Infarto em jovens já não é mais uma raridade, alerta o Dr. Cotta Jr, médico cardiologista. Segundo ele, a crescente incidência de infartos em adultos com menos de 40 anos está diretamente ligada ao estilo de vida atual, marcado por maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse crônico. A saúde cardiovascular, portanto, deixou de ser um assunto exclusivo da terceira idade e precisa entrar com urgência na rotina dos mais jovens.
De acordo com dados recentes, um em cada cinco infartos hoje atinge pessoas abaixo dos 40 anos. Essa realidade exige atenção redobrada, principalmente porque os sinais são muitas vezes ignorados até que seja tarde demais. O alerta vale para todos, inclusive para quem acha que juventude é sinônimo de imunidade a problemas cardíacos.
Quais são os principais fatores que aumentam o risco em jovens?
O estilo de vida moderno é, sem dúvida, o maior responsável pela escalada de infartos em jovens. O Dr. Cotta Jr explica que a combinação entre má alimentação, sedentarismo, privação de sono e estresse constante cria um ambiente propício para o desenvolvimento de condições como obesidade, hipertensão e diabetes — três gatilhos importantes para a inflamação sistêmica e o comprometimento cardiovascular.
Outro fator de peso é o uso recorrente de substâncias como cigarro, álcool, vapes, maconha e cocaína, que afetam diretamente a saúde vascular. Esses elementos, quando somados à rotina desregrada, aumentam significativamente o risco de um evento cardíaco precoce. E o mais preocupante: muitos desses comportamentos começam ainda na adolescência.
Quais são os sintomas que jovens não devem ignorar?
Mesmo em pessoas com boa aparência física, alguns sinais podem indicar risco iminente de infarto. Dor no peito, falta de ar, palpitações, suor frio, cansaço extremo e crises intensas de ansiedade não devem ser tratados com descaso. O cardiologista destaca que muitos jovens demoram a buscar ajuda médica por acreditarem que são “novos demais” para um problema do coração.
O grande perigo está justamente aí: ignorar os sintomas. Em muitos casos, o infarto em jovens não apresenta os sinais clássicos e pode ser confundido com outros problemas, como crises de pânico ou cansaço. Por isso, qualquer desconforto persistente deve ser investigado com seriedade, mesmo em pessoas sem diagnóstico prévio.
Por que o infarto em jovens está tão associado à obesidade?
A obesidade é um dos principais fatores de risco cardiovascular e está cada vez mais presente entre os jovens. Levantamentos mostram que, em pouco mais de uma década, a taxa de obesidade entre adultos jovens ultrapassou os 40%. Esse crescimento está diretamente relacionado a uma alimentação baseada em ultraprocessados, ao sedentarismo e à rotina estressante.
Além disso, o excesso de peso favorece o aumento da pressão arterial e da resistência à insulina, acelerando o aparecimento de diabetes tipo 2. Esses fatores, combinados, danificam progressivamente os vasos sanguíneos e o músculo cardíaco, criando o ambiente ideal para um infarto precoce. O controle do peso corporal desde cedo é, portanto, uma das formas mais eficazes de prevenção.
Como prevenir um infarto se você ainda é jovem?
A boa notícia é que o infarto em jovens pode ser evitado com medidas simples, porém consistentes. Manter uma rotina de atividade física regular — pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos — é um excelente ponto de partida. Exercícios ajudam não só a controlar o peso, mas também a regular a pressão arterial e reduzir o estresse.
Outro ponto fundamental é a alimentação. Priorizar alimentos naturais, reduzir o consumo de açúcares, gorduras ruins e ultraprocessados e incluir frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras boas na dieta são atitudes que protegem o coração. Além disso, dormir bem, cuidar da saúde mental e buscar equilíbrio emocional completam o tripé da prevenção.
Por que rastrear logo cedo?
O rastreamento precoce é essencial para evitar surpresas. O Dr. Cotta Jr recomenda que exames como colesterol, pressão arterial e glicemia em jejum sejam realizados já na juventude, especialmente quando há histórico familiar de doenças cardiovasculares. Detectar alterações antes dos sintomas permite um tratamento mais eficaz e com menos riscos.
Muitos jovens com colesterol alto ou hipertensão não apresentam sintomas, o que faz com que o problema evolua silenciosamente. Por isso, check-ups regulares são importantes mesmo em quem se considera saudável. Cuidar da saúde do coração deve ser um hábito construído antes que o organismo dê sinais de desgaste.
E se já houver sobrepeso ou diagnóstico prévio?
Mesmo para quem já convive com doenças como hipertensão ou diabetes, ainda é possível agir. Mudanças de estilo de vida, aliadas a um acompanhamento médico adequado, podem reverter ou controlar boa parte dos danos. O cardiologista reforça que o diagnóstico não é uma sentença: com disciplina, o quadro pode ser estabilizado e o risco, reduzido.
A prática de exercícios, o controle do peso e uma alimentação equilibrada continuam sendo as ferramentas mais eficazes. Quando necessário, o uso de medicação também entra em cena, sempre com orientação profissional. A chave está em adotar uma rotina saudável e sustentável, sem esperar que os sintomas apareçam para começar a cuidar do corpo.
Fontes oficiais
Fontes oficiais consultadas:
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – www.who.int
- Ministério da Saúde (Brasil) – www.gov.br/saude
- Sociedade Brasileira de Cardiologia – www.cardiol.br
- American Heart Association – www.heart.org