Descongestionante nasal em crianças pode parecer algo inofensivo, mas segundo o Dr. Carlos Mauricio, otorrinolaringologista em Brasília, existem riscos graves associados a esse tipo de medicamento. Em sua fala, ele alerta pais e responsáveis sobre os perigos dessas substâncias, especialmente em uso frequente ou sem orientação médica.
A popularidade desses medicamentos é alta, mas poucos sabem dos efeitos colaterais que eles podem causar. Saber disso é essencial para evitar complicações que, em casos mais extremos, podem levar a internações em unidades de terapia intensiva.
Quais são os descongestionantes que devem ser evitados?
O Dr. Carlos Mauricio explica que há dois tipos principais de descongestionantes que preocupam: os nasais, como o “Neosoro”, “Afrin” e “Turgyl”, e os orais, como “Descon” e “Decongex”. Embora tenham nomes diferentes, todos compartilham a mesma ação: promovem a vasoconstrição, ou seja, a contração dos vasos sanguíneos dentro do nariz para aliviar a congestão.
O problema é que essas substâncias são análogas da adrenalina, o que significa que além de agirem localmente, também são absorvidas pelo corpo, podendo afetar outros órgãos.
Por que esses medicamentos são tão perigosos para crianças?
A principal preocupação do Dr. Carlos é que os efeitos colaterais desses descongestionantes podem ser desproporcionais nos pequenos. Como o corpo da criança é mais sensível, os riscos de alterações cardiovasculares aumentam.
Entre os efeitos adversos, estão o aumento da pressão arterial, aceleração dos batimentos cardíacos e, em casos mais graves, episódios que exigem internação em UTI. O risco, segundo ele, não compensa o benefício de curto prazo que esses medicamentos proporcionam.
Qual o papel da adrenalina nesses remédios?
Essas substâncias imitam a ação da adrenalina, o que resulta em uma contração dos vasos sanguíneos dentro das vias respiratórias. Isso pode aliviar a obstrução nasal rapidamente, mas também pode desencadear reações em todo o corpo, como agitação, insônia, arritmia e hipertensão.
É justamente essa ação sistêmica que torna o uso perigoso sem supervisão médica, especialmente para grupos mais vulneráveis como crianças, idosos ou pessoas com histórico de problemas cardíacos.
O que usar então para aliviar a congestão nasal com segurança?
Diante dos riscos, a melhor abordagem recomendada por especialistas é apostar em métodos mais seguros. A lavagem nasal com soro fisiológico é uma das alternativas mais eficazes e seguras. Além disso, manter o ambiente umidificado, garantir boa hidratação e evitar exposição a alérgenos pode ajudar a prevenir crises.

Quando o quadro se agrava ou a congestão é persistente, o ideal é consultar um otorrinolaringologista, que pode avaliar a causa do problema e indicar um tratamento apropriado, seguro e individualizado.
O uso de descongestionante pode causar dependência?
Sim, especialmente os nasais. O uso prolongado de descongestionantes pode causar um efeito rebote, em que a congestão volta ainda pior após o término do efeito do remédio. Isso cria um ciclo vicioso de uso contínuo, tornando o paciente dependente do medicamento para respirar melhor.
Essa dependência não é apenas física, mas também psicológica, e pode agravar quadros de rinite e sinusite a longo prazo. Crianças expostas precocemente a esse tipo de medicamento também podem desenvolver maior sensibilidade nas vias respiratórias.
E se a criança estiver muito congestionada?
Casos de congestão intensa devem ser avaliados com critério. Antes de pensar em medicamentos com potencial risco, é possível adotar medidas como vaporizações, elevação da cabeceira da cama e uso de umidificadores. Se necessário, um especialista pode prescrever soluções adequadas que não comprometam a segurança da criança.
A automedicação em situações aparentemente simples pode ter consequências sérias. É sempre recomendável buscar orientação médica, especialmente no caso de crianças.
Onde posso encontrar informações confiáveis sobre medicamentos?
Este conteúdo foi embasado nas diretrizes de órgãos oficiais de saúde e sociedades médicas. Confira algumas das fontes consultadas:
- Ministério da Saúde – www.gov.br/saude
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – www.sbp.com.br
- Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – www.gov.br/anvisa
- Conselho Federal de Medicina (CFM) – www.portal.cfm.org.br