Dar um celular para uma criança parece, muitas vezes, um gesto de cuidado ou até mesmo uma forma de integrá-la ao mundo moderno. No entanto, o impacto de oferecer essa ferramenta antes da hora pode ser muito mais prejudicial do que benéfico.
Especialistas em neurologia infantil alertam que o cérebro da criança ainda está em formação e, por isso, precisa de etapas preparatórias antes de entrar no ambiente digital. Não se trata apenas de definir idade, mas sim de preparar a criança emocional e socialmente para esse desafio.
Autorregulação emocional
Antes de ganhar um celular, a criança precisa aprender a lidar com frustrações. Se ela já se descontrola ao perder em um jogo de tabuleiro, a exposição a jogos online — repletos de estímulos, recompensas e perdas — pode se tornar um gatilho para ansiedade e crises emocionais. O autocontrole é a base para que o uso da tecnologia não se transforme em problema.
Habilidades sociais presenciais
Outro ponto crucial é a interação no mundo real. Uma criança que ainda não consegue esperar sua vez em uma fila ou brincar em grupo tende a usar o celular como refúgio, o que pode aumentar o isolamento. Desenvolver conversas presenciais e a capacidade de conviver socialmente é fundamental antes da introdução de telas pessoais.
Rotina estável
Sono, alimentação, estudos e lazer devem estar organizados antes da chegada do celular. Caso contrário, o dispositivo tende a “engolir” todo o tempo da criança, prejudicando hábitos essenciais para seu desenvolvimento saudável. O celular deve se encaixar em uma rotina já estruturada, e não ser o elemento que desorganiza tudo.
Qual é a idade certa para dar um celular?
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, o ideal é que o celular próprio só seja oferecido a partir dos 12 anos de idade. Mesmo assim, o uso deve ser acompanhado de limites claros de tempo, regras sobre conteúdo e supervisão ativa dos pais.

Vale lembrar que os mesmos cuidados se aplicam quando a criança pega o celular dos pais emprestado. Os impactos no cérebro e no comportamento já podem ocorrer desde os primeiros contatos com a tela.
FAQ sobre crianças e celular
1. Posso emprestar meu celular para meu filho antes dos 12 anos?
Pode, mas com moderação. O uso precoce e sem supervisão pode trazer riscos ao desenvolvimento cognitivo e emocional.
2. Quais os principais riscos do uso precoce do celular?
Dificuldades de atenção, alterações no sono, aumento da ansiedade e até atrasos em habilidades sociais presenciais.
3. Como os pais podem supervisionar o uso do celular?
Defina horários, monitore os conteúdos acessados e esteja presente nas experiências digitais da criança, transformando o uso em um momento de aprendizado e não apenas de distração.
4. Existe diferença entre tempo de tela de TV/tablet e celular próprio?
Sim. A posse de um celular próprio aumenta a autonomia da criança no consumo de conteúdo, reduzindo o controle dos pais e ampliando os riscos.