra das frutas pode inflamar o intestino do bebê?
Não. Essa afirmação não possui nenhuma base científica. A fibra alimentar, inclusive, tem papel importante no funcionamento intestinal, ajudando na formação do bolo fecal e na prevenção de constipação. A ideia de que a fibra das frutas “fermenta e inflama” o intestino imaturo é equivocada e alarmista.
O Ministério da Saúde reforça que frutas devem fazer parte da alimentação complementar por seu alto valor nutricional. A fibra presente nesses alimentos é bem tolerada pelo organismo do bebê quando inserida de forma progressiva e equilibrada, como recomendado por guias alimentares oficiais.
Por que esse tipo de desinformação circula tanto?
Segundo Dr. Henrique, publicações alarmistas ganham destaque nas redes porque causam medo. E o medo, muitas vezes, é usado para induzir à compra de soluções ou cursos que prometem segurança alimentar baseada em supostos “segredos” que a ciência ainda não teria descoberto. Isso é perigoso porque descredibiliza diretrizes confiáveis e pode colocar em risco a saúde de crianças.

É fundamental desconfiar de conteúdos que desautorizam instituições como SBP, OMS ou Ministério da Saúde — especialmente quando tentam vender algo logo em seguida. Informação em saúde deve ser clara, acessível e baseada em evidências, nunca em estratégias de marketing.
Qual o papel do pediatra na introdução alimentar?
O pediatra é o profissional capacitado para orientar a introdução alimentar de forma individualizada, respeitando as necessidades de cada bebê. Cabe a ele acompanhar a transição do leite materno para os alimentos sólidos, considerando fatores como crescimento, desenvolvimento motor oral e histórico de saúde.
A introdução alimentar é um momento de descoberta e construção de hábitos saudáveis, e deve ser guiada com empatia, paciência e informações confiáveis. Frutas fazem parte desse processo desde o início, e seu consumo não deve ser evitado sem uma justificativa médica válida.
Fontes oficiais consultadas
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): www.sbp.com.br
- Ministério da Saúde (Brasil) – Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos: www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS): www.who.int