Quando se fala em saúde mental, ainda existem muitos mitos que atrapalham a compreensão da população sobre os cuidados psiquiátricos. A Dra. Ana Cláudia, médica psiquiatra em Curitiba, atende pacientes de todo o Brasil de forma online e destaca pontos essenciais que todos deveriam saber.
Segundo a especialista, a depressão não é preguiça nem falta de força de vontade. Além disso, nem sempre o tratamento depende de antidepressivos, e a psicoterapia vai muito além de uma simples conversa. Entender essas diferenças pode salvar vidas e reduzir preconceitos.
Depressão é falta de vontade?
Um dos maiores equívocos quando o assunto é saúde mental é acreditar que a depressão está ligada à preguiça ou à falta de determinação. Na realidade, a depressão é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com impactos físicos, químicos e emocionais no cérebro.
Minimizar o problema como se fosse apenas uma questão de “força de vontade” aumenta o sofrimento do paciente, que já enfrenta dificuldades para realizar atividades simples do dia a dia. O acolhimento e a busca por tratamento especializado são fundamentais para a recuperação.
Os remédios psiquiátricos viciam?
Outro mito comum é acreditar que todo medicamento psiquiátrico causa dependência. De acordo com a Dra. Ana Cláudia, a maioria dos remédios usados no tratamento de transtornos mentais não vicia. O que existe, em alguns casos, é a necessidade de ajuste gradual das doses para evitar efeitos colaterais.
Esse medo infundado muitas vezes afasta pacientes do tratamento adequado, atrasando a melhora e dificultando o controle da doença. Por isso, apenas o médico pode indicar e acompanhar a prescrição, sempre de forma personalizada.
Nem toda desatenção é TDAH?
Com a popularização do diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), muitas pessoas acreditam que qualquer dificuldade de concentração já seja sinal da condição. No entanto, fatores como ansiedade, estresse ou até problemas de sono podem gerar sintomas semelhantes.
A avaliação médica é indispensável para diferenciar cada situação e indicar o tratamento correto. Autodiagnósticos, além de equivocados, podem trazer mais prejuízos do que soluções.
Depressão sempre exige antidepressivos?
A psiquiatra destaca que nem todos os quadros de depressão precisam ser tratados com antidepressivos. Em alguns casos, a psicoterapia pode ser suficiente, especialmente quando a doença é diagnosticada em estágios iniciais.
Por outro lado, quando os sintomas estão mais intensos, a combinação de medicamentos e psicoterapia costuma trazer os melhores resultados. O acompanhamento profissional é essencial para definir a melhor abordagem.
Psicoterapia é só desabafo?
Muita gente confunde psicoterapia com conversa ou conselho. Na verdade, a psicoterapia é um método estruturado, baseado em técnicas científicas, que ajuda o paciente a desenvolver ferramentas para lidar com seus desafios emocionais.
Não se trata de uma conversa informal, mas de um processo terapêutico que contribui para mudanças profundas no comportamento, na forma de pensar e na maneira de enfrentar situações da vida.
Depressão se trata na igreja?
A espiritualidade pode ser uma aliada no tratamento de transtornos mentais, mas não substitui a psiquiatria. A Dra. Ana Cláudia explica que o emocional é diferente do espiritual e que a depressão não pode ser vista como falta de fé.

O ideal é integrar o cuidado espiritual com o acompanhamento médico, sempre respeitando as crenças pessoais, mas sem abrir mão do tratamento adequado.
Nem tudo na psiquiatria depende de remédio?
Outro ponto importante é compreender que a psiquiatria não se resume à prescrição de medicamentos. O acompanhamento envolve orientações sobre estilo de vida, psicoterapia, apoio social e, quando necessário, o uso de remédios.
Reduzir a psiquiatria apenas à medicação é uma visão limitada, que não contempla a amplitude do cuidado com a saúde mental.
O que todos deveriam saber sobre psiquiatria?
A mensagem da Dra. Ana Cláudia é clara: saúde mental deve ser tratada com seriedade, respeito e acompanhamento especializado. Derrubar os mitos que cercam a psiquiatria é um passo fundamental para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com transtornos mentais.
Cuidar da mente não é sinal de fraqueza, mas sim de coragem e responsabilidade com a própria saúde.
Fontes oficiais
- Organização Mundial da Saúde (OMS) — https://www.who.int
- Ministério da Saúde (Brasil) — https://www.gov.br/saude
- Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) — https://www.abp.org.br