As birras estão entre os maiores desafios da infância e podem gerar grande estresse para pais e cuidadores. Apesar de incômodas, elas são parte normal do desenvolvimento infantil, especialmente entre 1 e 4 anos, período em que o cérebro da criança ainda está amadurecendo para lidar com frustrações e emoções intensas.
A Dra. Tamires Mariano, neurologista infantil, explica que a região responsável pelo autocontrole — o córtex pré-frontal — é imatura nessa fase. Isso significa que a criança não consegue regular sozinha suas emoções e, por isso, acaba se expressando através de choros, gritos e resistência. No entanto, alguns comportamentos dos pais podem, sem querer, agravar as birras e torná-las mais frequentes.
Os 3 principais erros dos pais diante das birras
1. Ceder sempre para acabar com a crise
Muitos pais, diante do cansaço ou da pressa, acabam cedendo apenas para interromper a birra. No entanto, essa atitude ensina à criança que chorar, gritar ou espernear é uma ferramenta eficaz para conseguir o que deseja. O resultado é um ciclo vicioso: quanto mais o adulto cede, mais a criança repete o comportamento.
2. Usar telas como recompensa
Dar celular, tablet ou televisão para encerrar uma birra pode até funcionar no momento, mas cria um grande problema a longo prazo. O cérebro associa o comportamento explosivo a uma recompensa imediata, estimulando a liberação de dopamina. Assim, a criança tende a provocar novas crises apenas para ter acesso às telas.
3. Gritar ou perder o controle junto com a criança
Quando os pais gritam, brigam ou perdem a paciência, a tensão emocional aumenta. Isso faz com que a criança tenha ainda mais dificuldade de se acalmar, além de gerar insegurança e medo. A falta de controle dos adultos serve como modelo negativo, reforçando que explosões emocionais são aceitáveis para lidar com frustrações.
Como lidar com as birras de forma saudável
As birras, apesar de desafiadoras, podem ser uma oportunidade de aprendizado tanto para a criança quanto para os pais. A chave está em combinar firmeza, afeto e consistência. Estabelecer limites claros, manter a calma e acolher os sentimentos da criança ajudam a reduzir a frequência e a intensidade das crises.

Com o tempo, à medida que o cérebro amadurece e a criança desenvolve novas formas de comunicação, as birras tendem a diminuir. Mais do que evitar o comportamento, o papel dos pais é ensinar habilidades emocionais que farão diferença ao longo de toda a vida.
Conclusão
As birras não são sinal de desobediência ou de que a criança “é difícil”, mas sim parte natural do crescimento. Entender como reagir diante delas faz toda a diferença no fortalecimento da relação entre pais e filhos. Com paciência e estratégias adequadas, é possível transformar momentos de crise em oportunidades de aprendizado.
Fontes oficiais
- Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) – https://www.sbp.com.br
- American Academy of Pediatrics (AAP) – https://www.aap.org
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – https://www.who.int