Quando o assunto é labirintite, muitas pessoas usam o termo de forma equivocada. O médico Dr. Paulo Abner, especialista em enxaqueca e saúde neurológica, com mais de 460 mil seguidores no Instagram, explica que a verdadeira labirintite é um quadro raro, e que na maioria das vezes o que os pacientes chamam de “labirintite” é, na verdade, um tipo de tontura que precisa ser corretamente diagnosticada.
A compreensão desse tema é essencial, já que milhões de pessoas convivem com tontura diariamente e muitas vezes acabam tomando medicamentos de forma incorreta, sem resolver o problema. Neste artigo, vamos entender o que realmente significa labirintite, quais são os tipos mais comuns de tontura e como buscar o tratamento adequado.
O que realmente é labirintite?
Segundo o Dr. Paulo Abner, a labirintite verdadeira é uma infecção no labirinto, estrutura do ouvido interno responsável pelo equilíbrio. Esse quadro é extremamente raro, mas ganhou popularidade no vocabulário popular, fazendo com que qualquer tontura recebesse esse nome de forma incorreta.
Na prática clínica, quando alguém relata “labirintite”, quase sempre está descrevendo crises de vertigem ou tontura de diferentes origens. O uso inadequado do termo pode levar a diagnósticos errados e atrasar o tratamento correto, prejudicando a qualidade de vida do paciente. Por isso, entender as diferenças é fundamental.
Por que a tontura é tão comum?
A tontura é um sintoma que pode ter diversas causas, desde alterações no labirinto até problemas neurológicos, metabólicos ou até cardiovasculares. O especialista explica que uma das formas mais frequentes é a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), que ocorre quando pequenos cristais, chamados otólitos, se deslocam dentro do labirinto.
Esse deslocamento provoca uma falsa sensação de movimento, como se o mundo girasse, geralmente acompanhada de náusea e vontade de vomitar. A tontura aparece em movimentos simples, como deitar, levantar rapidamente ou virar a cabeça, afetando significativamente a rotina de quem sofre com o problema.
O que é a VPPB e como ela se manifesta?
A VPPB é a causa mais comum de tontura e ocorre quando os cristais responsáveis pelo equilíbrio saem da posição correta. Nessas crises, a pessoa pode sentir o ambiente girando de forma intensa e súbita, o que pode gerar medo e até insegurança em realizar tarefas simples do dia a dia.
De acordo com o Dr. Paulo Abner, o uso de remédios nesses casos não resolve o problema, pois o tratamento adequado é feito através de manobras específicas de reposicionamento dos cristais. Essas manobras devem ser realizadas por médicos ou fisioterapeutas especializados, e costumam trazer melhora significativa já nas primeiras sessões.
A importância das manobras no tratamento
Entre as técnicas mais utilizadas está a manobra de Epley, considerada simples e eficaz para reposicionar os cristais desalinhados no labirinto. O procedimento envolve movimentos controlados da cabeça em diferentes posições, permitindo que os otólitos retornem ao local correto.
Segundo o especialista, não adianta insistir apenas no uso de medicamentos, já que eles podem aliviar os sintomas temporariamente, mas não resolvem a causa do problema. Por isso, o diagnóstico correto é indispensável para definir se a tontura é de origem labiríntica e qual manobra deve ser aplicada em cada caso.
Doença de Ménière: outra causa importante de tontura
Além da VPPB, outra condição que pode ser confundida com labirintite é a Doença de Ménière. Esse distúrbio afeta o ouvido interno e está associado ao acúmulo de líquido (hidropisia endolinfática), provocando crises de tontura intensas, zumbido, perda auditiva progressiva e sensação de pressão no ouvido.
O diagnóstico dessa doença exige avaliação médica detalhada e, muitas vezes, exames complementares. O tratamento pode envolver mudanças na dieta, controle do consumo de sal, uso de medicações específicas e, em casos mais graves, intervenções mais complexas.
Por que o diagnóstico correto é essencial?
O Dr. Paulo Abner reforça que chamar toda tontura de “labirintite” é um erro que pode custar caro à saúde. Isso porque a tontura pode ser causada por diversos fatores, e cada um exige uma abordagem diferente. Enquanto a VPPB precisa de manobras, a Doença de Ménière pode exigir dieta e acompanhamento contínuo, e outras tonturas podem estar relacionadas a problemas neurológicos, cardiovasculares ou metabólicos.

Por isso, buscar um especialista é fundamental. Apenas com avaliação adequada é possível identificar a causa real do sintoma e definir o melhor tratamento para cada paciente.
Como diferenciar tontura comum de um problema mais grave?
Nem toda tontura representa uma doença séria, mas alguns sinais exigem atenção imediata. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde do Brasil, é importante procurar um médico quando a tontura vem acompanhada de sintomas como:
- Perda súbita de audição
- Zumbido constante
- Alterações na visão
- Dificuldade para falar ou movimentar-se
- Desmaios frequentes
Esses sinais podem indicar problemas neurológicos ou cardiovasculares que necessitam de atendimento urgente.
O que fazer ao sentir tontura frequente?
Se você sofre com crises recorrentes de tontura, o primeiro passo é não se automedicar. O uso de remédios sem orientação pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico correto. O ideal é agendar uma consulta com um otorrinolaringologista ou neurologista, que poderá identificar a origem da tontura e indicar o tratamento adequado.
Além disso, adotar hábitos saudáveis, como manter boa hidratação, evitar excesso de cafeína, controlar o estresse e ter uma alimentação equilibrada, pode ajudar a reduzir a frequência das crises em alguns casos.
É possível prevenir as crises de tontura?
Embora nem sempre seja possível prevenir completamente, alguns cuidados podem reduzir o risco e a intensidade das crises. Manter consultas regulares com um médico, tratar doenças de base como hipertensão e diabetes, e realizar exercícios de reabilitação vestibular quando indicados são medidas eficazes.
O acompanhamento médico é essencial para evitar que a tontura afete a qualidade de vida e se transforme em um problema recorrente.
Você também usa “labirintite” para falar de tontura?
O termo labirintite é usado de forma incorreta no dia a dia, mas como vimos com as explicações do Dr. Paulo Abner, a verdadeira condição é rara e exige cuidados específicos. A tontura, por sua vez, é um sintoma comum que pode ter diferentes causas e precisa de diagnóstico correto para tratamento eficaz.
Portanto, se você sente tonturas frequentes, não ignore os sinais. Procure ajuda médica, investigue a causa real e siga as orientações do especialista para recuperar sua qualidade de vida.
Fontes oficiais
- Organização Mundial da Saúde (OMS) — https://www.who.int
- Ministério da Saúde — https://www.gov.br/saude
- Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia — https://www.sborl.org.br