O diabetes é uma condição de saúde que, apesar de muitas vezes silenciosa, pode ter consequências graves se não for detectada e tratada precocemente. No Brasil, a doença afeta mais de 16 milhões de pessoas, colocando o país em uma posição alarmante no cenário global. O estado do Pará, por exemplo, registra cerca de 440 mil casos, segundo dados do Ministério da Saúde. No entanto, a detecção tardia é um problema significativo, com aproximadamente 70% dos casos sendo identificados apenas quando complicações já se manifestaram.
O Dia Nacional do Diabetes, celebrado em 26 de outubro, busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A história de José Maria Melo, um aposentado de 58 anos de Belém, ilustra bem os desafios enfrentados por quem descobre a doença tardiamente. Após um pequeno ferimento no dedo, uma infecção se espalhou rapidamente, resultando na perda de um dedo e, posteriormente, em outras amputações. Esse episódio levou José a adotar mudanças significativas em seu estilo de vida, como a adoção de uma dieta mais saudável e a prática regular de exercícios físicos.
Quais são os sintomas do diabetes?
Os sintomas do diabetes podem variar, mas alguns sinais comuns incluem sede excessiva, aumento da frequência urinária e feridas que demoram a cicatrizar. Infecções recorrentes e manchas escuras na pele, especialmente na região do pescoço, também podem indicar resistência à insulina. A endocrinologista Rafaela Miranda, do Hospital Universitário João de Barros Barreto, destaca a importância de procurar um médico ao perceber esses sintomas, pois o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações graves.
Por que o diabetes tipo 2 está aumentando?
O diabetes tipo 2, que representa 90% dos casos no Brasil, é frequentemente associado a fatores como sedentarismo, obesidade e alimentação inadequada. Essa forma da doença ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou não a produz em quantidade suficiente, resultando em níveis elevados de glicose no sangue. Nos últimos 25 anos, o número de casos de diabetes no Brasil aumentou 403%, refletindo mudanças no estilo de vida da população, como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e a falta de atividade física.

Como prevenir o diabetes tipo 2?
A boa notícia é que o diabetes tipo 2 pode ser prevenido e controlado com mudanças no estilo de vida. A prática regular de atividade física é uma das medidas mais eficazes. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de exercícios leves ou moderados por semana, como caminhadas ou natação, para ajudar a controlar os níveis de glicose. Além disso, uma dieta rica em frutas, verduras e legumes é essencial. Organização Mundial da Saúde sugere o consumo de pelo menos cinco porções diárias desses alimentos, o que equivale a cerca de 400 gramas por dia.
Manter um peso saudável também é crucial na prevenção do diabetes tipo 2. Para aqueles com sobrepeso ou obesidade, a redução de 10% do peso corporal pode trazer benefícios significativos. Essa perda de peso pode ser alcançada gradualmente, ao longo de seis meses, por exemplo. Em caso de suspeita de diabetes, é importante procurar uma Unidade Básica de Saúde para avaliação e, se necessário, encaminhamento para tratamento especializado.
Quais são as complicações do diabetes não tratado?
O diabetes não tratado pode trazer consequências graves para a saúde. Entre as principais complicações estão a neuropatia diabética, que pode provocar perda de sensibilidade nos membros, e a retinopatia diabética, que pode causar cegueira. Problemas renais, cardiovasculares e amputações também estão entre os riscos mais temidos. Por isso, o acompanhamento médico regular e o controle adequado dos níveis de glicose são fundamentais.
Como é feito o diagnóstico do diabetes?
O diagnóstico do diabetes é realizado por meio de exames de sangue, que medem os níveis de glicose em jejum ou após a ingestão de um líquido açucarado. Em casos de suspeita, também pode ser solicitado o teste de hemoglobina glicada, que avalia a média da glicemia nos últimos três meses. Estes exames estão disponíveis em todas as unidades do SUS, tornando possível o acesso à população em geral ao diagnóstico precoce e ao tratamento necessário.