Muitas vezes acreditamos que oferecer ajuda financeira ou emocional a alguém em dificuldades é a melhor forma de demonstrar amor e solidariedade. No entanto, segundo o especialista Elton Euler, existe um risco oculto: em certos casos, socorrer demais pode gerar dependência emocional e financeira, impedindo o outro de se responsabilizar pela própria vida.
Essa reflexão é fundamental, porque, sem perceber, podemos nos transformar na causa da estagnação de quem dizemos ajudar.
Ajudar sempre é positivo?
Nem sempre. Situações de crise — como endividamento, vícios, relacionamentos abusivos ou perdas — podem se transformar em armadilhas emocionais. Quando alguém percebe que sempre será socorrido, pode inconscientemente se acomodar e repetir padrões destrutivos.
Essa dependência mina a autonomia, gera ressentimentos e perpetua ciclos de fracasso.
O que significa sentir “dó” de alguém?
Segundo Elton Euler, o “dó” não é apenas compaixão, mas também uma forma de desacreditar no potencial do outro. Quando oferecemos dinheiro ou soluções fáceis, sem estimular o esforço pessoal, estamos dizendo — ainda que de forma implícita — que não acreditamos na capacidade daquela pessoa se levantar sozinha.
Isso é perigoso porque, em vez de fortalecer, enfraquece.
Quando a ajuda vira prisão emocional?
A linha entre apoiar e aprisionar é tênue. Ajudar vira um problema quando:

- Você sente obrigação constante de resolver os problemas do outro.
- A pessoa deixa de buscar alternativas por conta própria.
- O apoio financeiro ou emocional é usado como muleta, sem mudança real de comportamento.
- Sua vida começa a ser prejudicada pelo excesso de envolvimento.
Nesses casos, o ato de “salvar” pode ser a própria raiz da desgraça do outro, como alerta o especialista.
Como ajudar de forma saudável?
A ajuda verdadeira não deve gerar dependência. Algumas estratégias incluem:
- Oferecer orientação e apoio emocional, em vez de apenas recursos financeiros.
- Incentivar a pessoa a buscar soluções próprias e assumir responsabilidades.
- Estabelecer limites claros para evitar desgaste emocional e financeiro.
- Apoiar o desenvolvimento de projetos, planos e objetivos concretos.
Assim, a compaixão deixa de ser “dó” e se transforma em estímulo para crescimento.
Fontes oficiais
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – Saúde mental e suporte social: https://www.who.int
- National Institute of Mental Health (NIMH) – Coping with Stress and Difficult Times: https://www.nimh.nih.gov
- American Psychological Association (APA) – The pitfalls of enabling behavior: https://www.apa.org