A dúvida sobre misturar remédios psiquiátricos e álcool é mais comum do que parece. A Dra. Ana Cláudia, médica psiquiatra em Curitiba, explica que a resposta não é tão simples, pois depende de fatores como o tipo de medicação, a condição de saúde e a relação do paciente com bebidas alcoólicas.
Ela alerta que alguns medicamentos, como benzodiazepínicos, jamais devem ser combinados com álcool devido aos riscos graves à saúde. Já outros, como antidepressivos e estabilizadores de humor, exigem avaliação médica individual para determinar se o consumo é seguro — e, muitas vezes, o próprio álcool pode piorar sintomas mentais.
Quais remédios nunca podem ser misturados com álcool?
Medicamentos como clonazepam (Rivotril), alprazolam (Frontal), diazepam e outros benzodiazepínicos não devem ser combinados com bebidas alcoólicas em hipótese alguma. Essa mistura potencializa a ação sedativa e pode levar a apagões, perda de consciência e até parada respiratória.
Segundo a especialista, essa combinação é considerada de alto risco porque tanto o álcool quanto esses medicamentos deprimem o sistema nervoso central. O efeito somado pode reduzir perigosamente a capacidade respiratória.
E os antidepressivos e estabilizadores de humor?
Alguns pacientes em uso de antidepressivos ou estabilizadores de humor toleram pequenas doses de álcool, mas isso não é uma regra geral. Cada caso precisa ser avaliado por um médico, considerando histórico clínico, quadro atual e possíveis interações.
Além disso, mesmo em pequenas quantidades, o álcool pode intensificar sintomas depressivos, aumentar a ansiedade e provocar oscilações de humor. Isso pode comprometer semanas de tratamento e levar à piora do quadro.
Quais são os riscos do álcool para a saúde mental?
O álcool por si só já é um depressor do sistema nervoso central, podendo alterar o equilíbrio químico cerebral. Em pessoas com transtornos mentais, ele pode dificultar a recuperação e aumentar a intensidade de crises.

Outro ponto importante é que o álcool interfere no sono e no metabolismo de medicamentos, prejudicando a resposta ao tratamento. Isso significa que mesmo sem interação direta grave, ele ainda pode impactar negativamente o processo terapêutico.
Por que só o médico que acompanha pode dar essa resposta?
Cada paciente recebe uma prescrição com base em fatores como tipo de transtorno, histórico médico, medicamentos em uso e hábitos pessoais. Por isso, não existe orientação única para todos.
A Dra. Ana Cláudia reforça que nem o Google, nem conhecidos e nem mesmo conteúdos informativos substituem a avaliação de um profissional que acompanha o caso de perto.
Vale a pena arriscar?
Se você está em tratamento psiquiátrico, a decisão de beber ou não deve ser tomada com cautela e respaldo médico. O risco de agravar sintomas ou sofrer efeitos colaterais graves é real, e cada organismo reage de forma diferente.
Abrir mão de beber durante o tratamento pode ser um passo importante para proteger sua saúde mental e garantir a eficácia do tratamento.
Fontes oficiais
- Organização Mundial da Saúde (OMS) — https://www.who.int
- Ministério da Saúde (Brasil) — https://www.gov.br/saude
- National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (NIH) — https://www.niaaa.nih.gov