No primeiro semestre de 2025, os brasileiros demonstraram um grande interesse nos valores esquecidos nas instituições financeiras. Estes recursos são administrados pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), sob a supervisão do Banco Central (BC) do Brasil. Até o fim de junho, aproximadamente R$ 11 bilhões já foram devolvidos aos correntistas, enquanto R$ 10,6 bilhões aguardam resgate. O SVR permite que cidadãos e empresas consultem, de forma gratuita, se possuem recursos esquecidos em bancos, consórcios ou outras instituições financeiras.
Para realizar a consulta, não é necessário cadastro prévio, bastando informar o CPF e data de nascimento ou, no caso de empresas, o CNPJ e a data de abertura. Se confirmado o direito ao resgate, os beneficiários precisam de uma conta Gov.Br, nos níveis prata ou ouro, com a verificação em duas etapas ativada, para processar a retirada dos valores. O dinheiro pode ser resgatado contatando diretamente a instituição detentora dos fundos ou através do próprio sistema SVR. Essa facilidade tem sido fundamental para ampliar o acesso e agilizar o recebimento dos créditos.
Como funciona o sistema de valores a receber?

Desde maio de 2025, o SVR introduziu a solicitação automática de resgate. Esse recurso permite que, caso haja valores disponíveis, o crédito seja feito diretamente na conta do titular, eliminando a necessidade de consultas frequentes ao sistema. Contudo, esta funcionalidade está disponível apenas para pessoas físicas que possuem uma chave Pix vinculada ao CPF.
A adesão a este serviço é opcional, mas pode facilitar muito o processo de recuperação dos recursos esquecidos. O SVR foi aprimorado para reforçar a segurança digital e a transparência dos procedimentos, evitando atrasos frequentes nos pagamentos e reduzindo a burocracia para milhares de beneficiários.
Quais tipos de recursos podem ser resgatados?
O SVR abrange uma variedade de valores que podem ser recuperados, tais como valores de contas-correntes ou poupanças encerradas, cotas de capital e sobras líquidas de cooperativas de crédito, recursos de consórcios finalizados e não reivindicados, taxas cobradas indevidamente por instituições financeiras e pagamentos de contas pré ou pós-pagas encerradas.
Além desses, também estão disponíveis para consulta e resgate valores relativos a operações de crédito encerradas com saldo residual e obrigações por devoluções de cheques não sacados. O SVR é constantemente atualizado para contemplar novas modalidades de valores, conforme a legislação bancária vigente, garantindo que o sistema permaneça abrangente.
Quem são os beneficiários?
Até junho de 2025, o número de beneficiários que já resgataram seus valores chegou a 31.813.580 correntistas, dos quais 28.885.864 são pessoas físicas e 2.927.716 são empresas. Contrariamente, ainda há 52.623.092 beneficiários que não retiraram seus fundos, com a maioria tendo direito a pequenas quantias.
O BC estima que 64,59% dos beneficiários possuam valores a receber de até R$ 10. Valores entre R$ 10,01 e R$ 100 representam 23,97% dos casos, enquanto apenas 1,76% têm mais de R$ 1.000 a receber. O Banco Central vem promovendo campanhas de conscientização para incentivar o resgate, principalmente por parte daqueles que desconhecem o direito a esses valores.
Como evitar golpes relacionados ao SVR?
O Banco Central adverte sobre a existência de golpes envolvendo o SVR. Estelionatários têm se aproveitado da falta de informação dos correntistas, oferecendo serviços falsos de intermediação para resgate de valores. O BC enfatiza que todos os serviços do SVR são gratuitos e nunca solicitam dados pessoais ou senhas através de links ou contatos diretos.
Somente a instituição financeira listada no SVR tem permissão para contatar os beneficiários sobre valores a receber. Recomenda-se que cidadãos e empresas sempre verifiquem a autenticidade dos contatos e nunca forneçam informações sensíveis fora do site oficial do Banco Central. Medidas simples, como desconfiar de mensagens ou ligações não solicitadas, podem prevenir prejuízos.
Desafios e avanços do SVR
Desde sua implementação, o SVR enfrentou desafios relacionados à educação financeira e à divulgação nos meios digitais. Muitos cidadãos ainda desconhecem o funcionamento do sistema e acabam perdendo a chance de recuperar valores. Além disso, pessoas idosas ou com acesso limitado à internet podem encontrar dificuldade no trâmite online.
Apesar desses obstáculos, o Banco Central investe constantemente em campanhas informacionais e melhorias de usabilidade do portal. O aprimoramento do sistema mobile, inclusive, tem permitido que mais brasileiros consigam realizar consultas e solicitações direto do celular, o que favorece a inclusão digital.
Perspectivas futuras para o resgate de valores
O SVR pode evoluir ainda mais com novas integrações tecnológicas. Especula-se que, nos próximos anos, haverá uma ampliação das funcionalidades de automatização, permitindo resgates mais ágeis e rastreáveis por meio de plataformas bancárias parceiras. O desenvolvimento de inteligência artificial no sistema pode contribuir para a proatividade no aviso dos beneficiários.
Com essas inovações, espera-se que o número de valores esquecidos diminua gradativamente, promovendo uma circulação mais eficiente de recursos na economia nacional. O Banco Central reforça seu compromisso em facilitar o resgate de valores e garantir que todo brasileiro ou empresa possa usufruir de créditos que porventura desconheçam.