As Malformações Uterinas congênitas, também conhecidas como anomalias mullerianas, são condições que envolvem uma variedade de anormalidades no desenvolvimento da estrutura uterina. Estas anomalias resultam de processos embriológicos incompletos ou falhos na fusão e recanalização dos ductos de Müller durante a formação do útero, e estão presentes em cerca de 3% a 5% da população geral. Os números são semelhantes na população infértil, mas aumentam significativamente, para até 25%, em mulheres com histórico de abortos ou partos prematuros.
O desenvolvimento do útero e de outras estruturas associadas ocorre durante a 12ª semana de gestação por meio da evolução e fusão dos ductos paramesonéfricos. Quando essa fusão é parcial ou completamente falha, ocorre a formação de diversas Malformações Uterinas. As anomalias incluem condições como agenesia, defeitos de fusão lateral e defeitos de fusão vertical. Cada um desses defeitos apresenta suas próprias características e complicações, que podem variar amplamente entre as mulheres afetadas.
Quais são os tipos de Malformações Uterinas?

As malformações uterinas podem ser:
- Ausência do útero: em casos mais raros, a mulher já nasce sem útero, o que ocorre em uma condição chamada síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser.
- Útero com forma anormal: em outras situações, o útero está presente, mas com uma forma diferente porque não se formou corretamente. Isso pode acontecer de várias maneiras:
- Útero unicorno: o útero tem apenas um lado, como se fosse “metade” de um útero normal.
- Útero bicorno: o útero tem dois “cornos” ou seja, dois espaços internos parecendo um coração.
- Útero septado: há uma espécie de “parede” ou divisória dentro do útero, que o separa em duas partes.
Quais são as consequências de Malformações Uterinas?
A maioria dessas anomalias pode ser assintomática, sendo diagnosticada em exames ginecológicos de rotina ou durante a investigação de infertilidade ou complicações gestacionais. Contudo, alguns casos podem apresentar sintomas como dor pélvica devido a obstruções, além de endometriose associada a esses defeitos. Não interferem diretamente na concepção, mas aumentam os riscos de complicações obstétricas, como abortos recorrentes, partos prematuros, restrições no crescimento fetal e pré-eclâmpsia.
Como são diagnosticadas e tratadas as anomalias uterinas?
O diagnóstico de Malformações Uterinas costuma começar com um exame ginecológico padrão. Procedimentos adicionais como ultrassonografia transvaginal, histerossalpingografia são utilizados para avaliação inicial. Para maior precisão, técnicas como ultrassonografia tridimensional, vídeo -histeroscopia e ressonância magnética oferecem visualizações detalhadas, auxiliando na confirmação do diagnóstico. Tratamentos cirúrgicos, especialmente a ressecção histeroscópica, são indicados principalmente para corrigir anomalias como o útero septado, visando preservar a fertilidade e diminuir as chances de perdas gestacionais recorrentes.
O acompanhamento pré-natal é diferente para quem tem malformações uterinas?
Pacientes com anomalias mullerianas devem receber atenção especial durante o acompanhamento pré-natal, idealmente em unidades de alto risco. Embora a abordagem dessas complicações não difira significativamente daquela para gestantes sem malformações, é crucial monitorar de perto potenciais riscos como abortos de repetição e partos prematuros. Em alguns casos, a cerclagem cervical pode ser considerada para prevenir perdas gestacionais, mas deve ser aplicada com critérios estritos semelhantes aos usados na incompetência cervical clássica.