O médico Dr. Paulo Muzy (CRM-SP 115573) esclarece uma das dúvidas mais comuns sobre medicamentos usados no tratamento da obesidade. Ao contrário do que muitos imaginam, não existem fármacos capazes de “queimar” gordura diretamente. O que existe, segundo ele, são substâncias que reduzem o apetite, fazendo com que a pessoa consuma menos calorias ao longo do dia.
Esses medicamentos, quando bem indicados e acompanhados por um médico, podem auxiliar na perda de peso ao favorecer um déficit calórico. Além disso, algumas dessas drogas, como os agonistas de GLP-1, oferecem benefícios adicionais para a saúde metabólica, incluindo melhora na função glicêmica.
Como esses medicamentos funcionam no organismo?
Os fármacos como o semaglutida (Ozempic®) ou o tirzepatida (Mounjaro®) agem imitando hormônios que regulam a fome e a saciedade, conhecidos como incretinas. O GLP-1, por exemplo, retarda o esvaziamento gástrico e sinaliza ao cérebro que o corpo está satisfeito, reduzindo o desejo de comer.
No caso do Mounjaro®, há também ação sobre outro hormônio, o GIP, ampliando o efeito sobre a regulação do apetite e da glicemia. Essa combinação pode proporcionar um controle ainda mais eficaz da ingestão alimentar e dos níveis de açúcar no sangue, o que contribui para melhores parâmetros de saúde.
Eles funcionam para qualquer pessoa que queira emagrecer?
Não. Esses medicamentos não são indicados para uso indiscriminado. A prescrição deve levar em conta o histórico clínico, a presença de obesidade ou sobrepeso associado a doenças como diabetes tipo 2, além de possíveis contraindicações. O uso sem acompanhamento médico pode trazer riscos, como náuseas, vômitos, diarreia e alterações gastrointestinais, entre outros efeitos colaterais.

Além disso, o efeito de perda de peso só se mantém se houver mudanças sustentáveis no estilo de vida, como alimentação equilibrada e prática regular de atividade física. Ao interromper o uso sem ajuste da dieta e do comportamento alimentar, é comum que o peso volte a aumentar.
Qual a importância do acompanhamento médico?
O uso de medicamentos que agem no apetite deve ser monitorado por um profissional de saúde, que ajustará a dose, acompanhará os efeitos adversos e garantirá que a estratégia seja segura e eficaz. A automedicação, além de perigosa, pode gerar expectativas irreais sobre os resultados, já que esses fármacos não substituem hábitos saudáveis.
O tratamento da obesidade é complexo e envolve fatores biológicos, comportamentais e ambientais. Por isso, o medicamento é apenas uma parte da abordagem, que deve incluir mudanças de rotina e acompanhamento multidisciplinar.
Fontes oficiais consultadas:
- Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int
- U.S. Food and Drug Administration (FDA) – https://www.fda.gov